domingo, 28 de setembro de 2014

Quem vive, respira


um ipê com suas favas, molhadinho de chuva

Por trás de nossos atos, palavras e pensamentos, ao longo de todos os dias e noites da
vida, respiramos. Incessantemente, trilhões de vezes, tão sem esforço que mal dá para
notar. Podemos viver muitos dias sem comida, alguns sem água, nem cinco minutos sem
ar. A troca que acontece nos delicados alvéolos pulmonares tem que ser constante: entra
oxigênio, sai gás carbônico. É uma lei primária de sobrevivência.

Mas isso não quer dizer que sempre respiramos bem. Prendemos a respiração, sem
perceber, em momentos de susto ou medo; ficamos sem ar diante de uma notícia grave,
esquecemos de respirar quando preocupados com alguma coisa. São paradas que
refletem um estado de tensão e servem para aumentá-la. Uma pessoa que fuma acende
um cigarro nessa hora e dá uma tragada funda. Outra, com noções de meditação e yoga,
vai fazer um esforço consciente para trazer a respiração de volta. Porque não é só a
troca de oxigênio por gás carbônico que interessa: há um ritmo de vida que a respiração
comanda, e o movimento do ar, seja puro ou poluído, mexe com a energia mental ao
passar pelas vias aéreas superiores.

A respiração rápida excita, a respiração lenta acalma. A rápida é forte, curta,
incompleta. A lenta é suave, longa, profunda: o ar chega até o fundo dos pulmões e
beneficia os órgãos internos com sua massagem. O coração, músculo soberano que
precisa bater direito para fazer circular o sangue e as emoções, reage imediatamente às
mudanças de ritmo respiratório. Não pode ser controlado diretamente, mas obedece à
respiração e se organiza quando ela é tranquila.

Morar nas cidades quase que obriga a tomar consciência da respiração. Grande parte da
atividade cotidiana envolve andar por vias cheias de gente, motos, carros e ônibus
poluentes, letreiros, barulho, perigo. O estresse é inevitável.

Um modo de recuperar o equilíbrio, mesmo no engarrafamento ou na fila do
supermercado, é prestar atenção à respiração e fazê-la lenta, longa e profunda.
Nada mais monótono: inspira, expira. Nem mais contínuo: inspira, expira.

Poderia ser um tédio. Não é. Aos poucos a pessoa observa com mais calma a passagem
do ar pelas narinas e sua descida pelos tubos respiratórios, o modo como o ar enche o
peito e a barriga e logo os esvazia, e de repente uma sensação de leveza cintilante está
tomando conta da cabeça. Respirar torna-se grande como o céu, como o mar. Nuvens e
ondas vão e vêm. Tudo em um espaço interior novo, que aumenta a superfície de
contato da pessoa consigo mesma. No fim, observar a respiração é uma forma pessoal de
meditação que pode acontecer a qualquer hora, em qualquer lugar, pelo prazer de
aquietar a mente e entrar nessa camada suave de existência.

Alguma disciplina pode ser necessária no início ~ por exemplo, contar os tempos da
inspiração e da expiração: de 1 a 5 inspirando, de 6 a 10 expirando. Quando esse ritmo
estiver estabelecido, manter a inspiração em 5 tempos e ir alongando a expiração até
15, ou mais. Tomar fôlego, inspirando rapidamente uma boa quantidade de ar para soltálo
aos poucos, é o que fazemos naturalmente ao rezar, cantar ou recitar mantras, que
também nos sossegam.

Além disso, a poluição das cidades é menos prejudicial para quem respira bem. As
mucosas por onde passa o ar têm cílios minúsculos formando um tapetinho onde fica

presa a sujeira. Basta lavar o nariz e a garganta, à noite, para livrar-se dela.

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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

"Saúde é outra coisa" no Rio de Janeiro: 24/9, 1/10 e 8/10



ilustração de Celina Gusmão

SAÚDE É OUTRA COISA
curso com Sonia Hirsch no Rio de Janeiro
24 de setembro, 1 e 8 de outubro 2014


4a feira, 24 setembro, 18h30 a 21h30

SAÚDE É OUTRA COISA

alimentação distraída, diagnósticos preocupantes ~ inflamação crônica por trás do adoecimento ~ a dieta do dr Barcellos contra o câncer e todas as alergias: uma estratégia


4a feira, 1 de outubro, 18h30 a 21h30

O DE FORA E O DE DENTRO

o grande universo de alimentos tradicionais ~ tudo me é permitido, mas nem tudo me convém ~ boas escolhas baseadas em quantidade, qualidade e autoconhecimento


4a feira, 8 de outubro, 18h30 a 21h30

PARA NÃO ADOECER

frio, calor, umidade, secura ~ a cozinha medicinal que privilegia a digestão ~ parasitoses, evitar e tratar ~ candidíase crônica, evitar e tratar ~ ervas e temperos na comida e nos chás


local: Flex Center - Salão Esmeralda
Largo do Machado 54
metrô - estacionamento na praça e no prédio (com desconto)


inscrição somente online: correcotia.com/rio


r$225 até 18/9

r$300 depois

boleto, débito em conta, cartão e parcelamento disponíveis

domingo, 3 de agosto de 2014

Caldos e sopas quentes para hidratar no inverno

(do livro Candidíase, a praga)

caldos

caldo de vegetais
Pode ser feito a qualquer momento com vegetais variados, misturando raízes, bulbos, talos, folhas e ervas, fresquinhos ou que já estejam ficando velhuscos na geladeira. Ferver em água durante 40 minutos, coar, descartar os sólidos, já esgotados.

Temperar com missô e cebolinha-verde picada. Pode despejar bem quente sobre brotos de feijão ou folha picadinha de couve-chinesa para equilibrar o muito cozido com o muito fresco. Gotas de gengibre ralado e espremido ou limão caem bem.

caldo de alga kombu
Corte com uma tesoura um pedaço de mais ou menos 3 x 3cm de alga kombu e limpe com um pincel para tirar resíduos. Não se incomode com a poeirinha esbranquiçada que ela tem, são sais.
Ponha de molho em meio copo de água sem cloro (mineral ou de fonte). Depois de uma a três horas a água estará esverdeada. Retire a alga, aqueça o caldo sem deixar ferver, tempere com missô.
Se não gostar do sabor, pense em juntar gengibre, limão ou alho.
A alga pode ser utilizada em outros pratos.

outras algas marinhas
Algas arame e hijiki devem ser lavadas rapidamente sob a torneira, dentro de uma peneirinha; ficam de molho meia hora em pouquinha água e podem ser refogadas como qualquer outro vegetal. Aproveitar a água na sopa.
Alga wakame não precisa cozinhar. Após ficar de molho, pode entrar ao natural em qualquer prato.

caldo de cogumelo shiitake
4 cogumelos shiitake secos, de tamanho médio

2 xícaras de água fervendo
sal ou shoyu
cebolinha-verde
Leve a água ao fogo. Quando estiver fervendo, coloque os shiitakes, tampe, baixe o fogo e dexe ferver por 5 a 8 minutos. Retire os shiitakes, reserve para usar em outro prato, sirva o caldo com shoyu e cebolinha.

caldo de alho: aïgo boulido
Uma das mais antigas tradições da Provence, na França, este caldo de alho tem fama de salvar vidas.
1 litro de água

1/2 colher/chá de sal

6 dentes de alho amassados

1 raminho de sálvia

1 raminho de tomilho

1/4 de folha de louro

1 gema de ovo
Ferver por 10 minutos a água com alho e sal. Juntar um raminho de sálvia e outro de tomilho, se possível frescos, e 1/4 de folha de louro. Tampar e retirar do fogo.
Deixar em infusão de 10 a 15 minutos e retirar as folhas.
Desmanchar a gema em um pouco do caldo e misturar ao restante, para engrossar. Tomar puro na dieta radical. Na dieta suave, servir em prato fundo onde já estejam duas fatias de pão integral de fermentação longa, torradas e regadas com azeite.

caldinho de rã
É famoso por limpar pulmões e intestinos e restaurar a flora intestinal, fortalecendo o sistema imunológico. Para uma rã limpa, 4 copos de água; ferver em fogo baixo até reduzir à metade; dá para dois ou três dias. Tomar uma xícara em jejum, quente, com ou sem gotinhas de shoyu ou limão, com ou sem sumo de salsa fresca, durante uma semana; parar uma semana e repetir.

caldo de carne caseiro
O bom caldo de carne leva osso, de boi ou de cordeiro. O de maior reputação é feito com ossobuco, o osso da perna dianteira do boi, que tem tutano por dentro e músculo por fora. Tutano é a medula óssea, gordura rica, leve e saborosa. A receita clássica leva vegetais que aumentam valor e sabor.
1k de ossobuco ou 1/2k de músculo

2 cenouras médias

1 nabo redondo médio 

1 cebola média

2 dentes de alho ou 1 pedaço de gengibre

2 talos de aipo
1 colher/chá de sal

2 folhas de louro
1 colher/chá de tomilho
Ponha tudo a ferver com bastante água, em fogo baixo, durante três horas; coe, dispense os sólidos e guarde o caldo. Retire as placas de gordura depois de esfriar. Pode congelar.
O tutano deve ser retirado de dentro dos ossos ainda quente, com uma faquinha ou colher pequena, para desmanchar no caldo. Ou comer com torradinhas integrais e sal, na dieta esperta.

caldo caseiro de frango ou galinha
Frango é um jovem rapaz, galinha é uma velha senhora. Dizem os entendidos que o bom caldo medicinal é de galinha, cozida até desmanchar. Use as partes menos nobres – carcaça, pescoço, asas, pés, com ou sem a pele, e faça como o caldo de carne. Desengordure depois se achar necessário. Nesta dieta as gorduras animais são importantes, e se o frango for de boa procedência, como deve ser, a gordura será saudável em pequena quantidade.

caldo de peixe caseiro
Use somente as cabeças e espinhas de peixes de escamas, não de couro, acrescentando os vegetais e ervas que lhe parecerem bem, depois coe e descarte os sólidos.

para dar mais sabor e valor aos caldos:

bouquet garni
É uma trouxinha ou amarradinho de ervas que empresta um sabor delicioso aos caldos e maior poder desintoxicante. Louro, manjericão, manjerona, salsa e tomilho são os cinco utilizados no bouquet garni da marca petropolitana Provence.

vegetais aromáticos
Aipo/salsão, alho-poró, cenoura, nabo redondo, alho, cebola, gengibre: ferver junto com ossos, carnes, aves ou peixes, depois coar e descartar os sólidos: já deram o que tinham que dar.

sólidos
Na hora de servir, pode-se acrescentar aos caldos, bem quentes, pedaços de inhame ou cará cozidos à parte (dieta suave), brotos de feijão frescos, cebolinha-verde e outros vegetais cozidos e crus.
Todos os caldos favorecem a produção de enzimas por serem ricos em vitaminas e sais minerais; podem abrir e acompanhar a refeição ou quebrar um galho na hora do lanche.

sopas

sopa de feijão-preto para rins e adrenais
Esta receita de sopa é tradicional no Oriente por fortalecer os rins e as glândulas adrenais, ou suprarrenais – aquelas responsáveis por nos dar condições de reagir em situações de stress. O inverno é o grande momento de dar atenção aos rins. Quem sente muito frio pode estar demonstrando fragilidade nessa área. A sopa de feijão-preto, além de ser deliciosa, aquece o corpo, e esse efeito dura vários dias. Pode ser repetida uma vez por semana, mas não deve ser guardada na geladeira: a recomendação é tomá-la à vontade, mas num dia só.

1 xícara de feijão-preto

1 cebola média picada

1/2 colher/café de sal

1/2 colher/café de cúrcuma em pó

1/2 colher/café de gengibre em pó

1/2 colher/café de cominho em pó

1/2 colher/café de pimenta-do-reino em pó

1 colher/café de sementes de funcho

Deixar o feijão de molho na véspera, trocando a água. Levar ao fogo e descartar a água da primeira fervura. Cozinhar em panela destampada durante 2 ou 3 horas, juntando água se necessário. Acrescentar os temperos quando o feijão estiver macio, refogando em azeite ou direto na água. Servir com salsa e cebolinha picadas, ou coentro.
Tomar o quanto quiser no mesmo dia, se possível mantendo a sopa quente em banho-maria; não guardar a sobra. E não comer cereais na mesma refeição.
Pode fazer a receita substituindo o feijão-preto por outro, mas não terá os mesmos efeitos.

caldinho de grão-de-bico
2 xícaras de grão-de-bico

6cm de gengibre

2 folhas de louro

1 colher/chá de sal

água

Escolha grãos-de-bico graúdos, que cozinham melhor, e deixe de molho na véspera. Retire a espuma que se forma após a primeira fervura. Cozinhe em panela comum, destampada, em fogo baixo, por três ou quatro horas, com um pedaço de gengibre e duas folhas de louro. Acrescente água fervendo de vez em quando.
Quando os grãos-de-bico estiverem bem macios, amasse grosseiramente com a colher de pau, tirando ou não as cascas que estão quase soltas. Junte mais água para formar o caldo, se necessário, ponha o sal e ferva por mais alguns minutos. Sirva com gotas de azeite de oliva e salsinha ou cebolinha frescas.

sopa de lentilhas
1 xícara de lentilhas

2 dentes de alho, ou 
2cm de gengibre

1 colher/café de cúrcuma

1 colher/café de sal marinho

Deixe de molho na véspera, retire a espuma que se forma após a fervura, acrescente os temperos (menos o sal) e cozinhe em panela destampada por algumas horas, até os grãos ficarem bem macios. Acrescente o sal. Sirva com salsinha ou cebolinhas frescas e não coma cereais na mesma refeição. Pode tomar no almoço e na janta.
por que as panelas destampadas?
Para não dar gases. É impressionante a diferença entre os feijões, ou leguminosas, cozidos em panela aberta e em panela de pressão. Seja para sopa ou não. Este o segredo do fogão a lenha: a panela de feijão fica de ladinho, respirando, cozinhando lentamente, liberando no vapor o que dentro de nós iria fermentar.

sopa de abóbora com leite de coco e gengibre
1 coco de tamanho médio

1/2 quilo de abóbora japonesa cortada em cubos

1 colher/sopa de sumo de gengibre ralado
1 ramo de manjericão
Cozinhar a abóbora em pouca água. Abrir o coco, juntar sua água com a do cozimento da abóbora, bater com a polpa do coco no liquidificador, espremer para tirar o leite. Devolver à panela com a abóbora, acrescentar o gengibre, misturar até aquecer e servir com folhas de manjericão por cima.

sopa de cebola com missô
1 cebola média por pessoa

1 colher/sobremesa de missô por pessoa

salsinha picada

Ponha para ferver as cebolas inteiras com bastante água. Após 40 minutos desligue o fogo. Desmanche o missô em um pouco de caldo e leve à mesa em uma molheira. Sirva o caldo com uma cebola inteira em cada prato, e coloque o missô por cima com a salsinha.

sopa de aipim com alho-poró
1 xícara de aipim

1 xícara de alho-poró

1 colher/chá de azeite
Cozinhe o aipim deixando sobrar um pouco de água, retire o cordão e amasse com o garfo. Refogue em azeite o alho-poró. Misture. Acrescente água se for o caso, e sal ou missô.

sopa de inhame com agrião
1 xícara de inhame cozido

2 xícaras de agrião com talos, lavado e picado

1 dente de alho esmagado

1 colher/chá de azeite
Cozinhe o inhame com casca, retire, amasse com o garfo; coe e aproveite a água que sobrou do cozimento. Refogue o alho no azeite, depois o agrião com seus talos. Junte o inhame cremoso. Tempere com 1 colher de missô ou um pouquinho de sal.

sopa de arroz do Pai José
1/2 xícara de arroz integral levemente tostado

3 dentes de alho inteiros

2 cebolas médias, em gomos

3 talos de aipo, com ou sem as folhas, picado

1 alho-poró médio, picado

6 folhas de bertalha
Cozinhe o arroz, com 1 pitada de sal e 8 xícaras de água ou mais, durante 3 horas; fogo baixo, panela meio tampada. Coloque os vegetais e deixe mais 40 minutos; desligue o fogo e coloque a bertalha. Sirva depois de uns minutos, com cebolinha-verde.

Se não encontrar bertalha, refogue à parte algumas folhas de chicória e coma junto com a sopa. Tanto bertalha quanto chicória ajudam a limpar os intestinos.

sábado, 12 de julho de 2014

Inverno, calor & vida

Inverno: sol lá fora, mas cá na sombra uma brisa geladinha, e haja gengibre para esquentar!
De manhã, chá de gengibre com hortelã: além de ser deliciosa, essa combinação neutraliza toxinas, acalma o fígado, tonifica os rins e regula o fluxo de energia vital.
Meio-dia, um bom pedaço de gengibre na panela de pressão, junto com o grão-de-bico deixado de molho na véspera, mais um raminho de tomilho, sal no final, caldo grosso, azeite ao apagar o fogo: é de comer gemendo, ainda mais num cozido light onde não faltem abóbora, batata-doce, banana-da-terra, alho-poró, couve, repolho, cebola inteira, cenoura.
À noite, é claro, sopa. De qualquer coisa, mas com um pouquinho de sumo de gengibre ralado e espremido, para expulsar o frio e evitar gripes e resfriados.
Muita gente aprendeu a comer gengibre em
restaurante japonês, acompanhando peixe cru.
Ele traz um calor que compensa a natureza fria do peixe.
Porque o estômago, como se sabe, é quentinho; todo o
nosso corpo é quentinho por dentro. Quando entra uma
comida fria, o nosso sistema de aquecimento precisa
trabalhar mais para fazê-la chegar à temperatura em que
o estômago pode digerir. Acontece que a grande fonte de
energia corporal é justamente a comida quente: além
de alimentar, ela doa um calor precioso. E fria, rouba calor.
Essa história de natureza da comida vem
dos chineses, que há milênios observam
os fenômenos do universo. Eles mostram,
por exemplo, que as frutas são quase todas
de natureza fria ou fresca, não vão aquecer
ninguém – a menos que sejam cozidas
ou assadas com aditivos quentes, como
cravo e canela.
Cravo esquenta o estômago, os rins, joelhos e a região
lombar. Canela dispersa o frio do abdômen. Chupar
qualquer um dos dois já começa a aquecer por dentro.
Calor é essencial à vida, e vida se faz a cada momento.
Metade do efeito dos chás medicinais vem da água quente.
Mas nem todo chá esquenta. O preto, puro
ou aromatizado com jasmim, bergamota, pêssego,
maracujá e outras essências, esfria o corpo assim que a
água esfriar – tanto que os ingleses começaram a usá-lo
na Índia justamente para refrescar. Mesmo quente,
faz suar e o suor refresca a pele, que refresca o interior
do corpo. Quem não abre mão do chá preto no inverno
pode temperá-lo com cravo, canela, gengibre, cardamomo
(outra sementinha picante, aromática e deliciosa),
casca de laranja e até pimenta.
Outros alimentos que ajudam a produzir calor:
abóbora, alho-poró, cenoura, cebola, cebolinha verde
(todos lá dentro do cozido), arroz, carnes de coelho
e galinha, rim, mexilhão, cevada, painço, leite de coco,
extrato de malte, chalota (aquela cebola mais comprida
que redonda). Lichia, maçã, pêssego e uva são das poucas
frutas que não esfriam o corpo.
Pés e mãos frios podem ser resultado
de uma alimentação com pouco calor,
que torna a digestão mais difícil.
Este é o grande inconveniente de comida congelada
e aquecida no forno de micro-ondas – os alimentos retêm
a natureza do frio, e o reaquecimento proporcionado pelas
ondinhas não é profundo. Se não houver outro jeito,
compense tomando uma sopinha antes e um chazinho
depois. A sopa pode ser só um caldinho de missô
(massa de soja salgada e fermentada), basta dissolver
uma colher de chá de missô em uma caneca de água
bem quente, cebolinha picada por cima e, claro,
muitas gotinhas de gengibre ralado e espremido.

E quem não gosta de gengibre também não
morre de frio: enrola uma faixa de crepe nos quadris,
por baixo da roupa, e ganha um calor secreto
que apruma qualquer friorento.

terça-feira, 24 de junho de 2014

sábado, 14 de junho de 2014

Entrevista no Repórter Eco, da TV Cultura: domingo, às 17:30



Sim sim, temos França x Honduras antes, Argentina x Bosnia depois, e eu no meio do esperneio!

https://www.facebook.com/ReporterEco

Passa de novo no sábado 21/6, às 8h05. Depois estará disponível no site da TV Cultura: cmais.com.br

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Para sobreviver melhor

Por trás de nossos atos, palavras e pensamentos, ao longo de todos os dias e noites da vida, respiramos. Incessantemente, trilhões de vezes, tão sem esforço que mal dá para notar. Podemos viver muitos dias sem comida, alguns sem água, nem cinco minutos sem ar. A troca que acontece nos delicados alvéolos pulmonares tem que ser constante: entra oxigênio, sai gás carbônico. É uma lei primária de sobrevivência.

Mas isso não quer dizer que sempre respiramos bem. Prendemos a respiração, sem perceber, em momentos de susto ou medo; ficamos sem ar diante de uma notícia grave, esquecemos de respirar quando preocupados com alguma coisa. São paradas que refletem um estado de tensão e servem para aumentá-la. 

Uma pessoa que fuma acende um cigarro nessa hora e dá uma tragada funda. Outra, com noções de meditação e yoga, vai fazer um esforço consciente para trazer a respiração de volta. Porque não é só a troca de oxigênio por gás carbônico que interessa: há um ritmo de vida que a respiração comanda, e o movimento do ar, seja puro ou poluído, mexe com a energia mental.

A respiração rápida excita, a respiração lenta acalma. A rápida é forte, curta, incompleta. A lenta é suave, longa, profunda: o ar chega até o fundo dos pulmões e beneficia os órgãos internos com sua massagem. O coração, músculo soberano que precisa bater direito para fazer circular o sangue e as emoções, reage imediatamente às mudanças de ritmo respiratório. Não pode ser controlado diretamente, mas obedece à respiração e se organiza quando ela é tranquila.

Morar nas cidades quase que obriga a tomar consciência da respiração. Grande parte da atividade cotidiana envolve andar por vias cheias de gente, motos, carros e ônibus poluentes, letreiros, barulho, perigo. O estresse é inevitável.

Um modo de recuperar o equilíbrio, mesmo no engarrafamento ou na fila do supermercado, é prestar atenção à respiração e fazê-la lenta, longa e profunda. Nada mais monótono: inspira, expira. Nem mais contínuo: inspira, expira.

Poderia ser um tédio. Não é. Aos poucos a pessoa observa com mais calma a passagem do ar pelas narinas e sua descida pelos tubos respiratórios, o modo como o ar enche o peito e a barriga e logo os esvazia, e de repente uma sensação de leveza cintilante está tomando conta da cabeça. Respirar torna-se grande como o céu, como o mar. Nuvens e ondas vão e vêm. Tudo em um espaço interior novo, que aumenta a superfície de contato da pessoa consigo mesma. No fim, observar a respiração é uma forma pessoal de meditação que pode acontecer a qualquer hora, em qualquer lugar, pelo prazer de aquietar a mente e entrar nessa camada suave de existência.

Alguma disciplina pode ser necessária no início ~ por exemplo, contar os tempos da inspiração e da expiração: de 1 a 5 inspirando, de 6 a 10 expirando. Quando esse ritmo estiver estabelecido, manter a inspiração em 5 tempos e ir alongando a expiração até 15, ou mais. Tomar fôlego, inspirando rapidamente uma boa quantidade de ar para soltá-lo aos poucos, é o que fazemos naturalmente ao rezar, cantar ou recitar mantras, que também nos sossegam.


Além disso, a poluição das cidades é menos prejudicial para quem respira bem. As mucosas por onde passa o ar têm cílios minúsculos formando um tapetinho onde fica presa a sujeira. Basta lavar o nariz e a garganta, à noite, com água morna e ligeiramente salgada, para livrar-se dela. Vamos lá?

domingo, 4 de maio de 2014

Leite pasteurizado x leite cru: ótimo artigo de Pat e Alexandre Feldman

Seria preciso um estudo sério comparar os efeitos do leite de vaca sobre o ser humano antes e depois da lei de 1952 que tornou obrigatório pasteurizar tudo. De lá para cá, a incidência de câncer cresceu muito, especialmente nos países que adotaram laticínios industrializados de criação norteamericana.

O dr Alexandre Feldman é um médico que acredita em comida. Como Hipócrates, não muda o remédio: muda o cardápio. Sua especialidade é enxaqueca. É casado com Pat Feldman, mulher dos sete instrumentos que exerce a culinária como arte essencial da vida.

Leia aqui o que eles dizem sobre os leites disponíveis hoje.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Papeluxos do curso "Meditando na Cozinha" em BH para baixar e imprimir

Faço esses papeluxos, nos cursos, como uma espécie de memória para todos nós. Acabei agora de fazer os que vamos usar neste fim de semana em BH.

Pela primeira vez me dou conta de que todo mundo pode ter acesso a eles em pdf. Pois aqui vai o link das minhas quatro folhinhas soltas ao léu: papeluxo comer bem-muito prazer .









terça-feira, 15 de abril de 2014

Para branquear os dentes? Cúrcuma!



Estava eu aqui posta em sossego atualizando meus livrinhos quando a Ninesh mandou um comentário a um post sobre cúrcuma - http://www.soniahirsch.com/2009/04/curcuma-ou-acafrao-da-terra-todo-dia.html - falando sobre escovar com ela os dentes. Como a cúrcuma é boa para tudo, inclusive proteger a madeira contra cupins, acreditei e tratei de experimentar.

Gente, a boca fica maravilhosamente limpa, os dentes absurdamente brancos. E a escova, claro, para sempre amarela.

Basta molhar a escova em água e encostá-la no pó que ela vem carregadinha. Não faz espuma.

Cuidado só com o pijama: os respingos mancham. Mas se acontecer, é só tingi-lo com a própria…

Valeu, Ninesh!

E para comprar direto da cooperativa de produtores de açafrão (cúrcuma) de Mara Rosa, acesse http://cooperacafrao.blogspot.com.br .

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Alô alô, Santa Catarina e Paraná: Curso de dietoterapia chinesa e brasileira de 23 a 25 de maio em Joinville


Próxima atração: Dengue transgênica?

“Na última quinta o governo liberou o uso comercial de mosquistos Aedes aegypti transgênicos. Em nenhum outro país do mundo esses organismos estão sendo usados em escala comercial. Alguns estudos foram feitos no Panamá e Ilhas Cayman, além de duas experiências na periferia de Juazeiro, na Bahia.

As conclusões desses testes na Bahia não foram apresentadas à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio e, portanto, não constam do pedido de liberação comercial que foi aprovado na última sessão do órgão. Ainda assim, os dados disponíveis falam apenas na redução da população de mosquitos da dengue, sem contudo informar se houve ou não queda da incidência da doença nas áreas avaliadas, que seria a grande promessa da tecnologia.”

Leia mais sobre esse modo absurdo de produzir riscos biológicos desnecessários em
http://aspta.org.br/campanha/670-2/ .

domingo, 13 de abril de 2014

Comer bem, comer mal + Maionese de inhame


“Ho ho ho”, ri o falso Papai Noel esfregando o barrigão depois de devorar a ceia, “Comi bem!” E a jovem, após singela saladinha de alface, recusando outros pratos: “Obrigada, comi bem”. A enfermeira, sobre o paciente que parece estar um pouco melhor: “Está comendo bem...” E o casal que acaba de gastar uma pequena fortuna num jantar de alta gastronomia: “Ah, comemos muito bem!”.

Como se vê, cada um come bem de um jeito. Mas afinal, o que é mesmo comer bem?

Com certeza, não é comer muito. A gula sempre foi e continua sendo um pecado capital. Mesmo que o conceito de pecado seja um pouco elástico hoje em dia, pode-se dizer que a pessoa empanturrada peca contra si mesma, contra o delicado equilíbrio do corpo que sente, pensa, fala, age. A digestão sequestra toda a energia disponível e é por isso que muitas vezes põe os glutões para dormir o sono pesado da comilança.

Comer pouco também não é comer bem. Pouco já diz que é pouco. Se for uma estratégia para reduzir o tamanho do estômago sem cirurgia, vale a pena – mas aí o que se recomenda é fazer várias pequenas refeições por dia, todas bem nutritivas, para não gerar carências.

Porque também não come bem quem come qualquer coisa. Se há algo que faz diferença na alimentação, hoje, é a qualidade. O mundo alimentar foi dividido em dois: comida de verdade de um lado e produtos alimentícios de outro. O Brasil já está em plena “transição nutricional”, dizem os cientistas políticos. Nosso consumo de feijão caiu 25% enquanto o de refrigerantes e guloseimas subiu 40%. Com maior poder aquisitivo, estamos optando por pseudocomida industrializada. Ou seja, comendo mal, o que acaba levando a doenças crônicas e distúrbios recorrentes que estragam a vida de qualquer
um.

Por outro lado, mercados e feiras continuam aí. Há cada vez mais barracas de vegetais orgânicos, frutas do sítio, frangos e ovos caipiras, pães de farinha integral e todo tipo de alimento de verdade para fazer uma boa comida tradicional. Até mesmo vegetais e frutas produzidos com agrotóxicos, em cujo uso o Brasil é campeão, ajudam a desintoxicar - não só dos pesticidas que carregam, mas de toxinas do ar, da água, do estresse.

Folhas verde-escuras, como couve, mostarda, brócolis, chicória, rúcula e tantas outras: comê-las todo dia é um seguro de saúde concreto. Vegetais coloridos e variados – abóbora, cenoura, beterraba, rabanete, pepino, nabo, quiabo e tantos outros, se possível da estação e produzidos nas redondezas, são o que garante de fato a presença de vitaminas e sais minerais no sangue. Seja com arroz e feijão, seja com carnes, peixe ou aves, os vegetais é que fazem a diferença. E o custo de uma sacola cheia de vegetais divertidos pode ser bem menor que o de um queijo, por exemplo, que alimenta menos e
costuma levar a tantas reações alérgicas.

Esse é outro ponto importante: o que cada um pode ou não pode, deve ou não deve comer. Conhecer-se é fundamental para ter bem-estar. O corpo reclama quando insatisfeito - rinite, dor de cabeça, intestino preso ou solto, muitos gases, dificuldade de pensar com clareza. Em vez de tomar logo um comprimido, faz bem quem pensa sobre que comeu na véspera. Comida também dá ressaca.

Quantidade, qualidade e autoconhecimento são três critérios confiáveis para comer melhor. O que não significa comer com rigidez. Como diz a médica norteamericana Christiane Northrup, “Não existe dieta perfeita; mesmo que você a encontre, o desejo de variar vai produzir mudanças, e isto é saudável”.

Maionese de inhame da Myriam, minha irmã
para temperar saladas e vegetais ou passar na torradinha

Rendimento: 1 litro

300 gramas de inhames cozidos, sem casca
1 xícara/chá de azeite
1 1/2 xícara de água
1 colher/sopa de mostarda
1/2 cebola média picada
1 ou 2 dentes de alho
1/2 limão grande espremido
salsa e cebolinha picadas
sal e pimenta-do-reino a gosto
1/2 colher/café de açúcar ou mel

Bater tudo no liquidificador até obter um creme homogêneo. 
Guardar na geladeira, em vidro grande, e ir tirando aos poucos.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Dieta radical da candidíase: Farinhas de coco e banana verde da Poly

Extraído dos comentários em http://www.soniahirsch.com/2010/07/candidiase-gourmet-sugestao-de-cardapio.html 

Poly:

Estou fazendo a dieta, sofri bastante os primeiros dias, só pensava em comida, de tanta fome! Mas os resultados são animadores, corrimento de uma vida INTEIRA desapareceu!!! Com apenas uma semana.

Descobri a farinha de banana verde e a de coco, fiz as duas em casa. Posso usá-las na dieta radical? Gostaria de preparar panqueca pela manhã como desjejum.

Sonia:

Poly, experimente e observe. Depois conte pra nós como foi.

A farinha de coco eu experimentei e achei simplesmente o máximo. Você fez em casa como? E a farinha de banana-verde?

Poly:

Pra fazer a farinha de banana verde comprei uma penca bem verdinha, descasquei e cortei em rodelas, espalhei na forma e levei ao forno com fogo baixo. Aí é só ir observando, quando as rodelas estiverem bem sequinhas, quase quebrando na mão você tira, espera esfriar e depois coloca no processador ou liquidificador até formar a farinha.

No meu caso bati no liquidificador mesmo, e fui peneirando aos poucos.

Não tem gosto de quase nada, e realmente prolonga a sensação de saciedade.

A farinha de coco eu fiz com o coco maduro, ralei toda a polpa e depois deixei de molho por uns 15 min em água quente, li que ajuda a eliminar um pouco do excesso de gordura. Depois bati tudo no liquidificador e coei com um pano de prato limpo. 

O liquido que sobra é praticamente um leite de coco caseiro. O coco ralado que fica no pano de prato eu coloquei numa forma e levei ao forno até secar. Depois é só levar ao processador ou liquidificador e formar a farinha. 

Quando levar esse coco ralado ao forno tem que observar bem para não queimar, porque ele seca muito rápido,a farinha fica num tom amareladinho mesmo. Peguei as receitas de como fazer essas farinhas na internet, achei melhor fazer em casa do que comprar pronto.

Espero ter ajudado.

Abraços 

Sonia:

Ajudou muito, Poly! Peço sua licença para compartilhar aqui :-)

PS - E a receita da panqueca?


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Maconha liberada pelo juiz! E já que estamos falando de drogas recreativas...


Deu no Globo de hoje, página 8: o juiz Frederico Maciel, de Brasília, absolveu um rapaz que foi preso por tentar levar 46 gramas de maconha para um amigo dentro do presídio, considerando incoerente que álcool e tabaco sejam permitidos e vendidos, enquanto a maconha, “um entropecente recreativo”, é proibida. Considera ilegal a portaria da Anvisa que coloca o THC entre substâncias sujeitas a controle especial, devido ao baixo poder nocivo.

Já que outras figuras de proa do mundo, como Fernando Henrique Cardoso, Pepe Mujica e até Obama estão de acordo, passemos ao parágrafo seguinte: 

A LARICA.

O problema mais comum derivado do consumo de maconha passa longe, muito longe, da visão oficial sobre o assunto: é a famosa e imprevisível larica.

Trata-se de uma fome inacreditável, compulsiva, obsessiva, que quando ataca não deixa a vítima pensar em outra coisa. E aí, o que estiver mais à mão é devorado gulosamente sem a menor vergonha, inclusive pizza gelada e coca-cola choca. Cresce o desejo por coisas doces, e depois, é claro, vem o famoso bode: moleza, preguiça, sono, deixa pra lá...

Mas não é só quem fuma baseado que pode ter larica. A larica é livre, popular, não respeita sexo, cor, religião, partido ou time. Você tem ou não tem, e isso depende da forma como cada organismo trata o açúcar. Uns anseiam por ele, outros nem ligam. Há quem beba álcool: nesse caso é uma larica etílica.

Maconha dá larica porque faz baixar por algum tempo o nível de glicose no sangue, com efeitos especiais no cérebro, cujo principal combustível é glicose. O jejum de glicose pode dar barato, mas também pode provocar um ataque de hipoglicemia, com suor, palpitações e tremedeira, e aí o único jeito é proporcionar ao dependente uma dose rápida de açúcar. Por outro lado, glicose demais no sangue faz o cérebro ficar saturado, lerdo, pesadão; deprime, emburrece, narcotiza.

Como se vê, açúcar é uma droga poderosa. Tão poderosa que é difícílimo tirá-la de onde está, profundamente arraigada nos nossos hábitos diários de consumo, rainha dos lares, escolas e hospitais. Deveria ser proibida para menores.

Diga não ao açúcar!

Do livro Sem açúcar, com +afeto, 
cuja 15a tiragem está no prelo,
em edição atualizada,

com capa nova de Cesar Lobo.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Flúor: boas e más notícias

A boa é que essa plantinha indiana, o manjericão santo (Ocimum tenuiflorum), consegue neutralizar grande parte do flúor na água. A má é que ele continua sendo adicionado à nossa água potável, sem necessidade, porque os governos são, como direi… calma, Sonia… como direi…

http://noticias-alternativas.blogspot.com.br/2013/04/manjericao-santo-remove-fluor-da-agua-e.html

Grata a Unknown, que postou esse comentário aqui no blog.