terça-feira, 30 de março de 2010

Comer bem: Carlo Petrini & Slow Food

Algumas frases da palestra de Carlo Petrini, jornalista, gastrônomo e fundador do movimento Slow Food, na última quarta-feira, em SP, enviadas por Pérola Boudakian:

“70% da água utilizada no planeta é consumida pelo agronegócio de grande escala.”

“Em amostras de terra na Itália, verificou-se a presença de agrotóxicos que eram comercializados apenas há 120 anos atrás. O problema não é só o veneno que está em nossos corpos, mas principalmente os que estamos colocando nas terras e rios. O que queremos deixar para nossos descendentes.”

“Chegou a hora de cada um assumir sua responsabilidade. O ato de alimentar-se conscientemente é o grande ato político que qualquer ser humano pode fazer, portanto o mais democrático.”

“O Brasil é um país abençoado pela quantidade de terra ociosa e a grande abundância de água, infelizmente o motivo das próximas guerras.”

“A grande saída para humanidade é o comércio local em rede, onde se economiza recursos naturais e se constrói a real cidadania e a solidariedade.”

“Não é possível que tenhamos um desequilíbrio tão grande, onde 1/5 da população morra de fome e mais 1/5 tenha problemas de obesidade, diabetes entre outros causados pela hiperalimentação.”

“O sistema de alimentação é o principal pivô da profunda crise em que vivemos. Os alimentos industrializados que dominam nossa alimentação hoje, têm preço mais baixo e um valor mais baixo ainda, o que compromete toda nossa existência.”

Valeu, Pérola!

sábado, 27 de março de 2010

Drogas poderosas: Um antifúngico chamado lufenuron

Outro dia alguém perguntou aqui sobre o lufenuron no combate à candidíase e eu não sabia bem o que era. Agora pesquisei. Achei as respostas no site da nutricionista Sarah Vaughter, casada com um químico. Eles fuçam os pedidos de patentes da indústria farmacêutica e trazem à luz alguns estudos como esse.

Resumo do resumo: lufenuron é uma substância inócua para mamíferos mas abre buracos nas células dos fungos porque é feito de quitinase, uma enzima inibidora da quitina, proteína que não existe em mamíferos, só em fungos, parasitas, aracnídeos e insetos. Nosso organismo produz quitinase naturalmente para digerir a carapaça dos fungos; temos também quitinase no sangue.

É a mesma substância utilizada nos comprimidos Program, que funcionam nos cachorros como anticoncepcionais de pulgas, ou pelo menos era isso que eu achava; o site diz que eles corroem os tecidos das larvas de pulgas.

A nutricionista dona do site, Sarah Vaughter, vende um pacote de lufenuron em pó que a pessoa vai tomando junto com algum líquido, numa dieta que precisa ter bastante gordura, já que o dito cujo fica armazenado nela e vai sendo liberado aos poucos. Ela diz que em 4 dias a vítima já sente a piora antes da melhora (die off ou reação de Herxheimer). Ela compra a substância no atacado, revende a preços módicos e mostra os estudos da Novartis quanto à segurança do uso em humanos.

A pergunta que fica é: por que a indústria farmacêutica não está divulgando o lufenuron como antifúngico, enquanto insiste em outras drogas que não resolvem e têm efeitos colaterais para rins e fígado? Para vender mais remédios, talvez? Ou a história do lufenuron não está bem contada?

Este é um blog natureba, voltado para a promoção da saúde. Longe de mim apoiar o uso de drogas químicas como solução. Elas podem até ser úteis em alguns momentos, mas, a longo prazo, nada é melhor do que comer bem e cuidar de si.

ATUALIZAÇÃO EM 15/1/2011: O site acima não vende mais o lufenuron e não tenho notícia de outro que o faça.

domingo, 21 de março de 2010

Outono, receita médica: Contentamento


abril de 2004

Chega junto com o outono, em dias lindos e limpos, o medo da pneumonia "atípica". Os jornais abrem manchetes sobre os casos fatais. Mais de dez laboratórios já estão pesquisando remédios e vacinas. Cada um de nós acompanha atentamente a evolução dos fatos, e também dos boatos, que não são confiáveis mas dão muito assunto.

Fica assim combinada a vida: a qualquer momento podemos sofrer a invasão de um poderoso inimigo. Será? Melhor não. Mas como não?

Escrevo para minha amiga Lena Peres, médica infectologista, que responde: “A melhor recomendação é evitar aglomerações, fazer uma boa hidratação e cultivar o contentamento – virtude que aumenta as defesas do organismo.”

Grande sabedoria!

O ar que circula num ambiente cheio de gente não é mesmo lá grande coisa, e pode sim estar cheio de agentes irritantes para as mucosas do pulmão, além de micróbios de todo tipo e tamanho.

Boa hidratação significa água em quantidade, água que limpa, lava, refresca, ajuda a renovar as células e é essencial à vitalidade de todos os tecidos, inclusive respiratórios.

E o contentamento, bem... O contentamento é simplesmente uma das chaves da vida.

Para começar, se há contentamento não há medo. E se não há medo, qual é o problema? Um vírus, por pior que seja, jamais será significativo para a pessoa que está bem. Como disse a doutora, tudo pode ser apenas uma questão de estar com as defesas em ordem. Em se tratando do ser humano, defesa quer dizer zilhões de pequenas células espalhadas por todo o corpo, prontas a neutralizar a ação de qualquer micróbio; mas quer dizer também pensamentos e sentimentos positivos, que reafirmam a confiança na vida e não dão espaço para ansiedade.

Em psicologia é sabido que certas pessoas têm perfil de vítima. Saem à rua tão convencidas de que podem ser assaltadas que atraem o assaltante. Se forem visitar alguém que está com gripe, saem espirrando. “Ué”, alguém vai dizer, “mas isso é comum, gripe pega!”

Pega quem? Quem está predisposto a ser pego, ora essa. E também não pega assim de uma vez. Vai encostando, dá uma indisposição, uma vontade de se enfiar na cama, um friozinho, uma leve dor de garganta – e aí é que se vê quem comanda o barco. “É na tempestade que se conhece o timoneiro”, diz o ditado. Se o corpo está dando todos os sinais de que precisa descansar, e a gente não descansa, está querendo gripe. 

Se, ao contrário, a gente respeita o que está sentindo e descansa, toma um caldinho quente, se agasalha, corta os excessos e fica contente por poder fazer isso, em pouco tempo tudo vai bem de novo. Foi dada ao organismo a oportunidade de se auto-regular, e ele agradece.

Alimentação pobre em nutrientes e rica em gorduras, laticínios, açúcar, produtos químicos, álcool e toxinas; stress, falta de sono, falta de atividade física, falta de afeto e outras emoções nutritivas; e exagero nas temperaturas artificiais, como o ar-condicionado gelado, tudo isso nos desregula. Ainda mais no outono, cujo ar mais seco favorece gripes, tosses, resfriados. Um vento fresco sopra de repente e pede sempre um casaquinho ou uma écharpe para não entrar pelos ombros e atingir o interior do corpo. É hora de colocar mais uma colcha na cama, e meias de algodão para dormir com os pés quentinhos.

Gripes acontecem quando o estado geral de cansaço, poluição e muco interno transborda. As mucosas já estão inflamadas. É isso o que dá oportunidade ao pobre do vírus, coisinha ridícula que nem corpo tem, e a bichos maiores e mais ocultos, diria mesmo ocultíssimos, como lombrigas, amebas, giárdias, solitárias, estrongilóides, oxiúros, tricuros, fascíolas e muitos mais, que se estabelecem em qualquer parte de nós e se multiplicam, com larvas que muitas vezes atravessam o delicado tecido do pulmão e coisas piores. Qualquer pneumonia sem causa óbvia obriga a investigar a "síndrome de Loefler", ou: presença de infecção por helmintos possivelmente afetando o pulmão.

Na medicina tradicional chinesa o outono é a estação dos pulmões, que dão ritmo e ordem à vida – ou depressão e melancolia, se estiverem fracos e sem energia. Reina a força de Metal, que tem a ver com tesouros e colheitas. Estação muito boa para concentrar os esforços, concluir processos e... tratar dos vermes, já que pulmões e intestinos trabalham juntos.

É um tempo de maturidade. A capacidade de realização do ser humano se apresenta como tranquilidade, paz, confiança nos processos de renovação da natureza. A gente olha para dentro e reconhece quem é. Faz o que tem que fazer e fica contente. Pronto.

março de 2010, em plena campanha de vacinação contra a gripe porquinha, sob os auspícios de todas as autoridades mundiais de "saúde"

sábado, 20 de março de 2010

Dicionário da mulher: Cólicas menstruais

A pedidos, algumas dicas para lidar com elas - extraídas do meu livro Só para mulheres (e homens que gostam muito das mulheres)

Mulheres com o peso acima do normal, portanto com mais estrogênio circulando, terão produção maior de prostaglandinas, que fazem doer

Por outro lado, episódios de abuso sexual na infância e retenção da energia sexual costumam acompanhar histórias de cólicas muito fortes

Mulheres que querem negar sua feminilidade podem rejeitar a menstruação e ter cólicas

Se você usa tampões e tem cólicas, experimente deixar de usar para ver se elas continuam; além de ser inconveniente para o ecossistema vaginal, a pressão dos tampões pode ser insuportável para algumas mulheres. Os copinhos coletores que se encaixam na vagina resolvem o problema sem contraindicações (pessoais e planetárias)
 
Intestino preso também costuma aumentar a intensidade das cólicas, é importante esvaziá-lo ao menos uma vez por dia

Andar e fazer outros exercícios leves funciona muito, por aliviar a tensão na região abdominal, e roupas justas atrapalham: impedem a boa circulação sanguínea e a respiração profunda

Quando a cólica começar, deite e cubra-se. Ponha as duas mãos sobre a região dolorida e procure relaxar, de olhos fechados, respirando fundo. Imagine que o ar está chegando até o útero, recolhendo e levando embora toda a tensão quando você expira

Se puder, durma: às vezes a cólica é pura necessidade de descansar

Não esqueça das tradicionais compressas quentes na barriga! Relaxam e dão um conforto delicioso

Esse quentinho no ventre, proporcionado por aquelas ataduras de crepe que vendem em farmácia, é essencial. Não só na hora da cólica, mas sempre que você se sentir mais frágil e fria

Um copinho de vinho na hora da crise também pode ser ótimo para dilatar os vasos sanguíneos e deixar você numa boa
Cólicas crônicas? Aí devem ser tratadas como parte da tensão pré-menstrual. Quando resistem aos tratamentos deve-se ver se há endometriose, pois a dor é semelhante

Dieta: evitar as comidas frias ou geladas e as de natureza fria, como laranja, tangerina, abacaxi; ovos, algas marinhas, café, chá preto, chá mate, guaraná em pó, açúcar, sal; refrigerantes e sorvetes; e excesso de produtos animais. Se houver depressão e perda de memória, comer mais proteína de boa qualidade

Suplementos de vitamina E (100 mg três vezes ao dia, na segunda fase do ciclo) e magnésio  (100 mg quatro vezes ao dia) têm sido usados com sucesso. A vitamina E parece estimular a produção de endorfinas, substâncias analgésicas produzidas pelo próprio organismo, e o magnésio ajuda a relaxar os músculos e os vasos sanguíneos, inibindo também um tipo de prostaglandina

Como o nível de cálcio no sangue diminui 10 dias antes da menstruação, pode estar havendo uma deficiência de cálcio e magnésio que sempre deixa a gente mais nervosa. Nesse caso, experimente usar uma combinação de cálcio e magnésio (dolomita) à venda em lojas de produtos naturais. Mas é preciso diluir o pó em água morna e juntar algumas gotas de limão ou vinagre (de cidra, maçã ou arroz) para acidificar a água e forçar a liberação do cálcio. Deixe a mistura repousar meia hora e tome conforme a bula

Chás: de gengibre (fatiado e fervido por meia hora), hortelã, louro, camomila, alecrim ou artemísia (infusão)

Chineses: indicam o uso de raiz de alcaçuz e de dong quai, que são reguladores do estrogênio e da progesterona. Se uma mulher não tem estrogênio suficiente, estas raízes estimulam a produção; se o problema é estrogênio demais, elas botam o excesso para fora

Acupuntura: funciona, mas é preciso começar o tratamento antes do período menstrual

Homeopatia: Valeriana officinalis, tintura, duas doses de meia colher de chá com intervalo de vinte minutos entre ambas. Também Petasites hybridus, um relaxante muscular   

quinta-feira, 18 de março de 2010

Comer bem: Leite de coco em vez de leite de vaca

Este tônico de leite de coco, receita de Mary Enig e Sally Fallon em Eat fat, lose fat, contém tanto cálcio quanto um copo de leite:

. 1 copo de leite de coco (1 coco maduro batido com meio litro de água e espremido num pano dá dois copos)
. 1 copo de água filtrada
. 1 colher (chá) de essência de baunilha
. 1 colher (chá) de dolomita (carbonato duplo de cálcio e magnésio) em pó
. para viciados em sabor doce: estévia ou outro aditivo a gosto

 Modo de fazer: misturar tudo numa panelinha e aquecer, mexendo, até derreter a dolomita.

Ilustração de Celina Gusmão

terça-feira, 16 de março de 2010

Dicionário da mulher: Dieta da candidíase atualizada

Queridas e queridos, surgiram informações novas (para mim) e reeditei o capítulo sobre candidíase lá do site. A dieta ganhou mais possibilidades a partir dos livros Healing with whole foods, de Paul Pitchford, e Eat fat, loose fat, de Mary Enig e Sally Fallon.

As informações ganharam arrumação nova. Entre as novidades estão o Kvass de beterraba, o sumo de cenoura em jejum e os lactobacilos Sporogenes e Laterosporus. Ainda fico devendo as sugestões de cardápio.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Cozinha medicinal: Kvass de beterraba controla cândida?

Estava pesquisando sobre gordura & candidíase no livro Eat fat, loose fat, de Mary Enig e Sally Fallon, da Weston A. Price Foundation, quando me  deparei com o seguinte texto: "Christine sofreu com candidíase muitos anos (...) e começou a tomar o kvass de beterraba, uma xícara antes de cada refeição. Os resultados foram mágicos. Os sintomas de cândida desapareceram imediatamente e a fadiga também."

Kvass é uma bebida fermentada de origem russa, geralmente feita a partir de um pedaço de pão seco, ou da própria massa crua do pão. Refresca, alimenta e é muito popular. Tem sido amplamente usado na Europa em terapias contra o câncer. Depoimentos de adeptos indicam que é excelente contra fadiga crônica, sensibilidade a produtos químicos, alergias e problemas digestivos.

O kvass de beterraba aparentemente ajuda no controle da candidíase por seus "extraordinários poderes curativos: grande tônico do sangue, promove a regularidade intestinal, ajuda a digestão, alcaliniza o sangue, limpa o fígado e é um bom tratamento para pedras nos rins". Não é propriamente gostoso, mas cerveja também não é e a gente bebe, e ainda por cima a cor é linda.

Modo de fazer:

. 2 beterrabas médias ou 3 pequenas, orgânicas, sem casca, picadas com faca (não raladas nem processadas)

. 1/4 de xícara de soro de leite feito em casa (colocar leite cru numa vasilha e deixar talhar, coar num pano e colher o soro em outra vasilha) (o coalho, pendurado numa trouxinha de pano durante a noite, vira um queijinho para a turma que não está em dieta)

. 1 colher de chá de sal

Colocar as beterrabas picadas, o soro e o sal num vidro de 1 litro, completar com água filtrada. Mexer, tampar bem e manter à temperatura ambiente por 2 dias; então guardar na geladeira. Ele faz bolinhas. Coar e servir. Tomar 2 xícaras por dia, tirando-as da geladeira algumas horas antes.

Quando o kvas estiver quase acabando, encher novamente o vidro com água filtrada, tampar bem, deixar 2 dias à temperatura ambiente e guardar na geladeira. Tomar e depois descartar tudo, começando novamente com beterrabas frescas.

terça-feira, 9 de março de 2010

Dicionário da mulher: Controlando a musculatura das partes mimosas

Este papo rolou lá no post sobre coletores menstruais, que são os copinhos colocados na vagina pra colher o sangue, substituindo o uso de tampão, absorventes e tudo mais (na minha época a gente usava o diafragma pra quebrar o galho). Alguém ficou em dúvida sobre a elasticidade da vagina, e a MaFê Senger, sempre muito atenta, mandou ver na questão da musculatura pubococcígea, que vai do púbis ao cóccix. Não satisfeita, sugeriu que todas nós, mulheres, cultivássemos o pompoarismo. Essa palavra não está no dicionário, mas é exatamente o que fazia aquela moça asiática no filme Priscilla, a rainha do deserto, embutindo bolinhas de pingue-pongue na vagina para depois lançá-las espetacularmente no show da boate cada vez que abria gozosamente as pernas para o alto.

Pedi para MaFê descrever o pompoarismo e ela não regateou. Reproduzo a resposta abaixo, ligeiramente editada. Valeu, MaFê! Boas contrações, garotas!

Construindo consciência e coordenação da musculatura vaginal

1) Encontre a musculatura ‘certa’: os músculos pubococcígeos. Fácil: interrompa o jato de urina uma ou duas vezes no máximo, somente uma vez por dia. Por que não pode fazer mais vezes num jato de urina, ou mais vezes ao dia? Porque temos duas ‘válvulas’ na uretra que controlam a vazão da urina: uma é controlada pela volição/vontade/possibilidade e a outra pela sabedoria da natureza, amén. Se a mulher resolve brincar de interromper o jato de urina com mais freqüência, corre o risco de desregular a válvula governada pela mãe natureza e como já sabemos, ela ‘se vinga’: a mulher pode ficar com incontinência urinária e vai ter de fazer fisioterapia para recuperar o mecanismo natural de funcionamento dessa válvula.

2) Fortalecer essa musculatura, aprender a contrair. Pegando leve, no começo, contraindo poucos segundos, até 10 contrações seguidas em até 3 séries por dia. As séries são espaçadas, pra dar tempo dos músculos pubococcígeos se acostumarem e se recuperarem metabolicamente. Se exagerar, já sabe: incontinência (não é ameaça, risos). Pode usar os pesinhos vaginais, sempre começando do mais leve. Depois que entende/sente/tem consciência de como contrai, contrair em outras atividades cotidianas, que nem eu agora, que estou teclando, contraindo e descontraindo; aumentar a duração das contrações e o número de contrações por série.

Então pode treinar subir e descer escadas, pular, dançar, etc. contraindo/descontraindo, criando uma contração ‘dentro’ da outra, regulando a força da contração. Quem pratica Hatha Yoga faz essa contração naturalmente quando faz Adho Mukha Svanāsana ( o cachorro que olha para baixo). Aí, basta refinar a coordenação para aprender a regular a intensidade e a sobreposição de contrações.
Até aqui, é parecidinho com os excercícios de Kegel.

3) Localizar/sentir/ter consciência de três anéis musculares que existem na vagina: um na entrada, um +/- no meio e um ao redor do colo do útero. Aprender a contrair e descontrair cada um deles. Aprender a movimentar cada um deles em separado, movimentos de girar, puxar, soltar, depois combinar a ação dos anéis entre si. Ajuda imaginar que faz o movimento, desde que a mulher sinta os anéis. Se estiver em relaxamento ativo, como nos estados meditativos, é perfeito. É esse estado mental que faz uma das diferenças com relação aos exercícios de Kegel, a meu ver.

4) Localizar e treinar a musculatura dos grandes lábios, para que estes se movam de forma independente um do outro, e em todas as direções possíveis. [Uau!!! SH]

5) ‘Usar’ tudo junto, ou em partes, conforme for de gosto, no momento que preferir experimentar.

Os meninos também podem brincar com os puboccígeos deles, de outro jeito.

Dengue: Repelente caseiro de cravo-da-índia

Corre na rede uma receita que recebi hoje, por email, e achei que pode dar certo. O cravo-da-índia tem efeitos antimicrobianos em vários tipos de infecção. É antifúngico, antiprotozoário, estraga ovos de vermes, seu óleo melhora dor de dente, tem propriedades conservantes e muito mais. Fácil de fazer e sem grandes custos, vale a pena tentar.

Ingredientes:
10 gramas de cravo-da-índia
1/2 litro de álcool
100 ml de óleo de amêndoas, coco, para bebês ou outro sem aditivos.

Modo de fazer: colocar os cravos no álcool e guardar por 4 dias, agitando de manhã e à noite. Só então misturar o óleo. Usar poucas gotas na pele.

Se funcionar, agradeçam mentalmente a Ioskiko Nobukuni, que supostamente assina a mensagem. Se não funcionar, continuem comendo inhame - esse funciona. Tanto como preventivo, mantendo no sangue algo (ainda sem nome científico) que neutraliza o parasita transmitido pelo mosquito, quanto no tratamento - sopinha de inhame com pouquinho alho - e na recuperação da saúde. E ainda é gostoso.

Ilustração de Celina Gusmão

terça-feira, 2 de março de 2010

Cabelos brancos: Chá de gergelim para escurecer MICOU

A receita vem do livro Macrobiotic home remedies , de Michio Kushi, mas várias pessoas escreveram dizendo que foi perda de tempo, sinto muito, para aumentar o leite sei que funciona:

8 colheres de chá de sementes de gergelim claro ou preto, ligeiramente esmagadas
1 litro de água
ferver de 10 a 20 minutos
tomar 2 a 3 xícaras desse chá por dia, sem coar, durante duas a três semanas.

Também serve para melhorar a vista, aumentar o leite materno e corrigir irregularidades menstruais.

Alô alô, Joinville: estarei aí dia 4, 5a feira, às 19 hs, na Mitra Diocesana

Não, garotas, não vou me ordenar ainda. Trata-se de um evento da Semana Internacional da Mulher, que coincide com os 159 anos de Joinville, Santa Catarina. Vou participar de uma mesa-redonda sobre saúde, sexualidade e direitos da mulher com a primeira-dama Marinete Merss e a Procuradora de Justiça da Vara de Família, dra. Ildemar. Acho que vai se um bom papo!

Nos vemos lá?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Almanaque do banheiro: Lunas de algodão e coletores menstruais em vez de absorventes comuns e tampões

A jornalista Raquel Ribeiro escreve sobre uma viagem sem volta ao mundo da menstruação: o abandono dos tampões e absorventes comuns em favor de duas alternativas naturais, os absorventes de pano e os coletores menstruais. A matéria, publicada numa revista vegetariana, está resumida aqui por ela mesma.

Desde os 11, 12 anos, um pouco antes, às vezes depois, a mulher peleja durante o período menstrual. Os absorventes são incômodos, deixam um cheiro desagradável e a gente só esquece que “estão lá” quando usa os internos, tipo OB. Mas aí bate o bode psicológico de estar com uma perigosa “rolhinha” em contato com nossas partes mais íntimas.

Como lidar com naturalidade com a menstruação tendo de usar esse monte de algodão tratado quimicamente e revestido de plástico? E como ficar ecologicamente em paz descartando todo mês uns 25, 30 absorventes por mês? Por ano, podem ser uns 300. Em dez anos, por volta de três mil. Ou seja, em 30 anos de vida fértil são pelo menos nove mil absorventes descartados! Despejado em lixões ou aterros sanitários, esse resíduo polui o solo, a água e o ar – e ainda libera carbono, contribuindo para o aquecimento global.

Consciente do impacto ambiental (e do desconforto pessoal) e tendo o privilégio sublime de morar num sítio, eu procurava virar índia no período menstrual. Deixava o sangue correr pela terra, entrava no riozinho, mas ao final do dia me rendia ao sempre livre (sempre livre?, essa é boa!). Foi, pois, com o maior entusiasmo que encomendei com uma amiga, a Mairah, três kits de lunas (P, M, G), que chegaram em mimosas embalagens de pano, com um textinho lindo, super feminino, falando do nosso ciclo e das fases da lua.

O layout dos lunas – e dos outros bioabs produzidos artesanalmente no Brasil – é o mesmo dos convencionais, mas eles são confeccionados com tecido de puro algodão e são reutilizáveis. Usou, deixou de molho, lavou com sabão neutro e pronto: tá novo. Aquela água bem vermelha ainda serve como adubo. Perfeito, não?

Na verdade, quase. Se você passa o dia inteiro na rua fica chato carregar os bioabs usados. E ao chegar exausta em casa não vai querer lavar roupa...

Para quem tem uma rotina assim, o ideal são os copos menstruais. Pela web encomendei um, fabricado em Portugal. Na rede, tinha lido bastante a respeito e francamente não vi mistério: basta desinfetar, prender o copinho entre os dedos e colocar na entrada da vagina. Nenhuma contra indicação, conforto total e mega facilidade para limpar. Confesso que tirar, lavar e recolocar em banheiros públicos requer certa ginástica, mas não me intimidei. Outro dia, depois da sessão de cinema, toilete lotada, saí da cabine e fui lavar meu copinho na pia, numa boa. Ninguém perguntou nada, mas se alguma mulher mostrasse interesse, aproveitaria para fazer propaganda desse pequeno notável, como disse Renata Octaviani (vegvida.com.br).

O bacana é que mulher é bicho curioso e adora novidade – não faltou oportunidade para contar minha descoberta. O espanto de 10 entre 10 amigas foi: “Mas o sangue cabe no potinho? Não vaza?!” Pois bem, cheguei a ficar 8 horas (pode-se usar por ate 12 horas seguidas) e também me espantei com a (pouca) quantidade de sangue coletada. Descobri que menstruação não é nenhuma sangria desatada...

Diante da praticidade do copinho, eu poderia ter desistido dos lunas, mas optei por usar ambos. Gostei de revezar, ao longo do período menstrual, os paninhos e o copo. Na rua e durante o dia, com fluxo intenso, o copo é mais jogo. No início e final do período menstrual, os bioaborventes pequenos resolvem. Para dormir, o tamanho G me parece mais seguro. E muito, muito mais natural.

"Quando nos oferecem uma opção que, além de mais ética, é mais confortável, prática e segura, não há muita margem para negar sua utilização." Isabel Wittmann, da comunidade Coletores & Cia.

Como conseguir lunas e copinhos:

http://lunasbioabsorventes.blogspot.com/2009/04/como-usar-lunasbioabsorventes.html
http://www.coisasdemulher.com.br/abio.htm
modserbrasilia@gmail.com
http://ellenvicious.multiply.com/journal/item/25/Como_Fazer_um_aBiosorvente

Venda do copo no Brasil: www.GuiaVegano.com.br
Entre as marcas de copos menstruais feitos de silicone, tem o DivaCup (www.divacup.com), The Moon Keeper (www.keeper.com), Fleurcup (http://fleurcup.com), Femmecup (http://www.femmecup.com), MoonCup (www.mooncup.co.uk), Ladycup (http://www.ladycup.eu/), Lunette (www.lunette.fi/pt/ ou www.lunette.fi/english_index.html), entre outros.

Comer bem: Queijetarianos

Adoro Jamie Oliver e seu estilo bagunceiro de cozinhar, cheio de uma energia alegre e inteligente de quem se dá todo ao que está fazendo, mas sabe que a vida não começa nem acaba ali. Gosto de como ele valoriza os vegetais frescos da horta, ensinando tudo o que pode enquanto colhe e prepara, e acho admirável seu empenho em passar ao público o amor pelas ervas, dizendo coisas como: "O melhor que você tem a fazer é comer muitas folhinhas verdes, elas estão cheias de nutrientes e dão sabor a tudo". É um cozinheiro rude e delicado, meio porquinho, que às vezes tempera demais, mas tão carismático que tem uma legião de fãs no mundo inteiro.

Hoje me fez companhia durante minha meia hora diária de pedaladas no elíptico. Ia cozinhar para sua banda, que é vegetariana, então resolveu fazer canelone, aquela panquequinha de massa de macarrão. Refogou cebola picadinha, alho, espinafre (diferente do nosso), temperou com sal, pimenta, noz-moscada e colocou a mistura no meio dos retângulos de massa comprada pronta. Aí apresentou ao público inglês a nossa conhecida ricota, que esfarelou por cima do recheio. Mais sal e pimenta, e então uma dose generosa de queijo parmezon ralado. Enrolou os canelones, colocando-os sobre um molho de tomates batidos no processador com manjericão, sal e pimenta, cobriu tudo com mozzarella de búfala (a autêntica) e antes de levar ao forno deitou por cima mais uma grossa camada de parmezon ralado, explicando que, como não há carne para dar sabor, o queijo faz esse serviço. Aí foi para a sobremesa: morangos enfiados em espetos de alecrim, caramelizados, para servir com creme... de quê? De outro queijo, mascarpone, batido com açúcar.

É como se houvesse uma frustração do paladar vegetariano a ser compensada por esse elemento lúdico, cremoso ou puxa-puxa, às vezes doce, às vezes salgado e picante., que evoca o seio materno.

Tudo bem se fosse o queijo um alimento inocente como as abobrinhas e as folhinhas verdes, mas não é. Sua digestão pode ser lenta e incompleta, gerando mais muco no estômago do que os ácidos são capazes de dissolver. Enquanto se está comendo queijo no dia a dia ele se acumula, formando eventualmente uma camada grossa de muco no tubo digestivo; esse muco sobe para a garganta, o nariz, os sínus - olha aí a raiz da gripe, da sinusite, do catarro que se tem que tossir para soltar das mucosas. E que alimenta os micróbios e parasitas mais diversos, com um admirável poder de complicar a vida do freguês.

Grande parte da humanidade é intolerante à lactose, que é o açúcar do leite, e também à sua proteína, que é onde a coisa pega mais. Proteínas são combinações de aminoácidos destinadas a formar tecidos. Conforme o tecido muda a combinação. Assim, a proteína que faz o cabelo é diferente da proteína que faz a pele. Quando a gente come alimentos que têm proteína, o fígado a decompõe em aminoácidos e estes circulam pelo sangue para serem colhidos conforme a necessidade de cada setor do organismo. Quando se consome leite de vaca, existe ali uma combinação de aminoácidos própria para construir e renovar tecidos de um animal quadrúpede que tem chifre, pelo, rabo e não frequenta blogs: muge e pasta. É uma combinação geralmente inadequada para seres humanos. A comparação química entre o leite humano e o leite de vaca mostra claramente como nossas necessidades são diferentes.

Queijos são leite de vaca concentrado. Usam-se 15 a 20 litros de leite para produzir um queijo minas de tamanho médio.

Os queijos surgem na cultura humana como elemento de subsistência, uma forma de aproveitar a sobra do leite de vacas, cabras, ovelhas, búfalas, jumentas, yaques e semelhantes. Fáceis de guardar e transportar, versáteis na forma de preparo, variando conforme as regiões e as estações do ano, os queijos sem dúvida têm sido uma ajuda e tanto para a humanidade. Fornecem proteína, gordura, umidade em tempos de seca; gratificam.

Mas esses mesmos queijos acabam sendo usados de uma forma distorcida quando fora da tradição que lhes dá significado. O próprio Jamie Oliver, cozinhando para um chef italiano em outro episódio,  é censurado por colocar queijo demais no macarrão. Até os macrobióticos aprovam queijo ralado nessa circunstância, para haver algo que fermente e facilite a digestão da massa, mas tem que ser pouco - para não sobrar e virar muco.

Fora isso, ainda há um lado negro nessa questão: os hormônios e antibióticos dados ao gado leiteiro têm efeitos negativos sobre a nossa vida hormonal. Já há mais de 12 anos que o leite dos Estados Unidos é produzido com hormônios recombinantes, que vêm a ser o seguinte: fatores de crescimento são introduzidos no DNA de bactérias que se multiplicam no rúmen das vacas. Rúmen é o saco digestivo onde primeiro chegam o capim, a cana e a ração, para serem pré-digeridos por bactérias e enzimas. Só depois de completo esse processo é que as vacas (e os outros ruminantes) regurgitam aquela pasta e a engolem de vez para o estômago. Quando elas recebem bactérias geneticamente modificadas (GMO ou OGM, sendo "o" de organismo), passam a produzir a bagatela de 68 litros de leite por dia. Essa referência é antiga, de 1998. O FDA (instituição oficial de controle de drogas e alimentos dos Estados Unidos) aprovou e acoisa cresceu e se multiplicou desde então. A galera natureba, adepta dos orgânicos, já fez muito escândalo. Mas neste mundo capitalista o escândalo é visto com carinho pelos tubarões, pois permite identificar os grupos "subversivos" e, de certa forma, controlá-los.

A maior audiência deste blog é para um tema que envolve um grande problema de saúde, a candidíase. Diariamente chegam comentários desesperados, especialmente de mulheres que estão sofrendo, já fizeram vários tratamentos médicos, não conseguem transar porque dói e arde, o corrimento coça. Um dos grandes culpados dessa situação é o açúcar, ou o excesso de carboidratos, mesmo integrais. Outro: leite e derivados, especialmente queijo.

Como o Brasil não tem tradição alguma nessa produção - nem tinha vacas quando foi descoberto - é comum os queijos locais serem de má qualidade. Alguns nem são queijo de verdade, como o requeijão e o tal do padrão. Alô alô: queijos bons, naturais, daqueles que se pode comer depois da sobremesa para ajudar a digestão, são como os bons vinhos: caros. Aqui e no resto do mundo.

Te cuida, Jamie Oliver. Tô de olho. Um beijo.