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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mais Susana Ayres: Papo de vermes


Falei na Susana Ayres e deu vontade de falar mais.

Desse desamparo em que estamos há tantos anos com relação a parasitoses, já que não temos direito a exames de fezes decentes e corretos, emergiram as técnicas vibracionais de diagnóstico - utilizadas há muito tempo, sob diversos nomes. Essas técnicas são consideradas, por pelo menos um dos catedráticos da USP, dr. Paulo Farber, a medicina do século XXI. Longe da Universidade, os agentes da Pastoral da Saúde também as utilizam. Um médico e cientista japonês, dr. Omura, comprovou em vários congressos científicos a eficácia do que chamou (e tentou patentear) de Bi Digital O-Ring Test - outro nome para a mesma coisa. Radiestesia, radiônica, magnetismo, rabdomancia (técnica de encontrar água com a varinha ensinada na Sorbonne a arquitetos), máquinas alemãs de bioeletrorressonância, o zapper da dra. Clark: todos fazem parte de um mesmo conjunto de possibilidades de leitura dos sinais energéticos presentes no corpo.

Tudo isso e mais alguma coisa Susana aprendeu. Nos conhecemos quando eu estava lançando A dieta do dr Barcellos contra o câncer (e todas as alergias). Logo começamos a conversar sobre a grande lacuna existente em relação às parasitoses, que segundo o dr Barcellos, a dra Clark e outros pesquisadores, estão sempre presentes nos casos de câncer. Ficou muito claro para nós, em 97, que tratar as parasitoses era prevenir o câncer e outras doenças crônicas e degenerativas. Ou, se invertermos a perspectiva: ficou claro que o progresso do câncer e da fortuna em torno dele têm relação direta com o descaso em relação às parasitoses crônicas, não só no Brasil, mas em todo o mundo ocidental. A ponto de muitos vermífugos terem sido retirados do comércio, progressivamente, entre 1990 e 2000.

Acontece que os vermes existem há 650 milhões de anos, pelo menos. E as amebas, causa principal de infecções intestinais crônicas e de câncer de intestino grosso e reto, são unicelulares primitivos que se formam a partir de matéria orgânica. Parasitas querem viver e alguns precisam estar dentro de nós para isso. Não tenham dúvidas: estão. Se a imunidade é boa, fazem um lanchinho e não incomodam. Se a imunidade é ruim, se os intestinos estão em mau estado ou se a vítima toma muito remédio, eles aproveitam a bagunça e se instalam.

Dão sintomas que vão do eczema à compulsão por doces, da convulsão em crianças ao surto psicótico em adolescentes e adultos muito infectados.

Um dos bichos mais chatos que abrigamos é a tênia, ou solitária. Chata pela própria natureza: sua forma é a de um talharim que pode ter até 12 metros de comprimento, ir e voltar dentro do intestino delgado. Sua parte principal, ou melhor, o bicho propriamente dito, é só a cabeça. Dela nascem proglotes, bolsinhas com kits sexuais completos que ao amadurecer saem nas fezes para contaminar o máximo possível de criaturas receptivas. Eliminar pedaços de tênia, portanto, não é o problema. Dureza é eliminar a cabeça.

Aí entra Susana de novo. Que tem uma técnica culinária especialíssima para enfrentar a bichona, e me autorizou a divulgá-la aqui, bem como no meu novo livro sobre candidíase - sim, porque vermes e protozoários criam ótimas condições para fungos, portanto é preciso pensar logo neles.

receita tenífuga da Susana Ayres

O primeiro passo é fazer um azeite de alho. Preencher 1/4 de um vidro (que pode ser do próprio azeite) com alho descascado sem lavar. Completar com azeite extravirgem. Deixar descansar uma semana antes de começar a usar.

Comprar tintura-mãe (TM) de Losna (Artemisia absinthium), encontrada em farmácias de manipulação.

Assim que estiver pronto o azeide de alho: tomar 1 colher/sopa no almoço e no jantar, e também  30 gotas de tintura de losna em meio copo de água. (Se for necessário, ingerir o azeite com um pedaço de pão.)

Fazer isso 10 dias seguidos. Parar 7 dias, repetir mais 10 dias.

Associar ao seguinte esquema:

1º dia: comer a polpa de um coco pequeno, maduro (casca marrom) ao longo do dia - ou o tanto que conseguir.

À noite, comer abóbora japonesa (kabotiá, hokaido) cozida, mais ou menos 100g, ou a seguinte sopa:

receita da sopa de abóbora

4 xícaras de abóbora kabotiá (japonesa) com casca
1 colher (sopa) de tomilho
4 dentes de alho
6 cravos-da-índia
1 colher (sopa) de casca de limão ralada
sal e azeite a gosto
água que sobrar do cozimento (pouca)

Cozinhar tudo e bater no liquidificador. Tomar uma xícara no jantar, no início da refeição.

2º dia: comer 50 a 100g de sementes de abóbora sem casca ao longo do dia. No jantar, incluir abóbora ou sopa de abóbora.

3º dia: comer 80g de castanha-do-pará ao longo do dia. No jantar, incluir abóbora ou a sopa.

4º dia: comer 100g de amêndoas cruas ao longo do dia. No jantar, incluir abóbora ou a sopa e, antes de dormir, tomar duas colheres de óleo de rícino, seguidas por um chá gostoso.

O intestino deve soltar, se já não ficar solto antes. Tomar muita água, água de coco e soro caseiro se precisar.

Não precisa repetir a dieta nas segunda fase de 10 dias de alho e losna no almoço e no jantar.

Quando acabar tudo, tomar cápsulas de lactobacilos por 60 dias.

Se não tiver os lactobacilos, mandar manipular por cápsula:

350 milhões de Acidophilus
350 milhões de Biphidus
350 milhões de Bulgaricus
250 mg de L-Glutamina
F.O.S.

Tomar uma cápsula antes de dormir, por 60 dias, e refazer os exames.

À Susana, toda a minha gratidão por tantos anos de conversa boa em torno da saúde e de como promovê-la melhor. Que Brasília a receba de coração aberto!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Comer bem: Só para quem gosta de alho

Caros colegas amantes do alho, acreditam que houve um Seminário do Alho na UniRio? Pois não só aconteceu de fato como podemos ter acesso a todas as informações clicando no link. Preparem as papilas gustativas porque é muito alho!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Almanaque do Banheiro - Vermes, alho e creosoto


Recebo da leitora Kate, lá nos comentários sobre vermes, uma boa pergunta: Será que o molho de alho que compramos pronto funciona contra os vermes? E Creolina?

Trago também para cá a resposta:

Oi, Kate, o molho de alho pronto que eu conheço tem mais vinagre do que alho, e vinagre é para usar pouco, de boa qualidade e bem. Se não, melhor limão.

Se você quer algo com alho para colocar na comida, sugiro azeite de alho: num vidro, se possível escuro, coloque dentes de alho descascados preenchendo 1/3 e complete com azeite extravirgem. Deixe no fundo do armário durante 30 dias, coe e desfrute.

Também pode deixar o alho picadinho de molho no shoyu durante a noite e consumir no dia seguinte.

Ou simplesmente amassar o alho cru e misturar com azeite.

A creolina é um produto químico que inclui um tipo de creosoto. Funciona como desinfetante de uso externo. Conheço duas formas populares de seu uso contra vermes: há quem misture uma colherinha na água e beba; há quem pingue na farinha de mandioca e cada gota vira uma pílula; não recomendo.

Mais adequadas para uso interno, existem no Brasil as pílulas de creosoto Monte Serrat, feitas com creosoto de faia, que entre outras coisas são expectorantes, e nas farmácias japonesas se encontra o Seirogan, outra fórmula com creosoto, usadíssima quando há algum problema de estômago e intestino. Como intestino e pulmões funcionam juntos, e como muitas vezes os vermes que se desenvolvem no intestino fazem seu ciclo através dos pulmões, tratar de um ajuda o outro.

Lembrei agora dos versinhos que lia no bonde:

Veja, ilustre passageiro,
O tipo belo e faceiro
Que tem o senhor a seu lado
E no entanto acredite
Quase morreu de bronquite
Salvou-o o Rum Creosotado!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Temperando o papo pra cozinhar o galo

Sem tempero, não dá. Não dá e já não deu há muito tempo, tanto que quase todo mundo põe alho e louro no feijão, quiçá pimenta; alho e cebola no arroz, talvez tomate, minha mãe, louro; e assim orégano na pizza, pimenta no acarajé, coentro no peixe, cravo no doce, canela na banana, limão na salada. Por quê? Porque é bom.

Bom na hora em que cheira, já fazendo salivar de gosto e abrindo perspectivas deliciosas para dali a pouco. Bom dentro da boca, estimulando o apetite com mais suco gástrico. Bom depois de comer, o corpo leve e a alma tranquila: pode-se repetir aquele prazer sem dor.

Os temperos, ou condimentos, ou especiarias, caracterizam-se por algum sabor ou aroma especial da planta que é atraente para nós e repelente para outros animais e insetos. Podem ser sementes, como erva-doce, cominho, mostarda, cardamomo; folhas frescas ou secas, como manjericão, alecrim, tomilho, salsa; bulbos, como alho e cebola; frutas, como limão, manga, laranja, romã; cascas, como canela; rizomas, como gengibre; partes da flor, como cravo e açafrão. O segredo é não usar em excesso. E não usar mal: o alho, por exemplo, nunca deveria ser dourado – perde o efeito benéfico e dá bafo.

Pelo menos 40 temperos têm grande presença no mercado internacional. Outros 100 têm uso mais regional, sozinhos ou em misturas que dão sabor característico àquela culinária.

Sentir o verdadeiro sabor de curry, por exemplo, é privilégio dos que vão ao sul da Índia, ao sul da África, à Malaísia ou ao Sri Lanka. Ele vem das folhas frescas de uma árvore nativa, a Karivepallai or Kadipatta (Bergera koenigii), que os ingleses chamam de Curry tree. É leve e agradável e lembra um pouco a tangerina.

Já o que conhecemos por aqui como curry, aquele pó amarelo em latinhas ou pacotinhos made in India, tem um sabor meio padronizado que nos acostumamos a reconhecer como o tempero indiano por excelência, ou seja, curry. Só que na Índia existem mil receitas de curry. Que nem se chama curry, mas garam masala no norte da Índia e sambaar podi no sul.

Uma receita de curry em pó:

2 colheres (sopa) de sementes de coentro
1 de sementes de cominho
1 de sementes de cardamomo
1 de cúrcuma (açafrão-da-terra) em pó
2 colheres (chá) de páprica doce ou picante
1 de canela em pó
1 de cravo

Moer ou bem fino em máquina ou pilão, misturar e guardar em vidro tampado.

Ah, você tem uma receita de curry diferente? Tudo bem, não há regra: na Índia, cada família faz a mistura de um jeito, que também varia conforme o prato a ser preparado. O cominho e as sementes de coentro geralmente estão presentes. E não deve faltar cúrcuma, aquele pó amarelo-alaranjado que dá cor a qualquer coisa, do queijo cheddar à roupa dos monges, e é bom para a pele, protege o fígado, atua contra o câncer, realça o sabor da comida, ajuda a digestão das proteínas, promove a absorção e regula o metabolismo, além de ser antiinflamatório, antioxidante, calmante e protetor do sistema cardiovascular. Chega? Não: faltou dizer que é saboroso e perfumado.

Todos esses temperos evitam gases, que se formam quando o processo de digestão da comida não consegue dar conta de tudo o que se comeu. O que sobra vira muco, fermenta e forma bolhas de gás por todo o tubo digestivo, provocando ansiedade, falta de concentração, nervosismo, mal-estar, dores e até soluços, entre outras coisas. Caiu a ficha? Temperar é preciso. Comer, nem sempre.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Sem aferventar o bacalhau

Que os portugueses descobriram o Brasil, não é novidade. Mas foi do outro lado do mundo, nos mares gelados do hemisfério norte, que fizeram sua descoberta essencial: o bacalhau. Peixe grande, de carne firme, que depois de salgado e seco aguentava meses de viagem sem estragar e sem perder o sabor. Talvez tenha sido o segredo das grandes navegações, já que fornecia nutrição de primeira e prazer inenarrável aos marujos do reino. Regado com o azeite que já produziam há séculos, mais umas batatas cozidas e um ovo duro por cima, o bacalhau virou tradição culinária tipicamente portuguesa e prato valorizado em toda a cozinha internacional.

Foi na Islândia e na Noruega que começaram a secar o bacalhau para levar em viagens, ainda no século 9. Os vikings comiam bacalhau. Mas sem sal. Sem azeite. Provavelmente sem ovo duro. Ou seja, praticamente não era bacalhau.

Cem anos depois, na Espanha, os bascos inventaram de salgá-lo antes de secar. Isso lhes deu chance de expandir um comércio muito lucrativo, proveitoso também para os pobres, já que o bacalhau era abundante, durava muito e custava pouco. Portugal, ali ao lado, apenas tornou divino o que já era perfeito. Hoje a maior parte da produção vem da Noruega, e o peixe está ameaçado de extinção. Pesca-se menos para preservar a espécie. E o preço, naturalmente, sobe.

O melhor bacalhau seco e salgado é o Porto, Portinho ou Codinho. Cor de palha, lombo alto e a carne se desmancha em lascas. Tão bom quanto ele é o Legítimo Porto, de carne mais clara e delicadamente fibrosa. Aí vêm o Saithe, de carne escura, fibrosa e sabor mais pronunciado, o Ling, com carne clara, sabor suave e boa consistência, e Zarbo, o mais barato, geralmente menor e mais magro. Junto ao tipo vem a classificação Imperial, Universal ou Popular. De novo, Imperial é o melhor.

Mas qualquer bacalhau fica gostoso quando bem preparado. Para isso, a primeira regra é tirar bem o sal debaixo da torneira e deixar 48 horas de molho em água fria, sempre que possível renovada. Se estiver calor, na geladeira. Se der vontade, terminar com três horas de molho no vinho branco.

A segunda regra é usar um bom azeite, qualquer que seja a receita. Pode fazer simplesmente toda a diferença, porque na verdade é ele que vai penetrar na carne e deixá-la macia.

Minha receita básica de bacalhau é: tirar o sal durante 48 horas, remover pele e espinhas. Cortar ou separar em pedações, colocar no fundo de uma panela grossa e regar com azeite extravirgem. Espalhar por cima rodelas de batata cozida em proporção igual à de bacalhau. Cortar em gomos bastante cebola e refogar com azeite em panela grossa, lentamente, até obter pétalas transparentes. Temperar com alho, sal, pimenta-do-reino, sementes de cominho e de coentro em pó. Colocar na panela sobre as batatas. Cortar em pedaços tomates tipo caqui, mais para verdes, sem pele, em volume semelhante ao das cebolas, e colocar crus sobre elas. Para completar, azeitonas pretas grandes, quartos de ovos cozidos, salsa e cebolinha por cima. Nova rega de azeite, e a panela fica ali, fria, tampada, esperando sua hora. Que acontece quando todo mundo já chegou: basta aquecer a mistura até o azeite começar a borbulhar.

Não aferventa o bacalhau? Não, para evitar que fique seco.

E os acompanhamentos? Brócolis, é claro, ou agrião refogado com seus talos, e painço, aquele cereal redondo, amarelinho, em vez de arroz.

Mas para o verão recomendo a salada de bacalhau, que pode ser feita até com as laterais magras do mais baratinho. De molho 48 horas, depois limpar, cortar em bocados pequenos ou soltar em lascas, colocar numa vasilha de louça com tampa. Misturar bastante alho picado (2 cabeças médias para um quilo de bacalhau) e cobrir com azeite extravirgem. Deixar curtindo na geladeira por no mínimo 24 horas, mas dura uma semana ou mais.

Servir frio e, sim, cru, com pão, azeitonas, cebola, rúcula, aipo, tomate, pimenta-do-reino, alcaparras, vinho, um bom papo – e as bênçãos portuguesas, com certeza!

(Da coletânea de crônicas Amiga Cozinha, que está no prelo)