quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A senhora não tem nada! Vá para casa e sossegue!

Trecho de entrevista com a nutricionista ortomolecular Cala Cervera, de Barcelona, Espanha

Um de seus temas favoritos parece ser a saúde intestinal. Você escreveu e deu palestras sobre a candidíase crônica e as infecções parasitárias. Esses temas despertam tanto assim o interesse das pessoas? Não são desequilíbrios minoritários?

- A presença desses desequilíbrios na população é altíssima. A quantidade de pessoas que passam anos cronicamente doentes e em quem não encontraram nada, já que nenhum exame acusava anomalia, e que no final foram diagnosticadas com depressão ou ansiedade e mandadas para casa para se acostumarem a viver com os sintomas, é muito grande... Conheci histórias que são de chorar.

O problema com esse tipo de desequilíbrios é, principalmente, que são pouco reconhecidos pela profissão médica espanhola. Ou seja, a candidíase, em geral, só é aceita se existir uma imunodeficiência, como no caso de pacientes com aids; se a pessoa está recebendo quimioterapia; ou se uma mulher sofre de "fungos" vaginais. Fora isso, esquece, pouquíssimos profissionais acreditam nela. E sem dúvida a candidíase crônica, incluindo a vaginal, se origina principalmente no intestino, e até que a pessoa deixe de alimentar o microorganismo, normalmente a Candida albicans, que está causando os sintomas, por mais óvulos vaginais e tratamentos sofisticados que lhe dêm não conseguirá debelar a infecção e em poucas semanas ou meses voltarão a surgir os sintomas.

Os parasitas, por outro lado, em raríssimas ocasiões são contemplados porque se assume que se você não viajou para algum país tropical é quase impossível infectar-se. Falso. Todos convivemos com parasitas e um organismo sadio sabe como proteger-se deles. Sem dúvida, a má alimentação, por exemplo baixa em vitamina B6 e zinco, impede a produção correta de ácido clorídrico no estômago, e ele é que se encarrega, entre outras coisas, de destruir qualquer parasita ou microorganismo não desejado. Há muitas pessoas sofrendo desses desequilíbrios sem diagnóstico. Não, não são minoritários. Em absoluto.

O livro de Cala H. Cervera sobre candidíase crônica está aqui. Valeu, Angela!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Almanaque do banheiro: As partes mimosas da natureza


Tudo na mulher é poesia e samba-canção. Os olhos são o espelho da alma, as mãos herdamos das fadas, o sorriso transporta ao paraíso, a voz é de anjo, a pele de rosas, o corpo de sereia, tudo com infinito poder de beleza e sedução. Mas na hora de falar sobre aquelas pequenas partes tão sensíveis e delicadas não há uma linguagem poética, gentil ou sedutora que traduza o apreço que se tem por elas. A escolha é entre os termos clássicos, tipo vulva e vagina, que soam feios e irreais, os nomes vulgares, aprendidos com pudor e excitação nos grafitos de banheiro, e os inocentes apelidos maternais como xana, xota, xoxota, bimbinha, bobó, pixu, pipi, xibiu, pixirica, xereca, prexeca, perereca, crica, periquita, pombinha, passarinha, bacurinha, partes, países baixos, zona sul...  Acaba-se tascando um “genitália feminina”, que dá à coisa um ar distanciado.

Pois a distância acabou-se, já que é delas que vamos falar: das partes mimosas, que de certo modo governam nossa vida como fontes de prazer, saúde, reprodução, sexualidade — ou vergonha, culpa, repressão, doenças.

A deliciosa “rosa louca” insinuada pela música de Tom Jobim é mesmo uma sucessão de relevos e reentrâncias. Primeiro vem aquele casaco de pêlos, os pentelhos, protegendo o monte-de-vênus, ou púbis, uma parte geralmente gordinha e macia. A qual de repente racha, formando os chamados grandes lábios, que também são macios e gordos. Bem no comecinho da rachadura, mas já na parte interna, fica o mais sensível dos pontos sensíveis da mulher: a cabecinha do clitóris, o tal do grelo, pinguelo, tamatiá, única parte visível de um órgão sexual discretíssimo mas muito fácil de excitar. Junto a essa cabecinha nascem dois babadinhos, um de cada lado, chamados pequenos lábios, que variam muito de tamanho, forma e simetria e se transfiguram durante a excitação sexual, inchando e mudando de cor. Eles contornam a minúscula entrada da uretra, canal por onde a bexiga libera a urina, e terminam na entrada da vagina. A seguir vem uma planície, que é o períneo, e finalmente o ânus, desembocadura do intestino grosso.

A vagina é um canal de paredes rugosas e muito elásticas que vai da vulva até o colo do útero. Sua sensibilidade se limita ao primeiro terço do percurso; daí em diante não sente nada. Na parte posterior faz limite com as mucosas do reto.

Mas o melhor de tudo são os detalhes pitorescos do clitóris, que ficaram ocultos durante milênios e só vieram à luz quando certas feministas (as feministas certas) resolveram meter a mão. Literalmente. Homens não pegam no peru e coçam o saco? Pois elas decidiram pegar nos dedos, cutucar buracos, examinar com lentes e espelhos, fotografar em várias fases do ciclo menstrual, ver como é que fica quando excita, como é que fica quando envelhece (surpresa: o clitóris cresce!), como é que é na preta, na branca, na índia, na japonesa.

O clitóris é assim: uma grande estrutura interna cheia de nervos, músculos e vasos sanguíneos que se espraia pela vulva, incluindo a entrada da vagina e  um pouquinho do períneo, e excluindo o ânus. Toda a região é extremamente sensível, e não só o grelo propriamente dito. Que, aliás, também não é um mero grelo, broto, rebento: aquela cabecinha, meio coberta pelo encontro dos pequenos lábios (mas também pode ser uma cabeçona, tem moça com cada grelo enorme) emenda numa varinha ascendente que até certo ponto dá para acompanhar com o dedo e depois bifurca em duas varetas que descem por trás dos grandes lábios.

Agora o melhor: essa estrutura invisível do clitóris é cheia de tecidos esponjosos que se enchem de sangue e crescem muito à medida que a tensão sexual aumenta, fazendo o grelo ficar completamente empinado. Ou seja: mulher também tem ereção. E quando acontece um orgasmo, as camadas de músculos clitorianos se contraem em uníssono, devolvendo o sangue à circulação e desempinando o grelo, ou seja: mulher também brocha.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Acidófilos: Promoção na Vitamin World MICOU

Alô, galerinha da candidíase e do bom trato intestinal, a Vitamin World está fazendo uma promoção "buy one, get one free". Acabo de comprar quatro vidros de lactobacilos acidófilos, com 250 cápsulas cada, por 36 dólares, frete incluso. Não precisa comprar os megapoderosos com 10 bilhões de lactobacilos vivos porque os mais modestos, de 2 a 3 bilhões por cápsula, resolvem. Se precisar de mais, basta aumentar a frequência da ingestão.

Detalhe: tive mais um descontinho porque sou cadastrada, mas todo mundo pode ser. Outro detalhe: o de graça só aparece no checkout.

Amigos, sinto muito: a alfândega não está deixando passar mais nada. :-(

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Comer bem: Só para quem gosta de alho

Caros colegas amantes do alho, acreditam que houve um Seminário do Alho na UniRio? Pois não só aconteceu de fato como podemos ter acesso a todas as informações clicando no link. Preparem as papilas gustativas porque é muito alho!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Das coisas que se diz sem pensar: Daninhas?


Tanchagem / Celina Gusmão

O cortador de grama quebrou, a peça demorou a chegar, aí choveu sem parar e a grama cresceu. Junto, dezenas de plantinhas novas, aqui e ali. Umas floridas, outras com folhinhas mimosas, outras folhudíssimas, umas bem bonitas, outras nem tanto.

Logo encontro a tanchagem, ou transagem (Plantago major), com suas folhas ovaladas brincando de roda em torno de um pendão cheio de sementes. Remédio fantástico tanto para o sistema respiratório quanto para o digestivo, resolve qualquer congestão de muco - tosse, bronquite, sinusite. Beneficia a imunidade e os rins, equilibra as secreções hormonais, é anti-inflamatório e anti-infeccioso, ajuda a normalizar o sangue.

Reconheço mais adiante um pé de caruru (Amaranthus deflexus), com sua folhagem macia que dá um refogado gostoso, riquíssimo em ferro e vitamina A. Vejo vários pés de serralha (Sonchus oleracens), plantinha que na roça também se come com gosto, em salada ou com um bom angu de fubá de milho. De repente noto que aquela outra é losna (Artemisia absinthium), substância essencial em vermífugos e de que também se faz um licor famoso, o absinto, muito usado na França no século 19 e proibido em vários países no século 20 devido a seu potencial tóxico.

Corro em busca do Manual de identificação e controle de ervas daninhas, de Harri Lorenzi (Editora Plantarum). Daninhas, diz o manual, são as ervas que nascem espontaneamente na terra e se alastram entre as plantas que se quer cultivar. No caso, a grama.

Mas peraí: caruru não pode ser daninho. Serralha não pode ser daninha. Losna? Se é remédio, só pode ser daninha em doses inadequadas, como qualquer outra coisa.

Mais adiante surge o dente-de-leão (Taraxacum officinale), irmão da serralha, que como ela tem efeito depurativo do sangue, limpa o fígado, combate a acidez, neutraliza gases intestinais e é amplamente usado pelas propriedades digestivas e diuréticas. Que honra tê-lo no meu jardim! E aquela haste fina, verde-escura, que se desenvolve em gomos e dá uma curiosa flor na ponta? É a cavalinha (Equisetum arvensis), uma das ervas mais antigas do planeta. Fortalece o que temos de mais estrutural: os ossos, a medula, os rins. Remineraliza os organismos debilitados, especialmente depois de doenças que envolvem os pulmões e ossos, e dizem que resolve úlceras.

Aquela outra, não é arnica? Solidago chilensis, em tudo semelhante à europeia Arnica montana, indispensável em qualquer farmacinha caseira para usar imediatamente após trauma, contusão e machucado, nevralgias, anemia e dezenas de outras chatices, inclusive pré e pós-operatório. Funciona por fora do corpo e também por dentro. Consta no Tratado de medicina popular do Irmão Cirilo Körbes (Editora Assesoar) que ela reabsorve o sangue dos derrames. Tomar umas gotas de tintura de arnica antes e depois de uma cirurgia ou extração dentária minimiza o sofrimento, bendita arnica.

Num canto estão crescendo vários pés de assapeixe (Vernonia sp.), que vão virar arvoretas, com folhas que espantam gripes e flores que as abelhas adoram, o que torna o mel de assa-peixe muito valorizado contra a tosse. Ao lado do jacarandá-mimoso está o picão (Bidens pilosa), tão bom para o fígado que é o melhor coadjuvante nas hepatites, com poderes pra lá de vermífugos, antimicrobianos, depurativos. E perto dele já dá frutos a erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides), de folhinhas intensamente aromáticas, presentes em muitas fórmulas contra vermes e usadas no México como tempero do feijão.

A lista de plantas medicinais que dão à toa e se alastram o quanto podem é grande: erva-macaé, erva-de-são-joão, erva-de-bicho, boldo, camará, quebrapedra, celidônia, urtiga, camboatá, sabugueiro, carqueja, chá-de-bugre, chapéu-de-couro, panaceia... Muito do que está nos livros de consulta e nas farmácias a natureza fez crescer no jardim, bastando a chuva e a máquina quebrada deixarem. E eu fico pensando: um gramado recém-cortado é lindo, parece apenas um tapete verde. Mas dentro dele há um tesouro para quem quiser vê-lo, todo feito de plantas daninhas.

Daninhas? Ou gracinhas?

Do livro Amiga Cozinha, ilustrado por Celina Gusmão. Vamos autografá-lo na Livraria da Vila e na Feira Bacana, sábado e domingo que vem, em SP.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Bendita crise, por Mirna Grzich




bendita crise que sacudiu o mundo e a minha vida
bendita crise que está reciclando tudo
bendita crise que veio tirar a minha ilusão de permanência
bendita crise que vai trazer evolução
bendita crise que vai fazer o mundo se reestruturar
bendita crise que traz a transformação
bendita crise que vai me ensinar o que é verdadeiramente importante
bendita crise que é um desafio
bendita crise que vai me revelar a minha própria sabedoria
bendita crise que dissolve meus apegos
bendita crise que vai ampliar minha visão
bendita crise que me faz humilde
bendita crise que vai abrir meu coração
bendita crise que me traz de volta a confiança
bendita crise que vai me mostrar outras oportunidades
bendita crise que me faz dar mais importância à vida
bendita crise que me tirou do marasmo
bendita crise que leva a um novo paradigma
bendita crise que está me mostrando a Luz
bendita crise que me fez voltar a ter fé
bendita crise que me traz de volta a aventura de viver
bendita crise que é o ponto de mutação
bendita crise que me traz de volta o amor pela humanidade

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Almanaque do banheiro: Sinusite? Tchau tchau!



Há alguns anos fui apresentada ao neti pot, ou lota, daqui em diante Nasalpote, e fiquei inteiramente viciada. Passei a presentear os amigos com os neti de plástico reciclado, feitos  no mosteiro Vivekananda, que vinham da India em caixas de 50. A caixa viajava embrulhada em paninho de algodão costurado e fechado com lacre vermelho, eu me sentia no século retrasado.

Mas o melhor de tudo  era mesmo o objeto que vinha dentro. Parecia um regador pequeno. Para que? Lavar o nariz, ora essa.

Água filtrada morninha, uma colherinha (café cheia) de sal e a primeira pia é minha: para debruçar, virar a cabeça de lado, encaixar o bico e passar ao ato.

Água na temperatura corporal entrando e abrindo poros, amolecendo melecas, o sal desinfetando, acabando com bactérias, vírus, fungos, larvas marvadas e outros resíduos do mal alojados no nariz e nos sínus. Entrando por uma narina, saindo pela outra. Começo de gripe? Tchau. Sinusite? Nunca mais. Rinite? Haha. Vírus? Hahahahaha...

Todo mundo gostou. Um amigo adotou como guarnição de pizza: comer queijo = lavar o nariz depois. Sério. A maioria das pessoas faz muco espesso e muito nutritivo (para micróbios) depois de consumir leite e derivados.

Mas agora o regador de nariz é fabricado no Brasil. Adeus caixas da India, viva Santa Catarina! Custa menos de 20 reais a unidade, com descontos progressivos conforme a quantidade. O bom é comprar logo 50 e sair dividindo com a família e os amigos. Natal? Nasalpote. Nenhum outro presente vai trazer tantos benefícios por tão pouco. Olhem lá: nasalpote.com.br .

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Alô, Pauliceia: sábado na Livraria, domingo na Feira


 12 dezembro sábado às 12 hs
Café com Leitura: Dieta & Liberdade
Livraria da Vila Itaim
Rua Dr. Mario Ferraz, 414
térreo da Casa do Saber
Tel 11 3073-0513


13 dezembro domingo às 10 hs
Bate-papo e autógrafos
em torno do Amiga Cozinha
Aruna Yoga - Paraíso
Rua Eça de Queiroz 711
Tel 11 5579-5975

Então, na semana que vem vou pra Sampa trabalhar no finde.

A Livraria da Vila é aquele charme que todo mundo sabe e me chamou para esse Café com Leitura, onde vamos ver se dieta e liberdade podem andar juntas.

E a Feira Bacana é feira e é bacana. No ano passado fiquei deslumbrada com as coisas bonitas que vi lá e com as coisas gostosas que tinha para comer. Disseram que este ano será ainda melhor, vou conferir! E de quebra levo meu livrinho novo, de que o pessoal anda gostando.

Todos serão bem-vindos!