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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Cúrcuma, ou açafrão-da-terra: todo dia

Temperar é preciso, comer não é preciso. Alimentos podem encher a barriga, mas o que lhes dá mais alcance, profundidade e transcendência são as especiarias.

A cúrcuma, que em inglês se chama turmeric e em hindu haridra, é um desses temperos com os quais a vida melhora muito. E seu valor medicinal é tão grande que faz toda comida virar remédio.

Na feira você vai encontrá-la em forma de um pó amarelo-ouro que realça o sabor da comida e dá cor a qualquer coisa, do curry indiano à roupa dos monges. É boa para a pele, baixa o colesterol, protege o fígado, atua contra o câncer, trata a artrite, ajuda a digestão das proteínas, promove a absorção e regula o metabolismo, além de ser antiinflamatória, antimicrobiana, antioxidante, depurativa, desintoxicante, calmante e protetora do sistema cardiovascular. Chega? Não: faltou dizer que ajuda a formar o muco protetor do estômago e é muito útil em gripes, resfriados e dor de garganta.

Seu apelido “açafrão-da-terra” se deve à semelhança da cor da cúrcuma com a dos caríssimos estigmas da flor de açafrão, Crocus sativus, que dão um inigualável aroma e cor amarelada aos pratos com eles preparados na Espanha, na Índia, no Irã. Cento e cinquenta mil flores são necessárias para produzir um quilo de estigmas de açafrão – minúsculos filamentos que, dentro da flor, recolhem o pólen.

Já a cúrcuma (Curcuma longa) é irmã do gengibre e da galanga: fora da terra dá folha e flor, dentro guarda em segredo uns dedinhos tortos, marrom-alaranjados, que se pode usar frescos no inverno, quando são colhidos, para depois cozinhar no vapor, secar e moer os que sobrarem. Frescos: ralar, espremer, juntar o caldo no tempero do camarão, do peixe, do frango, do arroz ou dos legumes na hora de refogar. Em pó: guardar num vidro, misturar com outros temperos como fazem na Índia, usar um pouquinho em tudo o que for cozinhar – 1/4 a 1/2 colher (chá) por dia no total. Combina bem com gengibre, cardamomo, semente de coentro. Misturada a gorduras, a absorção (da cúrcuma) aumenta.

CHÁ Para gripe ou resfriado persistentes: 1 colher (chá) de cúrcuma em pó, 500 ml de água fervendo. Deixar em infusão durante 10 minutos. Tomar 3 vezes ao dia com um pouquinho de mel.

LAMBEDOR Para dor de garganta, polvilhar 1 colher (chá) de mel com pitadinhas de cúrcuma e lamber devagarinho.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

...e felizes chocolates

Vocês leram nos jornais que chocolate amargo é ótimo para o coração? Ajuda a manter a pressão baixa, limpa as artérias, combate os radicais livres, em três palavras: é o máximo. Chocolate, como todo mundo de bom gosto sabe, é a coisa mais perfeita já inventada pelo ser humano. Basta dizer que muita gente só compara chocolate a orgasmo, e assim mesmo depende do orgasmo. E é muito mais prático, já que pode ser saboreado sem problemas na frente de todo mundo, em qualquer lugar e hora, por qualquer pessoa de qualquer idade.

Essa delícia universal surgiu há mais de três mil anos entre os povos maias, toltecas e astecas. Era uma bebida especialíssima feita de sementes de cacau, torradas e socadas no pilão com pimenta, baunilha, urucum e às vezes milho, mel e flores secas. Chamava-se xocoatl, ou água amarga. Bebia-se quente ou fria. Os espanhóis, que enlouqueceram com ela no México, em 1519, levaram a fórmula para a Espanha e a trancafiaram nos mosteiros. Mas ela conseguiu escapar do claustro, entrou na história e em 1606 o chocolate já começava a ser bebido na Europa. Só em 1847 surgiu o primeiro chocolate em barra.

O grande barato do chocolate é que ele acalma e excita ao mesmo tempo. É rico em estimulantes como cafeína e teobromina, e alguns de seus aminoácidos conseguem alterar as propriedades das células nervosas de forma idêntica ao thc da maconha, ou seja, mudando a onda.

Com chocolate as pessoas ficam mais eufóricas mas também mais distraídas. Ele acelera os batimentos do coração, aumenta a pressão sanguínea e eleva o nível de glicose no sangue, proporcionando uma sensação de bem-estar físico semelhante somente à do pós-coito. Seu poder estimulante vem principalmente da cafeína, que age sobre o sistema nervoso central, coração, circulação sanguínea e rins; combate a depressão respiratória, reduz o cansaço, melhora a coordenação motora, aumenta a atividade sensorial e afasta o sono. Em compensação, pode causar irritabilidade, ansiedade, nervosismo, tremores, dor de cabeça e insônia.

Esse quase santo remédio, embora seja feito com uma gordura saturada que é a manteiga de cacau, não só não aumenta a taxa de colesterol do sangue como ainda ajuda a evitar que o colesterol se aglomere nas paredes das artérias.

Médicos do início do século consideravam o chocolate puro um alimento substancial e salutar, estimulante dos órgãos digestivos, reparador, conveniente aos temperamentos fracos e às pessoas idosas. E muitas fontes juram que ele não faz mal ao fígado, cada um que se entenda com o seu.

Brillat-Savarin, o maior gastrônomo da história (1755-1826), fez assim sua louvação ao chocolate: – É um poderoso restaurador. Se alguém tiver trabalhado demais em vez de dormir, alguém que se sentir temporariamente fraco das ideias, alguém que sinta o ar sufocante, o tempo custando a passar e a atmosfera impossível de suportar, deixem alguém que esteja atormentado por uma obsessão que o impeça de pensar com clareza, deixem que todos eles se tratem com meio litro de chocolate... e verão acontecer um milagre.

O Brasil demorou a ter bons chocolates amargos, com mais massa de cacau, portanto mais benéficos. Agora começam a chegar ao mercado inovações que valorizam o lado amargo da vida.
Lendas maias e astecas dizem que as sementes de cacau vieram do paraíso para dar sabedoria e poder a quem as come. Portanto, irmãos, comei chocolate e lambuzai-vos! Lembrai-vos, porém, de que muita sabedoria emburrece e muito poder enfraquece, portanto cuidai de poupar o prazer – apenas para que ele seja maior e mais intenso, e que se repita muitas, muitas e muitas vezes, amém.