Veja o segundo documentário do Silvio Tendler sobre isso:
Mostrando postagens com marcador agrotóxicos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador agrotóxicos. Mostrar todas as postagens
terça-feira, 22 de abril de 2014
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Agrotóxicos: Quem diz a verdade são as abelhas
| ![]() ![]() | |||
|
###########################
POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
###########################
Número 594 - 27 de julho de 2012
Ibama reavalia agrotóxicos e sua relação com o desaparecimento de abelhas
Mesmo
na ausência de levantamentos oficiais, alguns registros sobre a redução
do número de abelhas em várias partes do país, em decorrência de quatro
tipos de agrotóxico, levaram o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a restringir o uso de
importantes inseticidas na agropecuária brasileira, principalmente para
as culturas de algodão, soja e trigo.Além de reduzir as formas de aplicação desses produtos, que não podem ser mais disseminados via aérea, o órgão ambiental iniciou o processo de reavaliação das substâncias imidacloprido, tiametoxam, clotianidina e fipronil. Esses ingredientes ativos foram apontados em estudos e pesquisas realizadas nos últimos dois anos pelo Ibama como nocivos às abelhas.
Segundo o engenheiro Márcio Rodrigues de Freitas, coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama, a decisão não foi baseada apenas na preocupação com a prática apícola, mas, principalmente, com os impactos sobre a produção agrícola e o meio ambiente.
Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em 2004, mostrou que as abelhas são responsáveis por pelo menos 73% da polinização das culturas e plantas. “Algumas culturas, como a do café, poderiam ter perdas de até 60% na ausência de agentes polinizadores”, explicou o engenheiro.
A primeira substância a passar pelo processo de reavaliação será o imidacloprido, que responde por cerca de 60% do total comercializado dos quatro ingredientes sob monitoramento. A medida afeta, neste primeiro momento, quase 60 empresas que usam a substância em suas fórmulas. Dados divulgados pelo Ibama revelam que, em 2010, praticamente 2 mil toneladas do ingrediente foram comercializadas no país.
A reavaliação é consequência das pesquisas que mostraram a relação entre o uso desses agrotóxicos e a mortandade das abelhas. De acordo com Freitas, nos casos de mortandade identificados, o agente causal era uma das substâncias que estão sendo reavaliadas. Além disso, em 80% das ocorrências, havia sido feita a aplicação aérea.
O engenheiro explicou que a reavaliação deve durar, pelo menos, 120 dias, e vai apontar o nível de nocividade e onde está o problema. “É o processo de reavaliação que vai dizer quais medidas precisaremos adotar para reduzir riscos. Podemos chegar à conclusão de que precisa banir o produto totalmente, para algumas culturas ou apenas as formas de aplicação ou a época em que é aplicado e até a dose usada”, acrescentou.
Mesmo com as restrições de uso, já em vigor, tais como a proibição da aplicação aérea e o uso das substâncias durante a florada, os produtos continuam no mercado. Juntos, os agrotóxicos sob a mira do Ibama respondem por cerca de 10% do mercado de inseticidas no país. Mas existem culturas e pragas que dependem exclusivamente dessas fórmulas, como o caso do trigo, que não tem substituto para a aplicação aérea.
Hoje (25), o órgão ambiental já sentiu as primeiras pressões por parte de fabricantes e produtores que alertaram os técnicos sobre os impactos econômicos que a medida pode causar, tanto do ponto de vista da produção quanto de contratos já firmados com empresas que fazem a aplicação aérea.
Freitas disse que as reações da indústria são naturais e, em tom tranquilizador, explicou que o trabalho de reavaliação é feito em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e com o Ministério da Agricultura – órgãos que também são responsáveis pela autorização e registro de agrotóxicos no país. “Por isso vamos levar em consideração todas as variáveis que dizem respeito à saúde pública e ao impacto econômico sobre o agronegócio, sobre substitutos e ver se há resistência de pragas a esses substitutos e seus custos”, explicou o engenheiro.
No Brasil, a relação entre o uso dessas substâncias nas lavouras e o desaparecimento de abelhas começou a ser identificada há pouco mais de quatro anos. O diagnóstico foi feito em outros continentes, mas, até hoje, nenhum país proibiu totalmente o uso dos produtos, mesmo com alguns mantendo restrições rígidas.
Na Europa, de forma geral, não é permitida a aplicação aérea desses produtos. Na Alemanha, esse tipo de aplicação só pode ser feito com autorização especial. Nos Estados Unidos a aplicação é permitida, mas com restrição na época de floração. Os norte-americanos também estão reavaliando os agrotóxicos compostos por uma das quatro substâncias.
Agência Brasil, 25/07/2012.
domingo, 17 de julho de 2011
Agrotóxicos: Silvio Tendler & caderno de formação
A Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida lança em 25 de julho, no teatro Oi Casa Grande, o filme “O veneno está na mesa”, novo documentário de Silvio Tendler. Após a exibição haverá debate com participação do diretor e de Letícia Rodrigues da Silva, da ANVISA.
Por sua vez, a Campanha acaba de publicar seu primeiro caderno de formação. O caderno apresenta um material de subsídio sobre os efeitos dos agrotóxicos na agricultura, na saúde humana e no meio ambiente. Download aqui. O prefácio foi escrito por Jean Pierre Leroy, assessor da Fase e membro da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. Abaixo, um trecho:
(...) O fato é que estamos vivendo num mundo impregnado e saturado de produtos químicos, em particular de agrotóxicos, e que isso raramente aparece como uma preocupação da sociedade. Quando um trabalhador rural é atingido, se diz que não usou os equipamentos de proteção, que não seguiu as normas de uso, ou que fez mau uso do produto, colocando doses exageradas ou aplicando fora do momento previsto.Isso acontece, é verdade, mas acusá-los é inverter a responsabilidade: empresas produtoras e vendedoras e poder público devem fornecer o acesso à informação qualificada, não somente colar bulas nos frascos e nos galões. O problema é que as indústrias não têm nenhum interesse em informar, não só o trabalhador, mas também o vizinho da fábrica e o consumidor dos alimentos sobre os reais perigos dos seus produtos. E mais, elas não querem saber desses perigos potenciais, que poderiam colocar em risco seus lucros. Não promovem pesquisas independentes e chegam mesmo a atacar e desmoralizar pesquisas que questionam seus produtos.O que levou a essa situação? Aponto aqui três fatores interligados: o modelo de agricultura, a confiança desmedida no progresso tecnológico e o domínio das grandes empresas. O modelo de agricultura dominante é oriundo do que se convencionou chamar de “Revolução Verde”, implementada a partir da segunda metade do século XX para incrementar a agricultura nos países ditos então subdesenvolvidos. A Revolução Verde está calcada no uso combinado de variedades (sementes e matrizes) de alto rendimento, de adubos e produtos fitossanitários (os agrotóxicos) e na irrigação intensiva. Ela facilitou o crescimento da grande propriedade e, com ela, o uso de maquinário pesado. Com ela, efetivamente, aumentou enormemente a produção de alimentos, embora a fome continue, já que a alimentação se tornou uma mercadoria inacessível para muitos.Nota-se que os agrotóxicos fazem parte de um pacote. Se quisermos questioná-los, é preciso questionar o pacote inteiro. A Revolução Verde suscitou o entusiasmo dos pesquisadores que se empenharam para que a produção alimentar subisse, apoiada em muitas inovações tecnológicas. Ela não nasceu de um dia para o outro; tem a sua origem no processo de industrialização do mundo ocidental que se desenvolveu desde o início do século XIX. As ciências conheceram um enorme progresso e as aplicações das suas descobertas se multiplicaram. As duas guerras mundiais tiveram seu papel nisso, com o uso de gases mortíferos desenvolvidos pelas indústrias químicas e do DDT, para evitar que os soldados fossem vítimas da malária.
PS - Obrigada, Carol!Os cientistas que criaram o DDT achavam que estavam dando uma grande contribuição à humanidade. A sua confiança na ciência e na tecnologia era total. Hoje também há cientistas e técnicos que acreditam sem restrição que as sementes transgênicas são a melhor solução. Eles ignoram o princípio de precaução, que reza que certas ações humanas podem ter consequências graves para o futuro e em lugares distantes do local onde estão sendo efetivadas. Agrotóxicos podem prejudicar a saúde de um ser humano que ainda não nasceu, porque sua mãe foi contaminada.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Transgênicos & agrotóxicos: Olho vivo
Transcrevo na íntegra (com certo atraso devido à turbulência própria do período de lançamento de livro) este boletim supimpa da AS-PTA , porque todas as informações que ele traz são preciosas.
POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
Número 514 - 05 de novembro de 2010
Publicado novo estudo relacionando o consumo de alimentos transgênicos a problemas no fígado e nos rins
Car@s Amig@s,
Em janeiro deste ano divulgamos, no Boletim 474, a publicação de uma pesquisa que apontava impactos do milho transgênico à saúde a partir da análise criteriosa de estudos fornecidos pela própria Monsanto quando buscava autorização para seus produtos na Europa. Os dados, que já haviam sido analisados pelos órgãos reguladores, eram mantidos em sigilo é só foram tornados públicos por decisão judicial.
Os estudos em questão mostravam-se precários, com número de cobaias pequeno demais para permitir análises estatísticas com boa margem de confiança e por curto período de tempo. Ainda assim, a análise independente demonstrou que esses mesmos dados que fizeram a Monsanto concluir pela segurança de três variedades de milho transgênico (MON 863, NK 603 e MON 810), analisados corretamente, indicavam a existência de efeitos colaterais principalmente sobre o fígado e os rins -- órgãos ligados à eliminação de impurezas.
Como não deixaria de ser, a avaliação dos pesquisadores franceses colocando em cheque as falsas evidências da Monsanto de que seus produtos eram seguros provocou diversas reações, sobretudo a partir da Monsanto e dos órgãos reguladores nacionais que haviam aprovado produtos transgênicos da empresa.
Buscando consolidar sua posição, o grupo de pesquisadores franceses, coordenado pelo Prof. Gilles-Eric Seralini, publicou em outubro último, na revista científica International Journal of Biological Sciences, um novo estudo analisando os mesmos dados em profundidade ainda maior.
No novo artigo, forte destaque é dado à deficiência dos comitês reguladores, em especial a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, na sigla em inglês), em avaliar a segurança à saúde dos transgênicos destinados ao consumo humano.
O artigo lista e detalha as sete principais falhas no desenho dos estudos da Monsanto, apresenta as mudanças que seriam necessárias para dar consistência aos resultados e avalia as principais consequências, para cada caso, da falta de um desenho experimental adequado.
As análises estatísticas apresentadas pela Monsanto também foram criticadas, assim como foram averiguadas divergências na interpretação de dados biológicos. As críticas ao primeiro estudo da equipe francesa, apresentadas tanto pela Monsanto como pela EFSA, foram detalhadamente respondidas, assim como foram discutidas as sete principais divergências com relação à interpretação feita pela Monsanto (e aceita pela EFSA) com relação a diferenças estatísticas e parâmetros bioquímicos e de avaliação dos órgãos.
Em suas conclusões, os autores ressaltam que o objetivo maior de seu trabalho não é demonstrar a toxicidade crônica dos transgênicos em questão, especialmente porque esta avaliação está baseada em dados provenientes de testes insuficientes. Eles chamam a atenção para o fato de que sequer este tipo de teste, de apenas 90 dias com animais vivos, está sendo conduzido atualmente para se autorizar liberações comerciais de transgênicos em várias partes do mundo -- especialmente para os transgênicos chamados “piramidados” (que acumulam modificações genéticas diferentes já previamente autorizadas de forma individual), fato ainda mais preocupante levando-se em conta a não avaliação dos chamados “efeitos coquetel”.
A principal conclusão apontada pelos autores é a necessidade da realização de estudos toxicológicos transparentes, independentes e replicáveis, cuja disseminação implicaria em importantes consequências em larga escala. “Estudos que compreendam toda a vida de cobaias animais alimentadas com transgênicos em laboratório precisam ser conduzidos, como os testes de dois anos de duração que são feitos com ratos para a avaliação de alguns agrotóxicos e medicamentos. (...) Testes deste tipo poderiam ser associados a pesquisas transgeracionais, reprodutivas e endócrinas. Mais ainda, as deficiências nos desenhos experimentais dos testes realizados hoje em dia deveriam levantar questões de primeira importância com relação a outras autorizações para produtos químicos.”
--
Como dissemos no Boletim 474, os milhos NK603 e MON810 estão liberados no Brasil. Apesar da falta de estudos aprofundados e da inconsistência dos dados fornecidos pela Monsanto, a CTNBio concluiu que “o milho NK603 é tão seguro quanto às versões convencionais”, que a modificação genética “não modificou a composição nem o valor nutricional do milho”, que “há evidênci as cientificas sólidas de que o milho NK 603 não apresenta efeitos adversos à saúde humana e animal” e que “o valor nutricional do grão derivado do OGM referido tem potencial de ser, na realidade, superior ao do grão tradicional”. Sobre o MON810 a CTNBio declarou que “os efeitos intencionais da modificação [genética] não comprometeram sua segurança nem resultaram em efeitos não-pretendidos” e que a “proteína é tóxica somente para lagartas”.
Leia a íntegra do artigo científico Debate on GMOs Health Risks after Statistical Findings in Regulatory Tests (Int J Biol Sci 2010; 6(6):590-598).
Joël Spiroux de Vendômois, Dominique Cellier, Christian Vélot, Emilie Clair, Robin Mesnage, Gilles-Eric Séralini.
==
Divulgaremos brevemente uma análise dos resultados da 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (COP-10), realizada em Nagoya, no Japão, entre 18 e 29 de outubro de 2010.
Leia a avaliação feita pela ONG Terra de Direitos sobre o Protocolo Internacional sobre transgênicos, aprovado durante o Encontro das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP-5), realizada entre 06 e 10 de outubro, também em Nagoya.
*****************************************************************
Neste número:
1. Produtores de grãos não-transgênicos do país são mapeados na internet
2. Agrotóxicos: pesquisa comprova dano celular em população infantil do Paraguai
3. Plantio de milho transgênico decresce na Espanha pelo segundo ano consecutivo
4. Carrefour lança na França linha com mais de 300 produtos de origem animal “Nutridos sem transgênicos”
5. No Canadá, indústria será penalizada se liberar bisfenol-A no ambiente
A alternativa agroecológica
Vivência cooperativa de prestação de serviços para a transição agroecológica
Eventos:
- Congresso “Agrotóxicos, Saúde e Meio Ambiente: o direito à informação”
Organizado pela Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), o encontro terá os objetivos de discutir e combater os problemas que os agrotóxicos causam à saúde do trabalhador, ao consumidor e ao meio ambiente e de criar uma rede nacional de proteção ante os impactos causados pelos agrotóxicos.
Data: 25 e 26 de novembro de 2010.
Local: Auditório Edson Hatem da Fundacentro - Rua Djalma Farias, 126 - Torreão - Recife (PE).
Vagas: 150 (abertas ao público).
Inscrições (gratuitas): até as 12h de 18 de novembro, pelo sítio www.esmpu.gov.br
Informações: inscricoes@esmpu.gov.br
Maiores informações no site da ESMPU.
- II Seminário de Agroecologia do Distrito Federal: Agroecologia, conservando a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável
Organizado por diversas entidades governamentais e não governamentais que atuam no Distrito Federal no desenvolvimento da agroecologia e da agricultura orgânica, o evento tem o objetivo de promover a interação, a integração, a socialização de conhecimentos e a troca de saberes em prol do desenvolvimento organizado da agroecologia no DF.
Data: 8 a 11 de novembro de 2010.
Local: Embrapa sede - Brasília - DF
Informações pelo e-mail agroecologia@emater.df.gov.br ou pelos telefones (61) 3340-3093 e 3340-3098.
Veja a programação completa do evento.
*****************************************************************
1. Produtores de grãos não-transgênicos do país são mapeados na internet
O cadastro pode pressionar fabricantes a identificar no rótulo dos produtos se a matéria-prima usada é convencional ou geneticamente modificada
Os produtores de grãos não-transgênicos do país já podem ser identificados por meio de uma plataforma na internet que está em desenvolvimento pela Associação Brasileira de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange). O projeto, que deve ficar disponível ao público em dezembro, teve início em razão de uma necessidade do mercado, afinal o comprador precisa saber onde encontrar produtores de grãos que não são modificados geneticamente.
O primeiro produto do mapeamento é o milho. De acordo com Ivan Paghi, diretor-técnico da Abrange, o milho teve a preferência porque sua procedência é pouco conhecida no mercado, além do que “vale a pena iniciar o monitoramento por uma cultura em que se estima ter um menor número de produtores que a soja, por exemplo”. (...) Após o lançamento da ferramenta web do milho, serão iniciados, em paralelo, os monitoramentos dos produtores de algodão e soja. Os três produtos foram escolhidos para o mapeamento porque têm sua versão geneticamente modificada liberada no Brasil.
A busca pelos produtores de não-transgênicos será apoiada também pelas secretarias de Agricultura dos estados, que vão divulgar o serviço nas associações de agricultores das cidades. O produtor interessado em fazer com que sua plantação seja inserida na plataforma da Abrange terá de se submeter à verificação de transgenia (avaliação biológica/química para saber se o grão é transgênico). O serviço é gratuito e o monitoramento completo leva de três a quatro meses. Cerca de dez técnicos vão a campo realizar um único rastreamento. (...)
Desde 2004 existe a lei de rotulagem de transgênicos, que visa informar ao consumidor final se ele está levando para casa o produto modificado geneticamente. Mas não são todos os fabricantes que exibem esta informação nos rótulos de seus produtos acabados. (...)
“Com o trabalho de mapeamento, o comprador do grão convencional poderá destacar isto na embalagem, colocando-se como um diferencial perante o mercado”, avisa o diretor-técnico da Abrange. O consumidor final também pode pressionar para que os fabricantes sejam claros nas escolhas de suas matérias-primas. Ligar para o SAC e exigir nas redes sociais das empresas a rotulagem correta daquilo que é vendido são boas iniciativas.
Fonte: Instituto Akatu, 27/10/2010.
2. Agrotóxicos: pesquisa comprova dano celular em população infantil do Paraguai
A pesquisa foi publicada na Revista Pediatría (Volume 37 - Número 2 de 2010), um órgão oficial da sociedade Paraguaia de Pediatria.
Participaram do estudo 48 crianças potencialmente expostas a agrotóxicos e 46 crianças não expostas. Obteve-se amostras da mucosa bucal para determinar o dano no material genético através da frequência de micronúcleos. Encontrou-se no grupo potencialmente exposto a agrotóxicos uma média maior de micronúcleos e de células binucleadas, bem como uma maior frequência de fragmentação nuclear (cariorréxis) e picnose, que são processos típicos de células necróticas.
A medição da frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico é amplamente utilizada em epidemiologia molecular e citogenética para avaliar a presença e extensão de dano cromossômico em populações humanas expostas a agentes genotóxicos ou para determinar a presença de um perfil genético suscetível. A alta confiabilidade e o baixo custo da técnica contribuiu para o êxito e a adoção deste biomarcador para estudos, in vitro e in vivo, de danos ao genoma humano.
Outras pesquisas já forneceram evidências preliminares de que a frequência de micronúcleos em linfócitos de sangue periférico constitui um marcador biológico que prediz o risco de câncer em uma população de pessoas sadias.
Neste estudo, as crianças potencialmente expostas aos agrotóxicos eram alunos saudáveis de uma escola da cidade de Ñemby, situada a 50 metros de uma fábrica de agrotóxicos da empresa Chemtec S.A.E. As crianças não expostas eram alunos também saudáveis da cidade de San Lorenzo, situada a 5,5 km da primeira escola (não se registra a presença de nenhuma outra fábrica de venenos nas proximidades de ambas as escolas). Foram consideradas crianças “potencialmente expostas a agrotóxicos” aquelas que vinham frequentando a escola de Ñemby durante 4 horas diárias, 5 dias por semana, por um período de um a seis anos.
Os resultados desta pesquisa permitem afirmar que existe uma exposição a agentes genotóxicos no primeiro grupo de crianças. Deveria ser estabelecido um acompanhamento da frequência de micronúcleos uma vez interrompida a exposição para determinar a persistência, ou não, dos indicadores biológicos de dano celular.
Extraído de: Portal Ecodebate, 07/10/2010.
Leia a íntegra do artigo científico:
Daño celular en una población infantil potencialmente expuesta a pesticidas.
Benítez-Leite S, Macchi ML, Fernández V, Franco D, Ferro EA, Mojoli A, Cuevas F, Alfonso J, Sales L.
3. Plantio de milho transgênico decresce na Espanha pelo segundo ano consecutivo
Agricultores, ecologistas e consumidores solicitam à nova ministra de Meio Ambiente, Meio Rural e Marinho uma mudança radical na política do governo sobre transgênicos
A superfície cultivada com milho transgênico na Espanha decresceu em 2010 pelo segundo ano consecutivo. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, Meio Rural e Marinho (MARM), teriam sido cultivados 67.726 hectares -- um decréscimo de 11% em relação a 2009. Afirmando que o cultivo deste milho transgênico, que está proibido em 10 países da União Europeia, já provocou graves impactos na Espanha, um grupo de ONGs solicitam à nova ministra Rosa Aguilar uma mudança radical na política do governo, que aposte na aplicação do Princípio da Precaução e proíba o cultivo de milho transgênico no país.
A diminuição da área plantada também indicam uma crescente rejeição a este tipo de agricultura. Entretanto, é preciso lamentar que estes dados oferecidos pelo governo sejam fornecidos pela indústria, uma vez que não existe na Espanha um registro de propriedades que cultivam milho transgênico -- como exige a regulamentação europeia, mais uma mostra da absoluta falta de transparência e controle sobre este tema por parte do MARM.
A Espanha é o único país da UE que cultiva transgênicos em larga escala (somente milho). O país já registra graves impactos e danos sobre a agricultura convencional e ecológica, como a quase desaparição do cultivo de milho ecológico nas regiões por onde se expandiu o cultivo de transgênicos e a perda do mercado de amido de milho convencional. Para as ONGs, o cultivo deste milho transgênico por um número muito reduzido de pessoas está gerando custos inaceitáveis para o conjunto da agricultura, para a indústria alimentícia, para o meio ambiente e a saúde pública, e violando os direitos dos consumidores.
Fonte: Amigos de la Tierra Espanha, 28/10/2010.
4. Carrefour lança na França linha com mais de 300 produtos de origem animal “Nutridos sem transgênicos”
Graças a uma ação iniciada há mais de 10 anos, o Carrefour tornou-se o primeiro distribuidor a oferecer, na França, produtos com sua marca provenientes de animais alimentados sem transgênicos. A nova linha lançada em 26 de outubro inclui mais de 300 itens alimentícios em todas as suas lojas no país com etiquetas indicando “Nutrido sem transgênicos”.
Segundo uma recente pesquisa do renomado instituto de pesquisas IFOP, preocupados com sua alimentação, 63% dos franceses indicaram que deixariam de consumir esses produtos se soubessem que provêm de animais alimentados com transgênicos. Um número ainda maior, 96%, considera necessário que se mencione na embalagem a presença ou a ausência de transgênicos na alimentação dos animais. A regulamentação vigente na Europa, porém, não permite aos consumidores serem informados claramente sobre isso; quando os animais são alimentados com uma alimentação contendo transgênicos, não é obrigatório informar tal fato.
A nova linha de produtos inclui carne de porco, carne bovina, aves, ovos, bem como pescado de piscicultura.
Extraído e adaptado de Release divulgado pelo Carrefour em 25/10/2010.
5. No Canadá, indústria será penalizada se liberar bisfenol-A no ambiente
Governo alega que o químico não é degradável e pode ser liberado em quantidades que prejudicam peixes e outros animais
Dias depois de incluir o bisfenol A (BPA) na lista de substâncias tóxicas, o governo do Canadá anunciou que irá introduzir nova legislação para penalizar empresas que liberam o BPA no meio ambiente. O BPA é usado na fabricação de embalagens plásticas de alimentos e como revestimento interno de latas de comida e bebida. Como suas moléculas não são estáveis, ele migra da embalagem e contamina os alimentos. Pesquisas com animais já associaram o consumo de bisfenol A à doenças como câncer de mama e de próstata, diabetes, infertilidade, obesidade, puberdade precoce e tardia e problemas cardíacos. Ele já foi proibido em produtos infantis no Canadá, França, Dinamarca e Costa Rica.
O Canadá foi o primeiro país a tomar esse tipo de iniciativa. Um comunicado de Jim Prentice, Ministro do Meio Ambiente, avisou que empresas no Canadá terão 60 dias para desenvolver planos que previnam a contaminação do bisfenol A no meio ambiente como resíduo industrial. De acordo com o comunicado, o BPA, composto encontrado na maioria dos plásticos, “é persistente, não se degrada no meio ambiente e pode ser liberado em quantidades que prejudicam peixes e outros animais”.
Um estudo divulgado pela Health Canada, em agosto deste ano, revelou que o bisfenol A foi encontrado em cerveja e refrigerantes. Um relatório preparado pela Agência de Estatísticas o Canadá, também divulgado em agosto, mostrou que o BPA estava presente em 91% da população.
Extraído de: O Tao do Consumo, 21/10/2010.
A alternativa agroecológica
Vivência cooperativa de prestação de serviços para a transição agroecológica
No Estado do Rio de Janeiro, numa época em que pode-se inferir que “forças ocultas” trabalham pela descaracterização de sua expressão rural nas dimensões política, econômica e cultural, um conjunto de profissionais autônomos aliam compromisso social, com expectativa de fomento ao desenvolvimento sustentável, na tentativa de sobrevivência no campo da prestação de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural, sobretudo na modalidade dedicada aos assentamentos de Reforma Agrária: Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental - ATES, do INCRA, pelo qual a CEDRO atua em oito municípios fluminenses.
A organização em Cooperativa de Trabalho remonta à época do projeto LUMIAR de Assistência Técnica à Reforma Agrária (1997 a 2000), fundando-se a Cooperativa CEDRO, em maio de 1999, como resposta crítica dos profissionais e de instituições parceiras - a exemplo da FETAG e da ONG CAPINA -, ao processo que se estabelecera pela prestadora escolhida pelo INCRA, uma empresa travestida de cooperativa. Este artigo se propõe a referenciar o processo e a constituição de parcerias que sobressaem desses dez anos de vivência cooperativa; os desafios para a manutenção de uma pessoa jurídica de natureza, compreensão e prática complexas, ao mesmo tempo em que de elevado grau de autonomia no estabelecer de novas relações de trabalho.
Apreender o processo cooperativista configura um dos focos do desafio que se instala com a fundação da CEDRO. Muitas vezes seus profissionais foram demandados a auxiliar agricultores em debates e em vivências na constituição de organizações cooperativas. No leque das possibilidades de soluções agroecológicas o associativismo e, em especial, o cooperativismo figuram como ferramentas poderosas para catalisar processos e resultados econômico-sociais. Até a fundação da CEDRO o grupo tal função sem a auto-vivência, na fundamentação das intervenções.
Contratada pelo INCRA-RJ para atuar pelo Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária, em oito assentamentos, com um público de 850 famílias, a CEDRO constituiu uma equipe formada por dez profissionais de formação multidisciplinar que vêm lidando com os desafios da Extensão Rural diferenciada, orientada para a transição agroecológica, mas ainda focada em metas e por regras tradicionais, como a elaboração de Projetos de financiamento pelo programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar - PRONAF.
Fonte: Agroecologia em Rede.
*********************************************************
Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos
Este Boletim é produzido pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.
Para os números anteriores do Boletim, clique em: http://www.aspta.org.br/por-um-brasil-livre-de-transgenicos/boletim/
Para receber semanalmente o Boletim, escreva para boletim@aspta.org.br
Acompanhe nosso blog: http://pratoslimpos.org.br
AS-PTA: Tel.: (21) 2253-8317 :: Fax (21) 2233 8363
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Comer bem: Agrotóxicos na contramão
Deu no Estadão e a Cláudia Vaz, lá de NY, mandou pra cá. Valeu, Cláudia!
Uso de agrotóxicos é indiscriminado no País, diz Anvisa
Qua, 23 Jun
Levantamento divulgado hoje pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em amostras de frutas e verduras à venda para o consumidor revela uso indiscriminado de agrotóxico no País. Das 3.130 amostras coletadas, 29% apresentaram problemas, que vão desde uso de defensivos não permitidos para a cultura ou sem registro no País até alto grau de resíduos de agrotóxicos no alimento. Pelo segundo ano consecutivo, o pimentão foi o produto com maior índice de irregularidades: 80% das amostras analisadas pela Anvisa foram consideradas insatisfatórias. Em seguida, estão a uva, pepino e morango.
"Os números preocupam bastante", avaliou o presidente em exercício da Anvisa, Dirceu Barbano. "Agrotóxico é veneno, seu uso tem de ser feito com limite", completou, ao apresentar o trabalho. A análise foi feita em 26 Estados. Dados de São Paulo não foram revelados, porque o Estado usa metodologia própria para a avaliação dos resultados. Para fazer estudo, técnicos pesquisaram a presença de 234 tipos de agrotóxicos em 20 culturas diferentes. Batata, banana, feijão e maçã foram as que apresentaram menor índice de irregularidades.
Uma das maiores preocupações da Anvisa está no alto grau de uso de produtos que estão sob reavaliação da agência por causa do alto risco à saúde. O trabalho revelou o emprego desses agrotóxicos em culturas para as quais não há autorização. No momento do registro, é definido em que culturas o agrotóxico pode ser aplicado. "O desrespeito dessa recomendação aumenta o risco do consumo de resíduos desses agrotóxicos, porque eles não são levados em conta no cálculo do impacto na ingestão diária do produto", explicou o gerente de toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles. O consumo de agrotóxicos em porcentuais acima do recomendado dificilmente são notados no dia-a-dia. "As doenças vêm a longo prazo. Somente em casos de contato com grande quantidade do produto é que surgem as intoxicações", completou.
Outro problema apontado foi o aumento das amostras em que foi detectado o uso de produtos que não estão registrados no País. "Esse é o pior dos mundos. Não sabemos que substâncias estão nos produtos, em que quantidade. É o descontrole total", resume Meirelles.
domingo, 6 de junho de 2010
Agrotóxicos: Brasil ganhando o campeonato
Recebo a informação de Monica Lacombe Camargo, d'aprés O Estado de São Paulo, data de ontem, e repasso na íntegra. Horrorizada.
Campeão mundial de uso de agrotóxicos, o Brasil se tornou nos últimos anos o principal destino de produtos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados pelo menos dez produtos proscritos na União Européia (UE), Estados Unidos e um deles até no Paraguai. A informação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Apesar de prevista na legislação, o governo não leva adiante com rapidez a reavaliação desses produtos, etapa indispensável para restringir o uso ou retirá-los do mercado. Desde que, em 2000, foi criado na Anvisa o sistema de avaliação, quatro substâncias foram banidas. Em 2008, nova lista de reavaliação foi feita, mas, por divergências no governo, pressões políticas e ações na Justiça, pouco se avançou.
Até agora, dos 14 produtos que deveriam ser submetidos à avaliação, só houve uma decisão: a cihexatina, empregada na citrocultura, será banida a partir de 2011. Até lá, seu uso é permitido só no Estado de São Paulo.
Enquanto as decisões são proteladas, o uso de agrotóxicos sob suspeita de afetar a saúde aumenta. Um exemplo é o endossulfam, associado a problemas endócrinos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que o País importou 1,84 mil tonelada do produto em 2008. Ano passado, saltou para 2,37 mil t. "Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam", resume a coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, Rosany Bochner.
O coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Rangel, admite que produtos banidos em outros países e candidatos à revisão no Brasil têm aumento anormal de consumo entre produtores daqui. Para tentar contê-lo, deve ser editada uma instrução normativa fixando teto para importação de agrotóxicos sob suspeita. O limite seria criado segundo a média de consumo dos últimos anos.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Cartilha sobre produtos orgânicos, by Ziraldo
Gente, o Ministério da Agricultura resolveu dar força ao produto orgânico. Não é maravilhoso? Deixou de ser coisa alternativa e entrou nos interesses oficiais. Tem propaganda na tv, que eu vi, e agora soube que Ziraldo ilustrou uma cartilha que está disponível em pdf para quem quiser baixar.
A cartilha informa sobre os benefícios dos produtos sem agrotóxicos e alerta sobre os transgênicos, que "colocam em risco a diversidade de variedades que existem na natureza".
A cartilha informa sobre os benefícios dos produtos sem agrotóxicos e alerta sobre os transgênicos, que "colocam em risco a diversidade de variedades que existem na natureza".
Assinar:
Postagens (Atom)