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sábado, 17 de abril de 2010

Comer bem: Um fio de azeite, de Rosa Nepomuceno

 
A moça da foto é a jornalista Rosa Nepomuceno, expert em ervas e especiarias e, modéstia à parte, minha amiga da vida inteira, que acaba de lançar o livro Um fio de azeite (Casa da Palavra/Senac) - e não é por outra razão que aparece acariciando folhas de oliveira na região da Toscana, Itália.

Rosinha fez uma viagem para fazer o livro, olha só que maravilha. Saiu com o amigo e chef Marcelo Scofano fuçando, anotando, fotografando, comendo e depois organizou tudo num trabalho que se lê babando. 

Só para vocês terem uma ideia: "O mundo do azeite tem vocabulário próprio, bastante rico. Diz-se que um óleo é frutado suave, médio ou intenso, adocicado, amendoado, amargo, picante, fresco, maduro, rústico, elegante, delicado, leve, harmonioso,equilibrado, desequilibrado, robusto, espesso, fino. Associam-se aromas e sabores não apenas ao das azeitonas, mas também às percepções 'de fundo', que os italianos chamam de retrogusto - a ervas, folhas secas ou mato recém-cortado (diz-se 'herbáceo'), a flores ('floral'), vegetais (tomate, alcachofra), frutas (maçã verde ou outra fruta madura, até mesmo banana ou frutos secos, como amêndoas e avelãs)."

Faz lembrar a minúcia sensorial da degustação de vinhos e tem até copinho próprio para degustar. Mas, ao contrário dos vinhos, azeite bom é azeite novo. E aí se esclarece um ponto sempre nebuloso para nós, leigos: a acidez do azeite aumenta com a passagem do tempo. O ideal é consumi-lo num prazo de dois anos. Assim, aquela garrafinha linda e caríssima com azeite extravirgem de acidez 0,1% que você está guardando há tempos no armário já pode estar com muito mais acidez do que um azeite vagaba ali da esquina.

Outro ponto que Rosa esclarece muito bem: azeite pode perfeitamente ser aquecido até a temperatura de 180oC sem perder suas qualidades. Acima disso faz fumaça, e qualquer gordura que faça fumaça já dançou, é jogar fora e começar de novo. Ela diz que os extravirgens são bem adaptáveis às altas temperaturas, "por sua resistência, estabilidade química e alto conteúdo de antioxidantes, mas para as frituras pode-se utilizar o sansa". Sansa, explica, é a palavra italiana para definir a massa formada por caroços e peles das azeitonas e resíduos do óleo (de 3 a 6%) que ficam nas mós (de pedra) ou máquinas de prensagem; após um duplo refino o óleo é misturado com azeite virgem e apresenta, nesse momento, acidez de 0,5%.

Recomendações importantes, entre muitas outras: na hora da compra, escolha o azeite mais jovem e dê preferência aos que são engarrafados na origem, em vidro escuro.

Um livro para ler degustando e presentear como se presenteia um bom azeite. De quebra, uma epígrafe que não posso deixar de copiar aqui: "O êxito não depende da sorte, depende da escolha feita. O êxito é um caminho, não um destino."