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domingo, 26 de setembro de 2010

Medicina tradicional: Ayurveda ganha engenheira de alimentos


Seria o melhor de dois mundos, ter a praticidade da alimentação moderna com a segurança da alimentação tradicional. Nossa amiga Sílvia Salas, ex-trabalhadora da indústria alimentícia careta, pode ajudar isso a acontecer. Mesmo que não seja tão prático, afinal. Mas com resultados muito melhores.

Silvia, em que momento você viu que não queria continuar na profissão?

Foi um caminho longo, onde a cada passo ia acordando um pouquinho, mas também dormia de vez em quando... um caminho com curvas, voltas, e muitos obstáculos. Trabalhei na Indústria por 10 anos. Há uns 4 anos, quando comecei a praticar yoga e cuidar um pouco mais da saúde, comecei a pensar em que era o que estava fazendo com os alimentos. O alimento é mais do que a gente vê ou pensa. Vai ser parte da gente e por isso mesmo deve ser tratado com respeito, carinho e amor. Então tem que ser uma coisa boa mesmo. Não posso colocar 10 aditivos químicos e embalar numa caixa plástica para que dure 1 ano, parecendo uma coisa gostosa e fresca, quando realmente não é. Acho que foi uma questão de ética comigo mesma, uma luta constante nestes 4 anos por fazer as coisas certas; mas numa indústria (falo da maioria, porque há exceções), onde o foco principal é vender e gerar lucros, é um pouco difícil. Assim, tomei coragem e saí. Agora faço algumas consultorias, mais rem relação a produtos orgânicos, sem glúten ou voltados para a saúde. Definitivamente cansei de trabalhar com o artificial, a ilusão; agora, quero trabalhar com verdade e realidade.

E o Ayurveda, como entrou na sua vida e se tornou um caminho profissional? Você usa o conhecimento sobre nutrição no seu trabalho terapêutico?

O ayurveda foi paixão à primeira vista. Eu comecei há uns três anos. Descobri na internet, quando estava pesquisando sobre especiarias. Começaram ali meu interesse e meus estudos com ele. Percebi que a ligação entre corpo, mente, alma é muito forte, não podemos separar. A relação entre alimento e pessoa é uma das bases para ter boa saúde. Definitivamente, achei meu caminho - e agora, vou nessa.
No meu trabalho terapêutico uso muito o que aprendi como engenheira. Posso esclarecer à pessoa, de uma forma mais técnica, por que tem que deixar de lado certos alimentos e porque tem que consumir os outros. E do ayurveda vem a explicação da nutrição individualizada, com sua parte consciente e sagrada. É uma busca constante de conhecimentos ancestrais  no campo da alimentação e de  sua aplicação nos dias de hoje.

Silvia Salas fez formação em Terapia Ayurveda no Instituto Hindu Naradeva Shala em São Paulo, com estudos avançados e especialização em alimentação e culinária Ayurvédica na Índia.

contatos
11 8989-3551

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Silvia Salas, engenheira de alimentos: A indústria de comida nos causa doenças


Perguntas: Deixa sair
Respostas: Silvia Salas

"...dúvidas que muita gente tem, e que realmente são deixadas de lado porque não é de interesse econômico que as pessoas saibam este tipo de informação..." 

O que você  considera serem os piores ingredientes usados na indústria de alimentos?

A Indústria, nos dias de hoje, lamentavelmente, faz uso de muitos ingredientes que são a causa direta de muitas doenças e desarmonias nas pessoas. Começaria pelo açúcar refinado, xaropes de glicose e frutose, gorduras hidrogenadas e os aditivos químicos. Nesta última categoria, estariam os aromas artificiais, conservantes, estabilizantes, corantes químicos artificiais, edulcorantes artificiais, umectantes e antiumectantes, antioxidantes e espessantes. E importante também esclarecer que a Indústria se protege dizendo que usa quantidades permitidas pela lei, mas se você somar a quantidade que se ingere em 10 produtos que a pessoa coma por dia, ou até mais, essa quantidade permitida se excedeu e haverá algum tipo de repercussão na pessoa a curto ou longo prazo. 

Como vê a presença de açúcar e farinha na alimentação diária?
Péssima, e uma pena que a Indústria tenha se esquecido da saúde de seu principal “cliente”. Praticamente, ela está intoxicando a vida dos consumidores, por uma questão econômica e prática. O açúcar refinado eu não consideraria como alimento, já que ele em vez de nutrir, desnutre e traz conseqüências drásticas à saúde como câncer, diabetes, inflamações, infecções, entre outras. Por outro lado, a farinha de trigo refinada é um alimento com índice glicêmico muito elevado, similar ao açúcar, o qual também traz conseqüências terríveis ao nosso corpo. Segundo o biólogo Otto Heinrich W. (recebeu premio Nobel de medicina), “O metabolismo dos tumores cancerosos é amplamente dependente de seu consumo de glicose”. Alem disso, ambos os produtos estão expostos a um refinamento onde são usados ácidos e produtos químicos para que o produto fique bem branco e refinado. 

Por que as barras de cereais em geral não são boas?
É uma ótima pergunta. Muita gente consome barrinhas de cereais porque acha que é um produto saudável, ou pelo menos isso é o que diz o rótulo da caixinha, com uma foto de uma pessoa feliz e saudável. A questão está nos três ingredientes principais: geralmente, essas barrinhas são fabricadas com flocos de arroz, xarope de glicose ou frutose e/ou farinhas diversas. Estes três elementos elevam o índice glicêmico muito rápido (caso a pessoa coma a barrinha quando sente fome) e não oferece nutrientes consideráveis. Além disso, muitas vezes têm uma carga muito grande de aditivos químicos, como aromas artificiais, estabilizantes e acidulantes. E ainda mais, como bônus, muitas delas têm uma cobertura de chocolate, com base de gordura vegetal hidrogenada. Então, na próxima vez que quiser consumir uma barrinha, é melhor pensar duas vezes.

Até onde vai o uso oculto dos derivados da soja na indústria de alimentos?
A soja é um alimento muito usado na cultura oriental faz muitos milênios. É um alimento completo, que fornece nutrientes como proteínas, minerais, antioxidantes, e produzem efeitos benéficos a saúde, e por isso, é denominado também um alimento funcional. Mas nas últimas décadas a soja vem sendo utilizada de varias formas, nem sempre ideais, entre elas: proteína hidrolisada de soja, proteína isolada de soja, proteína concentrada, soja texturizada, cujo processamento é feito com adição de ácidos, químicos e álcalis. Estes subprodutos da soja são os que mais se usam nos produtos alimentícios com a função de melhorar a textura, aumentar o nível proteico e ser agente de recheio em vários produtos. Os alimentos que levam estes ingredientes vão desde barrinhas de cereais a frios em geral (derivados cárneos), produtos lácteos, chocolates, bolachas, biscoitos, bolos, enfim... 90% dos alimentos industrializados contêm soja.

E vamos levar em conta que consumir esses produtos da soja, na maioria das vezes geneticamente modificada, também prejudica o meio ambiente.

Quais seriam as melhores e piores gorduras para uso diário?
Sempre começando pelo que é  bom, as melhores gorduras estão no azeite de oliva, com gorduras monoinsaturadas, e óleos de canola e linhaza, que contribuem como uma boa fonte de Omega 3. As piores gorduras são as gorduras vegetais hidrogenadas, gorduras vegetais parcialmente hidrogenadas e gorduras vegetais interestificadas (usadas atualmente na maioria das margarinas). Além disso, as gorduras animais como pele de aves e gordura de porco e boi, se consumidas em excesso podem prejudicar a saúde. Ter cuidado com os produtos que levam gorduras “não saudáveis” ocultas como: derivados lácteos (queijos processados como requeijões e madurados), bolachas recheadas, bolos prontos frescos ou industrializados (inclusive os que vendem nos supermercados sem cobertura nem recheio), batatas fritas ou comida gordurosa e frios como salame, mortadela, patê, etc.

O que são nitritos e nitratos? Qual o efeito deles na nossa saúde?
Os nitritos e nitratos são adicionados às carnes processadas com a finalidade de preservar os produtos atuando como agentes antimicrobianos, em especial, para inibir o crescimento e produção da toxina Clostridium, alem de conferir cor e sabor aos produtos. Mas, apesar de ter uma função boa no alimento, o consumo desses produtos em excesso pode levar a sérias complicações de saúde pela formação de substâncias carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas, ou seja, maior possibilidade de desenvolver câncer e outras doenças graves.

Estes sais eram usados na antigüidade, quando não se tinha um sistema de refrigeração adequado para conservar as carnes e seus subprodutos, e também eram produtos que se consumiam em climas muito frios e onde havia falta de carne em certas temporadas. Realmente, acho um pouco absurdo o consumo de embutidos no Brasil, um país com tanta diversidade de alimentos, climas cálidos e muita variedade de carnes frescas.

É importante pensar um pouco mais no que estamos consumindo dia a dia, e ver se nos estamos realmente nutrindo ou apenas gerando doença.

Silvia Salas atualmente é terapeuta ayurveda em SP e trabalha com conscientização alimentar. Jajá voltamos com ela. Valeu, Silvia!


Aliás, as Silvias e este blog são caso sério...;-)