quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Papo de verão: O quente, o frio, o morno e o fresco


ilustração de Celina Gusmão no livro 
Meditando na cozinha, de onde saiu esta crônica

Valha-nos Deus, que calor. Quarenta
graus à sombra e o ar-condicionado pifou.
Ventilador, só se for para fazer vento
quente. E suor seco. Do chuveiro
a água sai morna. O chão de ladrilho
também está morno, mas quase fresco:
deitar ali e ficar sem pensar nada. Jazer.
Aqui jaz uma pessoa morta de calor.

Também, quem mandou comer? Devia ter ficado
em jejum. Pão e água. Não, pão esquenta. Só água.
Zero calorias! Viver de água e chi, o sopro vital.
Mergulhar no vazio feito um monge zen, respirar bem
devagar e ir reduzindo a frequência dos batimentos
cardíacos. A circulação de sangue mais lenta faz o corpo
funcionar menos e isso o desaquece. A pele, suada e fresca,
passa a refrescar também o interior do corpo.

Ah, frescor! Distante. Meio-dia, panela no fogo, barriga
vazia, cadê a vontade de comer? Só se for salada. Mmm,
maravilhosa salada, cheia de alfaces várias, raditi, chicória,
rúcula, agrião, catalona, tudo misturado numa festa com
cenoura, beterraba, rabanete, fatias de manga, laranja e
mais pepino e cebolinha, que não podem faltar no calor.

O pepino é um sucesso. Fácil de preparar, refresca logo o
estômago e os pulmões, o que melhora muito as condições
da pele; facilita a circulação de líquidos no corpo, acelera a
formação de urina, acaba com os inchaços dolorosos e
quentes da garganta. Velho, amarelado, fervido em sopa,
alivia a tosse seca do outono. Aplicado externamente, suco
de pepino fresco faz secar espinhas e trata queimaduras.
É o príncipe do verão, digamos. Com ou sem casca,
conforme o estômago do freguês.

Já a cebolinha verde é um curinga – regula
a temperatura interna, impedindo tanto o excesso
de calor quanto o de frio, e combina demais com tudo –
sanduíche, macarrão, salada, carnes, sopa... Também fica
maravilhosa quando é aferventada em pouca água durante
três a cinco minutos; escorra, ponha na tábua de vegetais,
espere esfriar um pouquinho, esprema para tirar o resto
da água e corte na diagonal em pedaços de 3 cm.
Tempere com uns pingos de molho de soja, nada mais.
Um maço dá para duas pessoas. Acompanha bem qualquer
macarrão, fica divina entre duas fatias de pão integral,
completa cogumelos de todos os tipos. E ainda faz hora
extra salvando crianças e adultos que engolem coisas
pontudas e perfurantes como cacos de vidro, chaves,
brincos: basta aferventar a cebolinha e ir engolindo inteira,
sem cortar, que ela se enrola em torno do objeto e o conduz
assim protegido até a saída.

Algas marinhas, aveia, banana, beldroega, beringela, nabo,
broto de bambu, cana-de-açúcar, caqui, caranguejo, coelho,
pato, clara de ovo, espinafre, limão, laranja, tangerina,
maçã, manga, melancia, melão, ovo de pata, painço,
papaia, pera, tofu, tomate, trigo, alimentos frescos
e mornos, crus ou ligeiramente cozidos: tudo isso
reduz o calor.

Abóbora, açúcar, alho, alho-poró, anchova, truta, canela,
cravo, carneiro, codorna, cebola, cenoura, frango, leite de
coco, malte, mexilhão, pêssego, rim, alimentos e bebidas
quentes e gelados, doces, sorvetes, refrigerantes, chocolate,
café, cerveja, frituras, coisas de forno ou feitas na pressão:
tudo isso aumenta o calor.

A sabedoria oriental diz que não se trata
o quente com o frio, mas com o fresco; não se
trata o frio com o quente, mas com o morno.
Nós, que não sabemos nada disso, bebemos gelados no
verão e morremos de calor – porque o corpo tem que
continuar quentinho por dentro para poder funcionar,
e trata de acelerar as turbinas para aquecer o gélido
conteúdo. Coisas da natureza, contrariando a tecnologia,
a propaganda, os impulsos de consumo, a tola
e superficial felicidade do século 21.


Mas, com tanto calor, pensar quem há de?

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Síndrome de Gu: As parasitoses crônicas e seus efeitos físicos e mentais, na visão da Medicina Clássica Chinesa


Eu nunca tinha ouvido falar em Síndrome de Gu, e bem que achava estranho os acupunturistas saberem tão pouco sobre parasitoses crônicas. Foi quando recebi estas preciosidades: http://medicinachinesaclassica.org/blog/wp-content/uploads/artigos/2011GuPARTEI.pdf  , parte 2 em http://medicinachinesaclassica.org/blog/wp-content/uploads/artigos/2012PSEM4.pdf .

São dois artigos do estudioso Heiner Fruehauf, muito bem traduzidos em português, que qualquer pessoa que se interesse por saúde precisa ler. Não precisa entender tudo, por exemplo os conceitos culturais e as ervas. Mas precisa tomar conhecimento do potencial de dano físico e mental que as parasitoses crônicas causam, e perceber como isso está acelerado neste momento.

Os textos mais antigos da Medicina Clássica Chinesa expõem a complexidade do problema e indicam estratégias.

Olho vivo.

Mais sobre bichos que dão em gente: http://correcotia.com/vermes

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O caldeirão da Sonia Hirsch: Remédio bom é amar e ser amado



De: Dex Generada
Para: Deixa Sair

Ouvir: http://tunapunkrock.bandcamp.com/track/o-caldeirao-da-sonia-hirsch

O caldeirão da Sonia Hirsch

Na vida quase tudo tem remédio
Se a gente entende bem o que é isso
O que nos debilita ou vicia
Nos mata ou nos leva ao suicídio
A febre a fossa a polícia o tédio
O dinheiro e a própria medicina
Que nos fazem querer o precipício
A cura: expurgo e profilaxia

Tristeza e tosse com gengibre e prazer
Pra voz clara maçãs, e boa autoestima
Agrião e extravasar pra limpar o fígado
Pro coração: cachos de uvas e amigos

Asfalto, calçamento: todos cimentados
Endurecendo o chão e a gente
Pavimentando câncer e estresse
Remédio é picareta e semente.
fast food, prato congelado
Alimentam indústria e colesterol
Anticapitalismo e mastigar sem pressa
Comida fresca, molotov e sol

Mingau de arroz limpa o medo e as toxinas
Lágrimas e arruda pra lavar a alma e os olhos
Objetivos próprios, DIY e água fresca
Correr e depois pôr os pés de molhos

Se o que não se exercita atrofia
Nadar contra a corrente é liberdade
Viver temperatura e temperamento
Sem cérebro ou ar condicionados
Suar! Mexer! Com outra pele em contato
Abraço molhado! Externando o calor que ar de dentro

Remédio é evitar ficar doente
Produzir coisas que têm significado
Manter limpos o corpo e a mente
Remédio bom é amar e ser amado

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Viomundo: Indústria farmacêutica expande diagnósticos e inventa novas doenças

Ela é médica e professora, chama-se Adriane Fugh-Berman e expôs ao Viomundo (mais uma dica preciosa da Susana Ayres) os laços pra lá de viciados entre a indústria farmacêutica e os diagnósticos médicos:

– Existe um número muito maior de pessoas saudáveis do que de pessoas doentes no mundo e é importante, para a indústria farmacêutica, fazer com que as pessoas que são totalmente saudáveis pensem que são doentes. Existem muitas maneiras de se fazer isso. Uma delas é mudar o padrão do que se caracteriza como doença. Outra é criar novas doenças.

Vale a pena ler a íntegra em http://www.viomundo.com.br/denuncias/adriane-fugh-berman-industria-farmaceutica-expande-diagnosticos-e-inventa-novas-doencas-para-vender-remedios.html .

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ritalina: Exterminando o futuro?

Do Portal da Unicamp:
"Para uns, ela é uma droga perversa. Para outros, a 'tábua de salvação'. Trata-se da ritalina, o metilfenidato, da família das anfetaminas, prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Teria o objetivo de melhorar a concentração, diminuir o cansaço e acumular mais informação em menos tempo. Esse fármaco desapareceu das prateleiras brasileiras há poucos meses (e já começou a voltar), trazendo instabilidade principalmente aos pais, pela incerteza do consumo pelos filhos. Ocorre que essa droga pode trazer dependência química, pois tem o mesmo mecanismo de ação da cocaína, sendo classificada pela Drug Enforcement Administration como um narcótico. No caso de consumo pela criança, que tem seu organismo ainda em fase de formação, a ritalina vem sendo indicada de maneira indiscriminada, sem o devido rigor no diagnóstico. Tanto que, no momento, o país se desponta na segunda posição mundial de consumo da droga, figurando apenas atrás dos Estados Unidos. Como acontece com boa parte dos medicamentos da família das anfetaminas, a ritalina 'chafurda' a ilegalidade, com jovens procurando a euforia química e o emagrecimento sem dispor de receita médica. Fala-se muito que, se não fizer o tratamento com a ritalina, o paciente se tornará um delinquente. "Mas nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona", critica a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro. Mais vale a orientação familiar”, encoraja a pediatra, que concedeu entrevista, a seguir, ao Portal Unicamp."
Leia a entrevista completa da dra Cida Moysés no Portal da Unicamp.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Comer bem: Queijetarianos

Adoro Jamie Oliver e seu estilo bagunceiro de cozinhar, cheio de uma energia alegre e inteligente de quem se dá todo ao que está fazendo, mas sabe que a vida não começa nem acaba ali. Gosto de como ele valoriza os vegetais frescos da horta, ensinando tudo o que pode enquanto colhe e prepara, e acho admirável seu empenho em passar ao público o amor pelas ervas, dizendo coisas como: "O melhor que você tem a fazer é comer muitas folhinhas verdes, elas estão cheias de nutrientes e dão sabor a tudo". É um cozinheiro rude e delicado, meio porquinho, que às vezes tempera demais, mas tão carismático que tem uma legião de fãs no mundo inteiro.

Hoje me fez companhia durante minha meia hora diária de pedaladas no elíptico. Ia cozinhar para sua banda, que é vegetariana, então resolveu fazer canelone, aquela panquequinha de massa de macarrão. Refogou cebola picadinha, alho, espinafre (diferente do nosso), temperou com sal, pimenta, noz-moscada e colocou a mistura no meio dos retângulos de massa comprada pronta. Aí apresentou ao público inglês a nossa conhecida ricota, que esfarelou por cima do recheio. Mais sal e pimenta, e então uma dose generosa de queijo parmezon ralado. Enrolou os canelones, colocando-os sobre um molho de tomates batidos no processador com manjericão, sal e pimenta, cobriu tudo com mozzarella de búfala (a autêntica) e antes de levar ao forno deitou por cima mais uma grossa camada de parmezon ralado, explicando que, como não há carne para dar sabor, o queijo faz esse serviço. Aí foi para a sobremesa: morangos enfiados em espetos de alecrim, caramelizados, para servir com creme... de quê? De outro queijo, mascarpone, batido com açúcar.

É como se houvesse uma frustração do paladar vegetariano a ser compensada por esse elemento lúdico, cremoso ou puxa-puxa, às vezes doce, às vezes salgado e picante., que evoca o seio materno.

Tudo bem se fosse o queijo um alimento inocente como as abobrinhas e as folhinhas verdes, mas não é. Sua digestão pode ser lenta e incompleta, gerando mais muco no estômago do que os ácidos são capazes de dissolver. Enquanto se está comendo queijo no dia a dia ele se acumula, formando eventualmente uma camada grossa de muco no tubo digestivo; esse muco sobe para a garganta, o nariz, os sínus - olha aí a raiz da gripe, da sinusite, do catarro que se tem que tossir para soltar das mucosas. E que alimenta os micróbios e parasitas mais diversos, com um admirável poder de complicar a vida do freguês.

Grande parte da humanidade é intolerante à lactose, que é o açúcar do leite, e também à sua proteína, que é onde a coisa pega mais. Proteínas são combinações de aminoácidos destinadas a formar tecidos. Conforme o tecido muda a combinação. Assim, a proteína que faz o cabelo é diferente da proteína que faz a pele. Quando a gente come alimentos que têm proteína, o fígado a decompõe em aminoácidos e estes circulam pelo sangue para serem colhidos conforme a necessidade de cada setor do organismo. Quando se consome leite de vaca, existe ali uma combinação de aminoácidos própria para construir e renovar tecidos de um animal quadrúpede que tem chifre, pelo, rabo e não frequenta blogs: muge e pasta. É uma combinação geralmente inadequada para seres humanos. A comparação química entre o leite humano e o leite de vaca mostra claramente como nossas necessidades são diferentes.

Queijos são leite de vaca concentrado. Usam-se 15 a 20 litros de leite para produzir um queijo minas de tamanho médio.

Os queijos surgem na cultura humana como elemento de subsistência, uma forma de aproveitar a sobra do leite de vacas, cabras, ovelhas, búfalas, jumentas, iaques e semelhantes. Fáceis de guardar e transportar, versáteis na forma de preparo, variando conforme as regiões e as estações do ano, os queijos sem dúvida têm sido uma ajuda e tanto para a humanidade. Fornecem proteína, gordura, umidade em tempos de seca; gratificam.

Mas esses mesmos queijos acabam sendo usados de uma forma distorcida quando fora da tradição que lhes dá significado. O próprio Jamie Oliver, cozinhando para um chef italiano em outro episódio, é censurado por colocar queijo demais no macarrão. Até os macrobióticos aprovam queijo ralado nessa circunstância, para haver algo que fermente e facilite a digestão da massa, mas tem que ser pouco - para não sobrar e virar muco.

Fora isso, ainda há um lado negro nessa questão: os hormônios e antibióticos dados ao gado leiteiro têm efeitos negativos sobre a nossa vida hormonal. Já há mais de 12 anos que o leite dos Estados Unidos é produzido com hormônios recombinantes, que vêm a ser o seguinte: fatores de crescimento são introduzidos no DNA de bactérias que se multiplicam no rúmen das vacas. Rúmen é o saco digestivo onde primeiro chegam o capim, a cana e a ração, para serem pré-digeridos por bactérias e enzimas. Só depois de completo esse processo é que as vacas (e os outros ruminantes) regurgitam aquela pasta e a engolem de vez para o estômago. Quando elas recebem bactérias geneticamente modificadas (GMO ou OGM, sendo "o" de organismo), passam a produzir a bagatela de 68 litros de leite por dia. Essa referência é antiga, de 1998. O FDA (instituição oficial de controle de drogas e alimentos dos Estados Unidos) aprovou e a coisa cresceu e se multiplicou desde então. A galera natureba, adepta dos orgânicos, já fez muito escândalo. Mas neste mundo capitalista o escândalo é visto com carinho pelos tubarões, pois permite identificar os grupos "subversivos" e, de certa forma, controlá-los.

A segunda  maior audiência deste blog é para um tema que envolve um grave problema de saúde pública, a candidíase. Diariamente chegam comentários desesperados, especialmente de mulheres que estão sofrendo, já fizeram vários tratamentos médicos, não conseguem transar porque dói e arde, o corrimento coça. Um dos grandes culpados dessa situação é o açúcar, ou o excesso de carboidratos, mesmo integrais. Outro: leite e derivados, especialmente queijo.

Como o Brasil não tem tradição alguma nessa produção - nem tinha vacas quando foi descoberto - é comum os queijos locais serem de má qualidade. Alguns nem são queijo de verdade, como o requeijão e o tal do padrão. Alô alô: queijos bons, naturais, daqueles que se pode comer depois da sobremesa para ajudar a digestão, são como os bons vinhos: caros. Aqui e no resto do mundo.

Te cuida, Jamie Oliver. Tô de olho. Um beijo.
............................... 
do livro Paixão emagrece amor engorda
postado também em 1/3/2010

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Cultura mineira: Defendendo o verdadeiro queijo Minas

Bem que eu já tinha percebido que há queijos e queijos. Com meu talento natural para ficar entupida, encatarrada y otras cositas más quando como queijo, os "curados" me pareciam diferentes, amigáveis quando não inofensivos, e infinitamente mais saborosos do que os queijos comuns.

Mas nem sempre. Algo me escapava entre a origem e os efeitos. Precisei ir a Belo Horizonte dar um curso, meses atrás, para me iniciar na verdadeira questão: as regiões altas de Minas Gerais ainda produzem queijo com leite cru, não pasteurizado, que ao passar algumas semanas maturando fica livre de qualquer micróbio nocivo e por isso se chama curado. "Curado de quê?", pergunta o diretor Helvécio Ratton. "Das doencinhas do queijo", responde o produtor mineiro.

Esse diálogo acontece no filme O mineiro e o queijo , documentário sobre a vida e o trabalho de quem mantém a tradição queijeira há cinco ou seis gerações, desde que os portugueses da Serra da Estrela trouxeram para a região a sua própria cultura. Foi o início do queijo "minas", famoso no mundo. Só que em 1950, tomado por uma febre higienista importada dos Estados Unidos, o governo brasileiro decretou que todo leite teria que ser pasteurizado antes de virar alimento. Desculpa: para combater brucelose, tuberculose e qualquer outra infecção que a teta da vaca pudesse transmitir. Assim se poderia consumir o queijo fresco, sem esperar pela cura.

A cura não acontece quando o leite do queijo é pasteurizado. Cru, ele contém enzimas e lactobacilos que com o passar dos dias trabalham as proteínas e o açúcar do leite tornando-o mais fácil de digerir. Como os bons queijos franceses e italianos, pode ser oferecido até como auxiliar da digestão depois de almoços e jantares. É a combinação de microorganismos do leite e do ar local que faz o serviço. Se o leite for pasteurizado, porém, terá apenas bactérias mortas; ele coalha, sim, e solta o soro, sim, mas é mera massa proteica coagulada, com baixo índice de acidez e alta propensão a ser indigesto.

Queijos curados verdadeiros passaram a ser vendidos por baixo do balcão. Com medo da vigilância sanitária, o comerciante começava respondendo que não tinha. Depois de conhecer o freguês, aí sim o queijo, já de casca grossa, amarelada, finalmente aparecia.

Serra da Canastra, Serro e Alto Paranaíba são as regiões de excelência comprovada para essa produção. O processo é praticamente o mesmo, mas os queijos saem diferentes em sabor e consistência. Hoje se chamam "queijos artesanais de Minas" e fazem parte do patrimônio cultural imaterial brasileiro. Não confundir com os "tipo minas" e "minas padrão" com que as multinacionais dos laticínios nos enganam. Os bons ainda são, infelizmente, para os poucos que podem ir a Minas comprar.

domingo, 21 de julho de 2013

"DEIXA SAIR" EM BH: 17 E 18 DE AGOSTO 2013

DEIXA SAIR COM SONIA HIRSCH
BELO HORIZONTE ~ 17 E 18 AGOSTO 2013
(SÁBADO E DOMINGO) DAS 9:30 ÀS 13H

CENTRO LOYOLA ~ CIDADE JARDIM
inscrições: Priscila (31) 9742-8080

:::::::::::

SÁBADO
1. Deixa sair

Desintoxicar na primavera. A primavera na cosmologia chinesa. Sintomas de intoxicação em vários níveis. Limpeza intestinal diária como seguro de saúde.

2. A dieta do dr Barcellos contra o câncer e todas as alergias
Desinflamatória, desintoxicante, emagrecedora, antialérgica: a poderosa dieta que ajuda a recuperar a saúde naturalmente, suprimindo proteínas que alimentam tumores.

DOMINGO
3. Candidíase crônica: epidemia oculta, pré-câncer, que se trata comendo bem

Ela está por trás de uma série de doenças crônicas, degenerativas e incapacitantes . A origem geralmente é digestiva e medicamentosa, por antibióticos que abrem caminho para fungos e toxinas. Os sintomas femininos aparecem mais, embora a candidíase afete igualmente os homens. A dieta específica para cada um.

4. Outros parasitas ligados a desconfortos, distúrbios e doenças
Bichos que dão em gente podem ser vermes, protozoários, fungos e bactérias, de vários tipos e tamanhos, todos hábeis no disfarce, todos produzindo sintomas aqui e ali e intoxicando devagar o hospedeiro, minando suas forças e levando a doenças físicas, mentais e morais.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Em Campinas: ALIMENTAÇÃO, CANDIDÍASE, PARASITOSES E CÂNCER

A maior parte das grandes doenças do nosso tempo começa pequena, discreta, imperceptível, num lugar que usamos muito todos os dias: o estômago.

A falta de uma boa digestão nos impede de assimilar corretamente os nutrientes e deixa no tubo digestivo resíduos que vão produzir toxinas.

A falta de uma boa eliminação faz com que esses resíduos e toxinas alimentem parasitas que modulam nosso desejo na direção de pseudoalimentos, bons para eles e péssimos para nós. Não só no estômago e nos intestinos, mas no sangue, nos órgãos vitais, nas juntas, nos tecidos moles que doem aqui e ali.

Não se trata apenas de comer melhor. Trata-se de não adoecer.

Num momento em que se tornaram corriqueiros os diagnósticos de doenças graves, o que podemos fazer para não tê-las?
::
ALIMENTAÇÃO, CANDIDÍASE, PARASITOSES E CÂNCER

PALESTRA DE SONIA HIRSCH
NO INSTITUTO ÍSVARA, EM CAMPINAS
6a feira 26 de julho 18:30
Rua Sampaio Peixoto 29 Cambuí
tel 19 3203 - 1918

http://www.isvara.com.br/Palestra_Sonia_Hirsch.html

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Entrevista: Sonia Hirsch no CAMINHOS ALTERNATIVOS da RÁDIO CBN




Alô alô, radiouvintes, alô!

Entrevista a Pétria Chaves amanhã, sábado, às 9h, ao vivo em http://cbn.globoradio.globo.com/Player/playerAoVivoSP.htm

e depois em http://cbn.globoradio.globo.com/programas/caminhos-alternativos/CAMINHOS-ALTERNATIVOS.htm

(Dedicada
ao meu querido amigo e
parceiro Cesar Lobo
)

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Assim é que se fala: " ...decidi vetar parcialmente, por contrariedade ao interesse público..."

Que bom que a Presidente Dilma teve a clareza e a sensibilidade de vetar os pontos críticos do chamado "Ato Médico", que visava a varrer da face da terra os saberes de outras categorias profissionais de atenção à saúde, transformando-as em meras serviçais.

Fica claro no veto que "Não são privativos do médico os diagnósticos funcional, cinésio-funcional, psicológico, nutricional e ambiental, e as avaliações comportamental e das capacidades mental, sensorial e perceptocognitiva”. http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=6&data=11/07/2013

Mais adiante, onde o projeto de lei queria que fossem exclusivos do médico a "invasão da pele atingindo o tecido subcutâneo para injeção, sucção, punção, insuflação, drenagem, instilação ou enxertia, com ou sem o uso de agentes químicos ou físicos”, o veto divulga o que muita gente não sabe, a acupuntura como política de saúde no SUS:

“Ao caracterizar de maneira ampla e imprecisa o que seriam procedimentos invasivos, os dois dispositivos atribuem privativamente aos profissionais médicos um rol extenso de procedimentos, incluindo alguns que já estão consagrados no Sistema Único de Saúde a partir de uma perspectiva multiprofissional. Em particular, o projeto de lei restringe a execução de punções e drenagens e transforma a prática da acupuntura em privativa dos médicos, restringindo as possibilidades de atenção à saúde e contrariando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde. O Poder Executivo apresentará nova proposta para caracterizar com precisão tais procedimentos."

Valeu, Presidente.

Agora, que tal recuperar a eficácia dos exames de fezes e fazer mais promoção da saúde através da alimentação?

Ops, me empolguei...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

De olho na Historia: Vai passar?



Vai Passar?
por Carô Murgel (historiadora) (Notas) em Sexta, 21 de Junho de 2013 às 13:25 

Ouvindo hoje os jornais falarem sobre a manifestação ontem em Campinas, fiquei pensando o quanto de manipulação a imprensa, especialmente a Globo, tenta impingir aos telespectadores através das mesmas edições de imagens que assistimos no debate de Lula e Collor em 1989.

Eu estava lá, em frente à prefeitura com um grupo de amigos – chegamos na primeira leva da passeata das 70.000 pessoas que tomaram as ruas. A prefeitura estava cheia de jovens, famílias, crianças, idosos. Nos 10 minutos que conseguimos ficar ali antes das explosões das bombas da Guarda Municipal (ops, a responsabilidade pela ação dessa guarda, não esqueçamos, é do prefeito Jonas Donizette, do PSB)  não assistimos nenhum ato de “vandalismo”. E quando começamos a caminhar para deixar o local ouvimos as explosões e sentimos os gases que nos fecharam a garganta e ardiam nos olhos e na boca – a polícia jogou bombas em toda frente da prefeitura, atingindo crianças, idosos, todas as pessoas que ali estavam indistintamente. Pedras? Se jogaram alguma, não vimos, mas vimos pessoas caindo, sufocadas por gases, uma garota de uns 12 anos desmaiada sendo carregada por pessoas desesperadas procurando ajuda.

O que vimos foi um ato de covardia sem tamanho – toda aquela população em frente à prefeitura subiu correndo pela Barreto Leme, uma parte ficou acuada no posto de gasolina na esquina com a Anchieta, o vento levando os gases para cima dos manifestantes. Cena de guerra, de desespero. Uso desproporcional de força, covardia da polícia, do prefeito, dos que deveriam garantir a tranquilidade e o direito da população de ocupar os seus espaços.

Eu que sou a mais pacífica das criaturas senti a ira subir pelo tamanho da covardia, se tivesse encontrado um fardado no caminho também teria vontade de dar umas bolachas bem dadas, por cada uma daquelas pessoas atingidas. Conseguimos sair sem ser pisoteados, porque saímos colados às paredes.

Depois disso Campinas virou uma praça de guerra. Se havia uma minoria violenta, acredito que muitas outras pessoas pacíficas depois dessa recepção policial também atacaram por indignação. Muitas pessoas querendo voltar para defender os que ficaram da violência policial. Nas imagens hoje na Globo, as pedras atiradas foram nesse segundo momento – eles inverteram, fazendo parecer que a população atacou primeiro. Não estou dizendo que não possam ter acontecido agressões antes, mas estávamos olhando para a prefeitura, e o que víamos era muito pacífico, com a população garantindo que pequenos atos exaltados fossem acalmados. Se naquele momento houve de fato, como diz a imprensa, agressão por parte de manifestantes, a resposta policial foi desproporcional.

Estão todos perdidos em relação às manifestações, especialmente a classe política. O que não entenderam? A manifestação que causou a explosão de todas as outras foi em São Paulo – uma manifestação pacífica que foi atacada pela polícia, onde os manifestantes que estavam ali exclusivamente para pedir redução das tarifas foram chamados de vândalos e baderneiros pelo Geraldo Alckmin e pela Globo. O ataque covarde lá (como foi em Campinas ontem) despertou a população – a partir dali o movimento se tornou essa coisa difusa de todas as causas. A gota d’água, creio eu, não foram os 20 centavos, foi a violência do Governo do Estado de São Paulo pela atuação de sua polícia contra manifestantes de uma causa mais do que legítima. E quantas outras causas legítimas temos?

No geral, o que tivemos até agora é uma afronta da classe política aos direitos constitucionais, e com base nas manifestações, podemos listar algumas dessas afrontas:
  1. A origem das manifestações: transporte público. Vários estudos mostraram que proporcionalmente, pagamos o transporte mais caro do mundo, com qualidade mínima. Os incentivos governamentais são em prol das montadoras e do transporte individual. Como os brasileiros vão deixar o carro se a tendência é que sejam tratados como sardinha em lata? Por que o custo é tão alto? Qual é o lucro real dos donos do transporte coletivo? O que ouvimos é que os prefeitos pensam em novos tributos para “compensar” o subsídio.  Hein?
  2. Tá lá na Folha: “Pela quarta vez seguida, o Brasil aparece entre os 30 países do mundo que mais cobram impostos do mundo. Também pela quarta vez, o país ocupa a lanterna em termos de qualidade dos serviços públicos prestados à população”. http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/04/16/brasil-cobra-imposto-caro-mas-e-o-da-menos-que-retorno-a-sociedade.htm. Pra onde vai esse dinheiro? Para dar o mínimo exigido pela constituição que é a qualidade nos serviços vamos precisar de mais impostos? Pra onde vai o dinheiro?
  3. Corrupção no Brasil. O site Jusbrasil estimava, em 2011, o valor em R$ 69,1 bilhões de reais, 2, 3% do PIB na época. O PIB caiu, mas temos certeza que a corrupção não. Ah, por isso precisamos aumentar os impostos, claro. Estamos sustentando mal a corrupção. (http://sindjufe-mt.jusbrasil.com.br/noticias/2925465/o-preco-da-corrupcao-no-brasil-valor-chega-a-r-69-bilhoes-de-reais-por-ano)
  4. Nas últimas eleições a bancada evangélica no congresso aumentou em 75%. Deve ser por conta do milagre que acontece ali, nada laico: o milagre da multiplicação do patrimônio pessoal de deputados e senadores. Coisa bonita de se ver, desperta a fé religiosa. http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?id=1365176&tit=Bancada-evangelica-seria-3-partido-da-Camara e http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,deputados-justificam-crescimento-de-bens,684995,0.htm
  5. A educação pública é um engodo. Com salários baixos, a grande massa de professores que ainda se propõe a ensinar nas escolas públicas é semi-alfabetizada (sim, há exceções, mas a maior parte não consegue escrever um texto com coerência). O salário atual em São Paulo foi para R$ 2.257,84 (sem os descontos, claro). O salário inicial de um policial militar é de R$ R$2.563,28. Onde a classe política não entendeu que a única coisa que pode derrubar a criminalidade é a Educação – e com qualidade? Querem aprender com a Finlândia como se faz? http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,na-finlandia-a-profissao-de-professor-e-valorizada-,1035943,0.htm. Vejam que lá Humanidades e Artes são valorizadas, ao contrário do Brasil, onde a baixa prioridade é exatamente sobre essas áreas: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/06/1298041-e-mails-revelam-divergencias-em-programa-de-bolsas.shtml
  6. Na saúde, assistimos uma grande privatização, já que os hospitais públicos também se tornaram zonas de guerra, sem médicos, sem equipamentos, sem a mínima infra-estrutura para funcionamento. Veja em https://www.youtube.com/watch?v=NyeS-9cozso. Não há dinheiro para gaze e esparadrapo, mas o custo de gastos com as obras para as Copas subiu para R$ 28 bilhões. Ronaldo, esse ícone da Globo e do futebol acha óbvio: futebol é mais importante que a saúde, é um absurdo querer hospital se o que precisamos é de estádios. https://www.youtube.com/watch?v=SuHTkFC_Zyc;
  7. Mais de um milhão e meio de assinaturas foram entregues ao Congresso Nacional pedindo o afastamento de Renan Calheiros do senado. O ato foi solenemente ignorado pelo congresso, assim como as manifestações exigindo o afastamento de Feliciano da Comissão de Direitos Humanos. O pastor não se cansa de suas declarações misóginas, homofóbicas e racistas. Acabou de aprovar a “cura gay”, um ato evidente de desrespeito à Constituição Brasileira – assim como o são as suas declarações. A Câmara ignora, e ignora com isso direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros. http://oglobo.globo.com/pais/manifestantes-entregam-16-milhao-de-assinaturas-pela-queda-de-renan-calheiros-7629464 e http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1297075-proposta-sobre-cura-gay-e-aprovada-em-comissao-presidida-por-feliciano.shtml
  8. Se no caso anterior o pastor passou por cima de todas as recomendações mundiais – desde os anos de 1970 e sobre o Conselho de Psicologia, por outro lado garante o corporativismo médico com o Ato Médico, desconsiderando todas as outras categorias da área de saúde.: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/06/1297761-aprovado-ontem-pelo-senado-ato-medico-tera-impacto-no-sus.shtml
  9. O corporativismo se estende, é claro, aos próprios congressistas, que com as PECs 33 e 37 querem garantir que a corrupção não seja punida: http://www.nacaojuridica.com.br/2013/06/entenda-tudo-sobre-pec-37-e-pec-33.html?m=1
  10. O Estado e a bancada religiosa continuam mantendo as mulheres reféns do corpo: é a única “minoria” que tem seus direitos de escolha castrados legalmente, o que foi ampliado de forma absurda pela PEC 164, sobre os direitos do Nacituro, que inclui a chocante proposta de uma “bolsa estupro”. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1295831-protesto-contra-estatuto-do-nascituro-reune-1500-pessoas-na-praca-da-se-em-sp.shtml.   Tratadas como objetos ou “caixotes de reprodução”, não é à toa que a violência contra as mulheres no Brasil é monstruosa (http://redeglobo.globo.com/globocidadania/noticia/2013/03/violencia-contra-mulher-brasil-avanca-mas-problemas-persistem.html) Desnecessário dizer que Feliciano tem se esforçado nessa frente também: http://oglobo.globo.com/pais/feliciano-quer-votar-bolsa-estupro-na-comissao-de-direitos-humanos-8715450 .

Lembro que no fim da Ditadura Militar, em 1985, a música que representava aquele momento era Vai Passar, de Francis Hime e Chico Buarque, cujo trecho que todos cantavam com fervor era “Dormia a nossa pátria mãe tão distraída / Sem perceber que era subtraída / Em tenebrosas transações”. 30 anos depois, o que essa moçada está dizendo é, ainda, isso.


Vai passar
(Francis Hime e Chico Buarque)

Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais

Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações

Seus filhos erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal
Tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
(Vai passar)

Palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
E os pigmeus do bulevar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear

Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório geral
Vai passar

terça-feira, 11 de junho de 2013

Viver melhor: "Temos que voltar à medicina antiga"


Médico, dono e diretor da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, Luis Roberto Londres critica sem meias palavras o modelo atual de assistência à saúde:

"Tudo o que aprendi eu devo à medicina pública e beneficente. Era o orgulho dos médicos o trabalho público, de ensino, pequisa e beneficente. Medicina é uma missão. Hoje a gente vê que outras dimensões estão sendo mais valorizadas que as pessoais: tamanho, empresa, dinheiro, conglomerados. Está se pervertendo uma atividade que é basicamente humana.

"Dizem que o problema é financiamento... será que é? Acho que falta comprometimento de todos. Todos estão preocupados com sua coisinha, sem participar. Temos que fazer a diferença como autoridade. A presidenta é apenas nossa representante. Como a gente aceita que nossa saúde pública seja um lixo? Antes, os presidentes não se tratavam no Sírio-Libanês, mas no Hospital dos Servidores do Estado. É uma inversão de valores, quem paga o atendimento deles no Sírio-Libanês somos nós. Qual o problema então? Falta médico, ou há médicos concentrados? E será que temos leitos hospitalares de menos? Tem leitos hospitalares ocupados indevidamente.


Frio e gripe? Canja de galinha (caipira, é claro)




Existem comidas milagrosas, sim, e a canja de galinha
é uma delas. A melhor que tomei na vida foi em
Minas, num hotel de Cambuquira, muitos anos atrás.
Cheguei lá com dor de cabeça, o rosto congestionado,
uma sensação de gripe encostando, apetite nenhum.
A dona do hotel me convenceu a tomar um
prato de canja. Tomei dois. Dia seguinte era outra
pessoa, feliz e bem disposta.

A canja de galinha tem a felicidade de combinar
sabor e textura agradabilíssimos com uma poderosa
ação medicinal. É conhecida no mundo inteiro por
suas propriedades benéficas para adoentados e convalescentes.
Chegou ao Brasil com os marinheiros
portugueses que vinham da Ásia, ainda no século
XVI; daí ter virado um prato tradicional brasileiro.

Canja vem do kanji indiano e do congee chinês,
papas ralas de arroz longamente fervido. Na China a
pessoa acorda e vai à lanchonete comer congee. Escolhe
e coloca numa tigela pedacinhos de vegetais,
carnes, peixes e ovos, todos crus, que vão receber
por cima o caldo de arroz pelando que os deixa
semicozidos: fáceis de digerir, mas sem perda de
enzimas e vitaminas. Há muitas opções entre os complementos,
inclusive medicinais.

Nos mosteiros Zen o congee se chama okaio. O
arroz cozinha a noite inteira em fogo baixo e é servido
no desjejum, acompanhado por uma pequena
porção de verduras como repolho ou couve-chinesa,
refogadas em óleo de gergelim com um pouquinho
de shoyu. Gersal e salsa por cima. Um pedaço de
nabo em conserva é a sobremesa, e uma taça de chá
encerra o serviço. É comida suave, para ajudar a esvaziar
a mente.

O longo tempo de cozimento torna as papas de
arroz muito fáceis de digerir e absorver. Acalmam o
trato intestinal e limpam os rins. O leite de arroz, que
se obtém passando a papa na peneira, é uma bebida
deliciosa e altamente nutritiva. Pode ser dado na mamadeira
aos bebês já no início do desmame, após os
6 meses. Também é alimento ideal para pessoas muito
idosas, que segundo a medicina chinesa podem comer
papas o dia inteiro, a qualquer hora, para se
manterem fortes mas sem sobrecarga.
Buda, no Livro da Disciplina, enaltece os poderes
da papa de arroz, que comia com leite fresquinho
e mel: “Dá dez coisas aos que a comem – vida e
beleza, facilidade e força. Dissipa fome, sede e vento.
Limpa a bexiga. Digere a comida. É louvada pelo
bem-aventurado.”

A papa de arroz se faz com uma parte de arroz
integral ou branco e oito a dezesseis partes de água.
Lave o arroz e deixe de molho na véspera para
ir transformando os grãos. Panela grossa é importante.
Se não tiver, coloque uma chapa de ferro ou pedra
por baixo, ou um bom dispersor de calor. No
fogão: reduzir a chama ao mínimo assim que ferver e
cozinhar por três horas ou mais. No forno: em caçarola
tampada, por três ou quatro horas, também em
fogo baixo. Na panela elétrica slow cooker: 8 horas
na temperatura mínima.

Em caso de gripe ou resfriado, a canja de galinha
– arroz cozido longamente com uma galinha inteira
em bastante água – ajuda a vítima a melhorar
mais rápido porque é rica em cisteína, um aminoácido
que ajuda a expelir o muco dos pulmões. Mas tem
que ser galinha caipira, criada sem antibióticos nem
substâncias químicas, ou seja: comendo minhoca e
namorando o galo até ficar bem velhinha e generosa.

Quem se resfriou com frio ou vento pode tomar
a canja bem quente e apimentada, pois o calor e a
pimenta vão ajudar a mover os fluidos para fora e
expectorar. A pimenta-vermelha pode ser usada ao
natural, em conserva ou em pó, para um resultado
antibiótico, antiviral e altamente suadouro, que expulsa
o fator externo da gripe e faz a energia circular.
Já para fraqueza pós-parto, a canja deve ser muito
mais santa: começa com uma galinha inteira, fervida
até desmanchar. Coe, deixe esfriar, retire a gordura
com papel-toalha e reserve o caldo. Faça a papa normalmente
com arroz e água. Quando estiver quase
pronta, junte o caldo de galinha, cozinhe mais um
minuto e sirva.

Considerem-se com fraqueza pós-parto todos os
que assim o desejarem.

Crônica do livro Amiga Cozinha
galinhas de estimação da Celina Gusmão

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Agora é o trigo transgênico?



AS-PTA boletim@aspta.org.br por  bt01.terra.com 
16:44 (5 horas atrás)
para shirsch
###########################
POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS
###########################
Trigo contaminado por transgênicos leva Japão a suspender importações dos EUA
Car@s Amig@s,
O trigo transgênico não é autorizado para plantio comercial ou para o consumo em nenhum país do mundo. Em 2002 a Monsanto solicitou às autoridades regulatórias dos EUA e do Canadá a liberação do produto, mas foi tão grande a rejeição, tanto de consumidores como de produtores do cereal, que a empresa acabou por desistir do pedido em 2004. Teve muito peso, à época, a pressão exercida pelos grandes produtores de trigo, que temiam perder os mercados de exportação para a Europa e a Ásia.
O temor não era sem sentido. Nesta segunda-feira (03/06) o Japão informou que irá suspender as importações de trigo dos EUA enquanto a Monsantoinvestiga o caso de contaminação de trigo pela variedade geneticamente modificada em uma plantação no estado de Oregon.
O anúncio foi feito logo depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou sobre a contaminação. O Japão não só proibiu novas importações de trigo dos EUA, como suspendeu a entrega de vários carregamentos adquiridos anteriormente. O Japão é o segundo maior comprador de trigo norte-americano, perdendo apenas para o México. O site da revista Globo Rural informou que, “segundo informações da Dow Jones, uma autoridade do governo japonês revelou que o trigo recém-chegado nos portos ficará sob custódia. O país não tem com verificar a transgenia do grão e pediu aos Estados Unidos para desenvolver um teste, acrescentou a autoridade.”
Ainda não se sabe como o trigo transgênico contaminou a plantação norte-americana.

A Monsanto publicou uma nota à imprensa em seu site, minimizando a gravidade da contaminação, baseando-se sobretudo no argumento do “histórico de uso seguro” da tecnologia Roundup Ready (RR), que confere às lavouras geneticamente modificadas a tolerância à aplicação do herbicida Roundup (a base de glifosato).
Essa tecnologia é autorizada em alguns países nas culturas de milho e soja e tem sido responsável pelo enorme aumento no uso de agrotóxicos nas lavouras. Nos primeiros anos, cresce exponencialmente a utilização do próprio Roundup. Naturalmente, o mato que deveria ser controlado com a aplicação do veneno começa a desenvolver resistência, e então os agricultores são levados a introduzir nos sistemas outros agrotóxicos ainda mais nocivos que o próprioRoundup (só no Brasil já foram identificadas pelo menos cinco espécies de plantas invasoras que desenvolveram resistência ao glifosato nas lavouras RR).
Os danos ambientais e econômicos desse processo no longo prazo são evidentes. Não bastassem eles, são cada vez mais numerosas as evidências científicas de que as próprias plantas transgênicas representam riscos para a saúde de quem as consome. O exemplo recente mais notório foi a pesquisarealizada na França que verificou o surgimento de tumores em ratos alimentados com o milho transgênico NK 603, tolerante ao Roundup.

Mas a grande questão que esse novo caso de Oregon levanta diz respeito à própria contaminação: ele prova, mais uma vez, que não é possível impedir a contaminação genética oriunda das lavouras transgênicas. Seja através da deriva do pólen, seja através de máquinas, equipamentos de transporte ou estruturas de armazenamento, lavouras convencionais ou mesmo orgânicas acabam, cedo ou tarde, sendo contaminadas por suas similares transgênicas, normalmente provocando grandes prejuízos àqueles que optaram por não plantar as sementes geneticamente modificadas.
Diversos casos na história comprovam a impossibilidade de coexistência pacífica entre os sistemas de produção transgênicos com os convencionais ou orgânicos, mesmo quando a variedade transgênica estava confinada em campos experimentais controlados. Um caso notório nesse sentido foi o do arroz Liberty Link, tolerante ao herbicida glufosinato de amônio, que não era autorizado comercialmente e em 2006 contaminou cerca de 30% da colheita dos EUA, gerando quebra de exportações, prejuízos milionários e indenizações também milionárias da empresa a agricultores prejudicados.
Em outros casos, a contaminação por transgênicos acabou abrindo as portas para a sua legalização. Foi assim com a soja RR no Brasil, que no final dos anos 1990 foi tomando os campos do sul do país clandestinamente. Em 2005 o governo federal autorizou o cultivo comercial do grão com o argumento de que a sua utilização na agricultura já era um “fato consumado”, dispensando os estudos de impacto ambiental e de riscos à saúde. Daí em diante, a porteira para os transgênicos se abriu de vez.
Não é demais observar que em 2009 a Monsanto retomou suas pesquisas sobre trigo transgênico RR e, atualmente, empreende novos esforços buscando criar um clima mais favorável à liberação do produto. O foco agora para introdução e difusão do cereal é a Austrália. O Escritório do Órgão Regulador de Tecnologia Genética (OGTR, na sigla em inglês) já concedeu licença para a implantação de campos experimentais com trigo transgênico em cinco estados, com o objetivo de autorizar a comercialização no país em 2015.
Com informações de:
No Appetite for Australian GM wheat - Safe Food Foundation, abril/2013.

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Neste número:

1. Bahia: Justiça suspende autorização de uso de agrotóxico autorizado irregularmente pelo Ministério da Agricultura
2. Ministro brasileiro vai novamente à China pedir liberação de soja transgênica
3. Abrasco é convidada para avaliar acidente ambiental em Goiás
4. Senado italiano proíbe transgênicos por unanimidade
5. Nestlé evita transgênicos em fórmulas infantis na África do Sul
6. Anonymous derrubam site da Monsanto – #OpMonsanto
A alternativa agroecológica
Manifesto apresenta pautas e desafios da agroecologia em SC
Dica de fonte de informação:
A transgenia está mudando para pior a realidade agrícola brasileira”, entrevista com Leonardo Melgarejo, membro da CTNBio, ao IHU On-Line - publicada em  03 de junho de 2013.
“A agricultura brasileira se vê diante da ampliação de custos produtivos e percebe uma alteração no tamanho mínimo viável para lavouras tecnificadas de milho, soja e algodão. Com isso, pequenos estabelecimentos se tornam inviáveis, o que resulta em aceleração da exclusão de pequenos produtores. Isso significa que, na prática, a transgenia tem acelerado uma espécie de reforma agrária às avessas no rural brasileiro. A expansão das lavouras transgênicas também acelera a simplificação das matrizes produtivas regionais.”
Círculo vicioso
“Ao reduzir o número de produtores e o leque de produtos ofertados, a expansão da monocultura e o avanço das lavouras transgênicas provocam um círculo vicioso, que amplia as dificuldades de permanência das famílias no campo. Perceba: exigindo economia de escala e sendo deletéria para a agricultura familiar, esta tecnologia leva à redução da população rural e acaba inviabilizando a prestação de serviços que são fundamentais para a vida no campo. As escolas, os postos de saúde, as linhas de coleta de leite se tornam inviáveis quando a população se faz rarefeita. Então, é possível afirmar que a expansão dos transgênicos se associa à tendência de fragilização do tecido social necessário para a permanência do homem no campo. Além de reforçar o esvaziamento do campo e refrear o avanço de políticas que apostam em processos de desenvolvimento rural, “com gente”, a transgenia ameaça a qualidade de vida dos que permanecem no campo, ampliando o volume de agrotóxicos utilizados. Tanto é que o Brasil se tornou o país que mais usa agrotóxicos no mundo. Para o agronegócio não é ruim: sugere um maior volume de negócios, permitindo mapear uma expansão do PIB e da contribuição do setor para a economia nacional.”
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Querem mais? Assinem o boletim em http://aspta.org.br : gente séria pensando a vida.

domingo, 26 de maio de 2013

...mas antes disso, no sábado 1/6, a partir das 8:30, feirinha da AAO no Parque da Água Branca.

Fico lá sentadinha, tomo um chá, bato papo com as pessoas, dou autógrafos, faço uma comprinhas.

Às 11:15 começa uma conversa sobre alimentação, candidíase, parasitoses e câncer.

Entrada franca, é bom chegar cedo. Vejo vocês lá?


Alô Alô São Paulo! 2a feira, dia 3/6, às 17h, na USP...


A saúde de cada um: Medicalização x Autonomia


A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA 
NOS CUIDADOS BÁSICOS DE SAÚDE:
TRECHO DA ENTREVISTA COM O MÉDICO 
E PROFESSOR DA UFSC CHARLES TESSER
IHU On-Line – O que deve ser levado em conta quando se fala de autonomia em saúde-doença?
Charles Tesser – A maior parte do que as pessoas fazem em relação à própria vida e à saúde é por conta própria, ou seja, em um ambiente de cuidado doméstico, familiar, na sua rede de relações sociais. Uma parte das ações para se cuidar foi introduzida na cultura pelos próprios profissionais de saúde. No entanto, a autonomia diminui conforme aumenta a medicalização. E conforme aumenta a medicalização, se dissemina nas pessoas e nas populações uma sensação de insegurança e de incompetência para fazer as coisas que costumam fazer para enfrentar a vida: pequenos problemas, pequenas dores não necessariamente precisam gerar demanda de um profissional de saúde.
A ideia hoje muito explorada em todo o mundo, até nas próprias profissões acadêmicas da saúde, é que, dado o aumento da longevidade e a proeminência de doenças crônicas, deveríamos tentar trabalhar para incrementar, resgatar, valorizar ou estimular a autonomia das pessoas em geral, seja para terem mais segurança, tranquilidade e mais conhecimento, senso crítico e bom senso para se cuidarem por conta própria, seja para participarem dos cuidados que transcendem a esfera da competência leiga e que necessitam de um curador, um profissional de saúde.
De qualquer forma, temos um processo histórico que vem desde o fim do século XX, que é uma tendência de, na atuação profissional, exigir submissão, pouca autonomia; a gente faz e intervém. O médico dá o remédio, opera e a pessoa só cumpre ordens. Isso é frustrante, medicalizante e funciona muito mal.
ÍNTEGRA
http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/mais-medicalizacao-menos-autonomia-entrevista-especial-com-charles-dalcanale-tesser/520444-mais-medicalizacao-menos-autonomia-entrevista-especial-com-charles-dalcanale-tesser

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Monteiro Lobato e a Homeopatia, em 1917


De Vânia B.O.
para Deixa Sair
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Carta de Monteiro Lobato a seu amigo Rangel

Fazenda 3/3/1917

Rangel: A homeopatia!... Eu pensava como você; ou peor ainda, não me dava ao trabalho de pensar coisa nenhuma a respeito. Não acreditava nem descria - não pensava no assunto e pronto. Mas um dia sobreveio o "estalo" e fiquei tonto. O meu Edgarzinho apareceu com uma doença no nariz. Isso na fazenda. Ele tinha dois anos. Corro a Taubaté. Consulto os médicos locais: "O melhor é ver um especialista em São Paulo". Vamos para São Paulo. "Quem é o baita para narizes?" J. J. da Nova. Vou ao Nova. Examina, cheira, fuça e vem com um grego: "Rinite atrófica. Só pode sarar lá pelos 18, 20 anos - mas vá fazendo umas insuflações com isto" – e deu-me uma droga e um insuflador. 

Voltamos para Taubaté, muito desapontados. Dezoito anos! Mas minha casa lá era defronte à duma prima. Vou vê-la. Tenho de esperar na sala de visitas um quarto de hora. Em cima da mesa redonda está um livro de capa verde. Abro-o. "Bruckner, O Médico Homeopata". Instintivamente procuro a seção Nariz. Leio conjuntos de sintomas. Um deles coincide com os sintomas da rinite de Edgar. Prescrição:"Mercurius". Entra a prima. Conto o caso do menino e aquele encontro ali. "Vale alguma coisa isto de homeopatia?" pergunto céptico. E ela: "Experimente. Não Custa". 

Quando saí, passei pela farmácia. "Tem Mercurius?" Tinha. Comprei Cinco Tostões. "Almeida Cardoso - Rio". Levo pra casa. Falo a Purezinha. Sem fé nenhuma, dou automaticamente os carocinhos ao Edgar, mais do que mandavam as instruções. Cinco em vez de três. Depois, mais cinco. De noite, mais cinco. No dia seguinte, o milagre: todos os sintomas da rinite haviam desaparecido!... Mas sobrevirá uma novidade: purgação nos ouvidos. Cheio de confiança, corro à casa da prima, atrás do livro de capa verde. Procuro "Ouvidos" e leio esta maravilha: "As vezes sobrevem purgação no ouvido por abuso de Mercurius, e nesse caso o remédio é Sulphur". 

Vou voando a farmácia. Compro Sulphur. Mais 500 reis. Dou Sulphur ao Edgar e pronto - sarou do ouvido! Sarou da rinite, sarou de tudo! Preço da cura: 1000 reis. Pela alopatia, em troca da não-cura: varias consultas medicas, viagem a S. Paulo, drogas insuflantes e aparelho insuflador - e a desesperança. 

Que fazer depois disso, Rangel, senão mandar vir um livro de capa verde e uma botica com todas as homeopatias do Almeida Cardoso? Cem mil reis custou-me, e desde então curo tudo. Curo tudo em casa e no pessoal da fazenda. Fiquei com fama de mágico. Vem gente dos sítios vizinhos. "Ouvi dizer que o senho é um bom doutor que cura" - e curo mesmo. Chega a vir gente até do município vizinho atras dos "carocinhos mágicos"... 

Lobato 
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Texto integral retirado de: A BARCA DE GLEYRE; LOBATO, MONTEIRO, II TOMO – QUARENTA ANOS DE CORRESPONDÊNCIA ENTRE MONTEIRO LOBATO E GODOFREDO RANGEL; ED BRASILIENSE, 1946, 1a EDIÇÃO.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Cobaias do mundo, uni-vos! Precariedade médica e insegurança farmacêutica


A Merck está recolhendo no mundo inteiro o medicamento Cordaptive, supostamente indicado para controlar níveis de colesterol, porque  "um estudo clínico internacional evidenciou aumento no número de ocorrências de efeitos colaterais graves (...) e além disso não demonstrou os benefícios esperados..."

Ou seja, há um esquemão que impede a venda do Elixir de Inhame, por exemplo, e inúmeros outros fitoterápicos baratos e eficazes contra mil coisas, enquanto a dona Merck passa garbosa com suas pílulas caras e daninhas.

Dá para confiar?

sábado, 4 de maio de 2013

Sempre um gato


Pode ser mais lindo? A Denise Sahione me mandou a dica dessa autora chinesa que mora no País de Gales e tinha um medo fóbico de gatos, dá para acreditar? Valeu, Denise!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Avaaz e as abelhas na Europa: Será possível uma nova democracia?

Parece pouco – a gente clica, assina uma petição e logo muda de página. Mas a coisa rola feito propina em obra do governo e 2,6 milhões de pessoas também assinam. Dá resultado. A lei da Ficha Limpa foi assim, e agora a petição do Avaaz conseguiu o que parecia impossível. Vejam abaixo.
::
Ricken Patel - Avaaz.org por  bt01.terra.com 
14:41 (3 horas atrás)

para Deixa Sair


Cara comunidade da Avaaz, 

Conseguimos -- a Europa acabou de votar uma proibição aos pesticidas de abelhas! 
Grandes empresas como a Bayer lutaram com toda força contra a proposta, mas o poder popular, a ciência e a boa governança foram mais fortes!! 



Abelhas "morrem" em frente à sede da Bayer em Colônia, na Alemanha

Vanessa Amaral-Rogers, da organização especializada em conservação, Buglife, disse: 
"Foi um voto apertado, mas graças à enorme mobilização dos membros da Avaaz, criadores de abelhas e outros grupos, nós vencemos! Não tenho dúvidas sobre o quanto as enchentes de telefonemas e emails enviados aos ministérios, as ações presenciais em Londres (Reino Unido), Bruxelas (Bélgica) e em Colônia (Alemanha), e a gigante petição com 2.6 milhões de assinaturas foram responsáveis por esse resultado. Obrigado Avaaz e a todos que trabalharam tão arduamente para salvar as abelhas!"
As abelhas são responsáveis por polinizar ⅔ de todos os nossos alimentos. Por isso, quando os cientistas começaram a notar que, silenciosamente, as abelhas morriam em proporções aterrorizantes, a Avaaz entrou com tudo, e não parou até alcançar uma vitória. A vitória dessa semana é fruto de dois anos de campanhas que começaram com o envio de mensagens para ministros de governos, organização de protestos para chamar a atenção da mídia junto com criadores de abelhas, comissionamento de pesquisas de opinião e muito, muito mais. Foi assim que fizemos, juntos: 
  • Assegurando a posição da França. Em janeiro de 2011, 1 milhão de pessoas assinaram nosso pedido para a França fazer valer a lei sobre o banimento de pesticidas neonicotinoides mortais. Membros da Avaaz participaram, junto com criadores de abelhas, de uma reunião com o Ministro da Agricultura francês, irradiando força e pressionando-o para que ele não se intimidasse pelo lobby da indústria e mantivesse a proibição aos pesticidas, assim enviando um forte sinal para outros países europeus.

  • Cara à cara com a indústria. Bayer viu a Avaaz e seus aliados protestarem ferozmente nos últimos 3 encontros anuais da empresa. Os gerentes e investidores da gigante produtora de pesticidas foram recebidos pelos criadores de abelhas, que faziam bastante barulho e carregavam banners enormes mostrando nossa petição de mais de 1 milhão de assinaturas; a petição exigia a suspensão do uso dos neonicotinoides até que os seus efeitos na natureza fossem avaliados pelos cientistas. A Avaaz até mesmo fez uma apresentação dentro do encontro dos investidores, mas a Bayer insistiu no 'não'.
  • Destacando a importância da ciência. Em janeiro de 2013, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos descobriu três pesticidas que colocavam as abelhas em risco. Foi aí que entramos novamente, buscando garantir que os políticos europeus respondessem ao apelo dos cientistas. Nossa petição cresceu rapidamente e chegou a 2 milhões de assinaturas. Após várias conversas com tomadores de decisão da União Europeia, a Avaaz entregou as nossas vozes à sede da UE em Bruxelas. Logo depois, naquele mesmo dia, a Comissão Europeia propôs uma proibição de 2 anos aos pesticidas!

  • Criadores de abelhas ajudam a entregar nossa enorme petição em Downing Street, Londres
  • Aproveitando a oportunidade. A batalha para salvar as abelhas pegou fogo nos meses de fevereiro e março. Em toda União Europeia, membros da Avaaz estavam prontos para dar uma resposta enquanto os 27 membros da UE decidiam se aceitariam ou não a proposta de proibição dos pesticidas. Quando grandes países agricultores como Reino Unido e Alemanha disseram 'não', a Avaaz conduziu pesquisas de opinião pública que mostraram que a maioria dos britânicos e dos alemães eram a favor da proposta de proibição. Além disso, membros da Avaaz enviaram meio milhão de emails para os Ministros da Agricultura dos países do bloco europeu. Aparentemente temendo mais os cidadãos do que o lobby da indústria, o ministro do Reino Unido, Owen Paterson, queixou-se de um "ciber-ataque", algo que os jornalistas trataram como uma história a nosso favor! E então veio o Bernie, nossa abelha inflável de 6 metros de altura situada em Bruxelas. Uma forma bem criativa de e ntregar a petição, enquanto as negociações chegavam na reta final. Os jornalistas cercavam o Bernie, e descobrimos que nossa atuação ajudou a garantir que o ministro espanhol olhasse com mais atenção para a ciência e mudasse o seu posicionamento acerca do tema para proteger as abelhas. Mas nesse dia não conseguimos a maioria necessária para assegurar a proibição.



  • Bernie ganha destaque no jornal britânico The Independent
  • Do alerta vermelho para o sinal verde. Em abril, a proposta que poderia salvar as abelhas é enviada ao Comitê de Recursos, dando-nos um raio de esperança se finalmente conseguíssemos trazer mais alguns países-membros para o nosso lado. Na reta final, a Avaaz junta-se à outros grupos como a Environmental Justice Foundation, Amigos da Terra e a Pesticides Action Network, além dos criadores de abelhas e estilistas famosas, para organizar uma ação do lado de fora do Parlamento do Reuno Unido. Na Alemanha, os criadores de abelha lançam sua própria petição no site da Avaaz direcionada ao governo, e 150.000 cidadãos alemães juntam-se à campanha em apenas dois dias; pouco depois as assinaturas são entregues em Colônia. Mais telefonemas são feitos para os gabinetes de ministros em diferentes capitais europeias, enquanto a Avaaz respondia a uma emenda destruidora feita pela Hungria no acordo de proibição e posicionava Bernie, a abelha, novamente e m uma ação em Bruxelas. As empresas de pesticidas compraram espaços de publicidade no aeroporto de Bruxelas para chamar a atenção das comitivas diplomáticas, e aumentaram a pressão sugerindo propostas como a plantação de flores selvagens. Mas a máquina de propaganda deles é ignorada. Primeiro foi a Bulgária que mudou de posição. Depois, veio a grande vitória: a Alemanha muda de ideia a favor das abelhas e carimba nossa vitória. Mais da metade dos países da União Europeia votaram pela proibição dos pesticidas!

Conseguir essa vitória foi um processo longo, e isso não seria possível se não fosse a participação dos cientistas, especialistas, oficiais de governo, criadores de abelha e todos os nossos parceiros de campanha. Podemos ficar orgulhosos do que conseguimos fazer juntos! 

Forte defensor das abelhas, Paul de Zylva, chefe da Unidade de Polinização e Pesticida da organização Amigos da Terra, disse:
"Obrigado aos milhões de membros da Avaaz que se mobilizaram online e nas ruas. Sem dúvida, a enorme petição e as campanhas criativas da Avaaz ajudaram a pressionar pela proibição dos pesticidas, complementando o nosso trabalho e o de outras ONGs."
Chegou a hora de festejar a conquista desse espaço para uma das criaturas mais importantes e preciosas de nosso planeta. Entretanto, a proibição da UE durará apenas dois anos até ser revisada. E, ao redor do mundo, as abelhas continuam a morrer por causa dos pesticidas que as enfraquecem e deixam-nas confusas, além da perda de seu habitat natural causada pela expansão das cidades. Na Europa, e ao redor do mundo, há ainda muito o que fazer para garantir que a ciência seja a condutora das nossas políticas agrícolas e ambientais. E somos a comunidade perfeita para tornar isso realidade. :) 

Com esperança e alegria, 

Ricken, Iain, Joseph, Emily, Alex, Michelle, Aldine, Julien, Anne, Christoph e toda a equipe da Avaaz 

PS: Vamos continuar nossa luta -- ajude-nos a lançar campanhas rápidas e de impacto sobre questões que são importantes para todos nós: https://secure.avaaz.org/de/bees_victory 

PPS: Muitas das campanhas da Avaaz, como a campanha criada por um criador de abelhas alemão, foram iniciadas por indivíduos ou grupos de indivíduos. Clique aqui para descobrir como começar sua própria campanha: http://www.avaaz.org/po/petition/start_a_petition/ 

FONTES

A campanha das abelhas, e o papel da Avaaz nesse processo, foi mencionada em centenas de artigos. Aqui estão alguns deles: 

UE proibirá três pesticidas mortais para abelhas por dois anos (R7)

UE proíbe três pesticidas que matam as abelhas (Euronews)

Estilistas britânicos fazem campanha para salvar abelhas (Último Segundo)

Proibição de pesticidas procura acabar com massacre das abelhas (PressEurop)

Votacão histórica pela proibição dos pesticidas neonicotinoides causadores do declínio das populações de abelhas (em inglês) (The Independent)