quinta-feira, 30 de agosto de 2012

FRANGO KORIN: COM EDEMA?



Deixei de comer frango comum há muitos anos, alerta ao risco de ingerir substâncias químicas que fazem o frango crescer e agem em nós como hormônios, fazendo o corpo inchar, os seios doerem com pontadas, a tpm torturar a alma. Não me espantaria saber que nos homens dão problema de ereção e aumentam os seios.

Os frangos Korin, produzidos pela granja ligada à Igreja Messiânica, que tem ótimas posições em relação à saúde física e mental, surgiram como boa alternativa aos caipiras legítimos, raros e caros. Passei a comprá-los, aqui e ali, em alguns supermercados. Apesar de coxas que parecem peito e peito mais sem graça ainda, pelo menos a embalagem diz que são produzidos sem antibióticos e promotores de crescimento.


Sempre preparo do mesmo jeito: descongelo, tempero, asso com tampa ou sem ela, de vez em quando refogo. Quando é frango inteiro separo asas, pescoço, pés e carcaça para fazer canja longamente cozida. Tudo como todo mundo faz.


Pois bem: outro dia comprei o frango, fiz a canja, assei o peito com coxas, sobrecoxas e coxinhas da asa, tudo tampado… e sobrou mais de meio litro de água no fundo da vasilha. Não entendi. E achei a carne ainda mais sem graça do que de hábito.


Fiquei pensando que aquele frango estava com edema, isto é: inchado. Como alguém que comeu muito sal e reteve líquido. Tudo bem que não era o melhor frango da marca, que agora tem um tipo orgânico certificado, mas ainda assim o preço é bem salgado (epa). 


Resolvi comprar uma bandejinha de sobrecoxas. Descongelei, temperei, assei destampado em forno médio. E ao final? Um lago no fundo da assadeira. E eu, no dia seguinte, me sentindo esquisitinha, um tanto inchada, um tanto na tpm, mesmo estando muito além da menopausa.

Alguém mais percebeu isso? O que estará acontecendo com o frango Korin?

sábado, 25 de agosto de 2012

Deu no El País: Medicamentos em busca de doenças

de: Andres Cebrian
para: Deixa sair
do jornal espanhol El País, 9 julho 2012
autora: Milagros Pérez Oliva

Dois grandes laboratórios farmacêuticos, GlaxoSmithKline e Abbott, aceitaram nas últimas semanas pagar multas astronômicas por ter incorrido em práticas graves na promoção e venda de medicamentos. Ambas as companhias se reconheceram culpadas e fizeram acordos extrajudiciais para evitar males maiores, caso os processos chegassem a juízo. Essas más práticas incluem vender medicamentos para patologias para as quais não são indicados, pagar presentes e subornos para que os médicos os prescrevam e, o que é mais grave, ocultar a existência de efeitos adversos.

O que está por trás dessas multas multimilionárias é a estratégia adotada por alguns laboratórios no final dos anos oitenta para incrementar os lucros, não através de novos e melhores fármacos, algo cada vez mais oneroso, e sim conseguindo novas indicações para seus velhos medicamentos. Essa estratégia inclui a criação artificial de doenças, o que em inglês se conhece como disease mongering, ou seja, a intenção, que muitas vezes dá certo, de converter processos naturais da vida como a menopausa, a tristeza ou a timidez em patologias suscetíveis de ser tratadas com drogas.

GlaxoSmithKline, a terceira maior farmacêutica do mundo, com um faturamento de 33.998 milhões de euros em 2010, terá agora que pagar 2.400 milhões de euros por ter promovido durante anos a prescrição para menores de um antidepressivo, o Paxil, autorizado unicamente para adultos pelos efeitos adversos demonstrados em pacientes jovens; por ter indicado outra droga, o Wellbutrin, para processos em que não tinha atividade terapêutica demonstrada, como a obesidade e a disfunção sexual; e por ter ocultado que um de seus medicamentos mais vendidos, o Avandia, aprovado para tratar diabetes, aumentava o risco de afecção cardíaca.

Essa foi considerada a maior fraude da história, mas não era a única. Em maio, a farmacêutica Abbott chegou a um acordo similar e aceitou pagar uma multa de 1.225 milhões de euros por ter estendido o uso de um anticonvulsivo aprovado em 1983 para tratar epilepsia e transtorno bipolar a outras patologias em que não tem qualquer eficácia provada, como a agitação dos idosos com demência senil. O laboratório pagou durante 10 anos a médicos e residências de idosos para que prescrevessem a droga. Também a Pfizer aceitou pagar em 2009 uma multa de 1.800 milhões de euros pela promoção fraudulenta de outros 13 medicamentos.

A comercialização do Paxil em 1999 é um exemplo paradigmático de disease mongering. Até este momento de reconhecia como entidade patológica a a agorafobia, um transtorno muito severo cujos portadores são incapazes de sair de casa e quando o fazem podem sofrer ataques de pânico. O lançamento do Paxil se centrou em uma nova entidade, a fobia social, que dava muita margem já que podia abranger desde formas leves de agorafobia à simples e rasa dificuldade para falar em público. Paxil se apresentou com grande presença na mídia como a pílula da timidez e o laboratório elegeu para seu lançamento na Europa a cidade de Londres, capital do reino onde, segundo a propaganda, há mais tímidos.

O Paxil era na verdade um velho antidepressivo, a paroxetina, que voltava ao mercado com nova roupagem e, claro, novas indicações. Quando os foruns de saúde pública criticaram o laboratório por essa manipulação, os responsáveis culparam a imprensa pela distorção. Mas em seu discurso diante da assembleia de acionistas, o executivo responsável pelo fármaco, Barry Brand, foi muito sincero: “O sonho de todo comércio é dar com um mercado por conhecer ou identificar, e desenvolvê-lo. Isso é justamente o que conseguimos fazer com a síndrome de ansiedade social.”

Na mesma época do Paxil, um número grande de drogas conhecidas como pílulas de felicidade foram para o mercado, destinadas a nos livrar, com um glup!, das angústias, temores, fobias e frustrações que inevitavelmente nos acompanham na vida. Na maioria dos casos eram princípios ativos com eficácia demonstrada em outras patologias. (…) Assim se passou muitas vezes do velho paradigma de “doença em busca de remédio” ao mais lucrativo “remédio em busca de doença”.

Essa estratégia, objeto de muitos artigos em revistas médicas, articula-se em três fases. Na primeira se trata de identificar as patologias, próximas ou não da indicação primitiva, em que se poderia justificar de algum modo a prescrição da droga. A segunda consiste em colonizar os meios de comunicação com estudos, reportagens e entrevistas, de aparência independente, sobre a importância social da patologia a tratar, e o muito que sofrem os que a têm. Uma vez sensibilizadas a população e as autoridades sanitárias,  entra a terceira fase: oferecer a solução. Para fechar esse círculo virtuoso é importante contar, se possível, com a colaboração dos próprios pacientes.

Em 1999 o escritório da PRNews, de Nova York, contabilizou um milhão de menções ao novo fármaco Paxil, o único aprovado até aquele momento contra a ansiedade social. Uma investigação posterior do jornal The Washington Post revelou que entre 1997 e 1998 se haviam publicado mais de 50 reportagens extensas na imprensa norteamericana sobre como era terrível a ansiedade social e o muito que estava aumentando.

A esta época pertencem também os dois fármacos que melhor simbolizam os grandes sucessos dessa estratégia: Viagra e Prozac. Pouco antes do lançamento do Viagra, os problemas da disfunção erétil tiveram uma surpreendente atenção por parte dos meios de comunicação. Entre os estudos de maior eco midiático havia um revelando que nada menos de 72% dos homens entre 40 e 70 anos, nos EUA, sofriam de algum tipo de dificuldade para conseguir ereção, o que era considerado terrivelmente alarmante para os especialistas que opinavam sobre o tema. A pílula azul teve tanto êxito que não só se prescreve em casos de autêntica disfunção erétil como em muito outros para os quais de duvida que tenha alguma eficácia. Ultimamente se usa também com fins recreativos, para prolongar a ereção. As consequências desses abusos não são divulgadas com estatísticas, mas há vítimas e mortes.

Para vender Prozac, os laboratórios se dirigiam ao usuário, não ao médico

A fluoxetina, princípio ativo do Prozac, foi aprovada nos Estados Unidos em 1992. Chegou à Espanha em 1997 precedida por uma intensa e exitosa campanha que incluía menções elogiosas em obras literárias e cinematográficas. A comercialização do Prozac incorporou uma novidade: pela primeira vez os laboratórios não se dirigiam aos médicos para aumentar a prescrição, mas aos possíveis usuários. Como era de esperar, bateu o recorde de progressão de vendas de um fármaco. Já no primeiro ano se venderam dois milhões de unidades, a maior parte às custas da Previdência Social, à qual se passou uma fatura de 9.200 milhões de pesetas [9,2 bilhões].

Para se fazer uma ideia do que essa cifra representa basta recordar que o lançamento do Prozac coincidiu com a promulgação da norma que introduzia na Espanha a comercialização de genéricos e o sistema de preços de referência. A aplicação combinada dessas duas medidas deveria produzir no primeiro ano uma poupança de 8.000 milhões. O Prozac comeu a poupança.

Seguindo fielmente a pauta do disease mongering, apresentou-se também o fármaco que devia ajudar as mulheres a superar essa fase tão terrível da vida que é a menopausa, protegê-las do infarto e da osteoporose e garantir a elas pouco menos que a eterna juventude: a controvertida terapia de reposição hormonal. De novo chegou ao mercado precedida de um grande número de reportagens e informes sobre as consequências da menopausa, que não só traz calores, secura vaginal, aumento de peso e dificuldade para dormir, como graves riscos para a saúde. Vários estudos haviam mostrado que a queda de estrógenos na menopausa faz as mulheres perderem a proteção que tinham quanto ao infarto e acelera a perda de massa óssea. Tudo isso estava certo, mas não era tanto que a nova droga tivesse os efeitos protetores que proclamava. Apesar disso, apresentou-se como a grande panaceia.

Como aconteceu em outros países, os chefes de ginecologia dos principais hospitais espanhóis convocaram a imprensa para recomendar que a terapia fosse ministrada em caráter preventivo a todas as mulheres a partir dos 50 anos e por um período de pelo menos 10. Afortunadamente, a Previdência Social não lhe fez caso.

Intensas campanhas promovem o reconhecimento de novas síndromes

Durante os anos seguintes uma série de estudos alertava sobre os possíveis efeitos adversos dessa terapia. Em 2002, quando na Espanha já a haviam tomado mais de 600.000 mulheres e nos Estados Unidos mais de 20 milhões, chegou o “jarro de água fria na eterna juventude feminina”, para utilizar a expressão com a qual o jornal The New York Times intitulou a matéria. O FDA interrompeu de chofre um estudo do qual participavam 16.000 mulheres, o Women’s Health Iniciative, que devia demonstrar todas as bondades e efeitos preventivos pelos quais se estava receitando. O estudo devia terminar em 2005, mas os resultados preliminares indicavam que o tratamento não só não tinha os efeitos protetores como a partir de 5,2 anos de tratamento aumentava o risco de surgir câncer de mama invasivo e acidente cérebro-vascular. Com o tempo se viu que o fármaco tem lá sua utilidade em casos muito concretos e muito cuidadosamente avaliados, mas nunca deve ser ministrado, como se pretendeu, como tratamento preventivo em caráter geral e menos ainda como “pílula”para combater o medo de envelhecer.

Enquanto isso, novas síndromes apareceram e são objeto de intensas campanhas para serem reconhecidas. Novos fármacos se somam à estratégia do disease mongering. A polêmica se centra agora no amplo leque dos transtornos da personalidade, da desordem bipolar e do déficit de atenção.

Efeitos adversos que não deviam vir à luz

Em 2004 se soube que a GSK havia ocultado que entre crianças e adolescentes tratados com Paxil se produzia uma taxa maior de pensamentos e condutas suicidas. Ao ser descoberta, a companhia chegou a um acordo extrajudicial e se comprometeu a publicar todos os dados de seus estudos clínicos. Enquanto isso, a investigação deste e de outros casos motivou em 2007 uma mudança legislativa nos Estados Unidos que obrigou as farmacêuticas a publicarem todos os dados dos estudos clínicos que fizeram. Essa norma permitiu descobrir que a GSK havia ocultado também dados comprometedores de seu fármaco Avandia, que se receitava para tratar diabetes.

A farmacêutica havia iniciado em 1999 um estudo secreto para averiguar se o Avandia era mais seguro que seu competidor Actos, da empresa Takeda. Os resultados foram desastrosos: não só não era mais eficaz como apresentava um risco significativamente maior de danos cardíacos. Esses resultados deveriam ter sido comunicados às autoridades sanitárias, mas, em lugar de disso, a companhia fez todo tipo de manobra para evitar que transpirassem. Uma investigação do The New York Times revelou em 2010 diversos memorandos internos entre diretores nos quais se advertia que os dados do estudo não deveriam ver, sob nenhum pretexto, “a luz do dia”.

Os riscos do Avandia foram confirmados em um estudo independente de um cardiologista de Cleveland. A GSK reconheceu que sabia dos riscos do Avandia desde 2005, mas as investigações posteriores indicam que a companhia já tinha conhecimento dos efeitos adversos não declarados desde antes de sua comercialização, em 1999, e não só permitiu a prescrição sem nenhuma advertência como fez todo o possível para ocultá-los, sabendo que havia alternativas mais seguras para os pacientes.

Manter a fatia de mercado do Avandia era uma questão estratégica para a GSK, em um momento em que seu portfolio estava órfão de novos produtos. Entre os documentos conhecidos agora figura um informe interno, no qual a companhia avaliava o custo que teria com a revelação dos efeitos adversos: 600 milhões de dólares, somente entre 2002 e 2004.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O impossível acontece: Justiça paraliza Belo Monte

De: Newsletter IHU Unisinos
Para: Deixa sair


Com suspensão de licenças de Belo Monte, danos devem ser reparados
Com a divulgação, nesta quinta (23), do acórdão da decisão do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) que paralisou a hidrelétrica de Belo Monte, acompanhada de notificações ao Ibama e à Norte Energia, a empresa foi obrigada a parar as atividades sob pena de ter que pagar a multa de R$ 500 mil/dia estipulada pelo TRF1.

A informação é do Movimento Xingu Sempre Vivo, 23-08-2012.

O acórdão, que detalha os votos dos três desembargadores que decidiram pela nulidade do decreto que autorizou o projeto de Belo Monte, deixa claro que todas as licenças até agora emitidas pelo Ibama – licença prévia, licença de instalação, licenças de desmatamento, ect – são inválidas.

Segundo a sentença, a decisão visa “coibir o Ibama de praticar qualquer ato administrativo, e torna subsistentes aqueles já praticados, referentes ao licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (…) em decorrência da invalidade material do decreto Legislativo 788/2005, por violação da norma do art. 231 (…) da Constituição Federal (…) e da Convenção 169 da OIT, ordenando às empresas executoras do empreendimento hidrelétrico de Belo Monte, em referencia, a imediata paralisação das atividades de sua implementação, sob pena de multa coerciva, no montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) por dia de atraso no cumprimento do provimento mandamental em tela”.

De acordo com a Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, juristas de renome avaliaram que, na vigência da decisão do TRF1, subentende-se que deve haver o desmonte das obras já feitas e a recomposição ambiental da região. Também cabem ações de indenização aos atingidos. “Vamos fazer uma consulta à assessoria jurídica do movimento para saber quais são as ações cabíveis para garantir a reparação dos danos causados às populações atingidas por Belo Monte. Como já anunciamos esta semana, entendemos que, como as licenças da usina são inválidas, a Norte Energia terá que reverter todas as ações que causaram impactos no rio, nas pessoas e no meio ambiente. É isso que vamos exigir. Finalmente a Justiça fez justiça e parou Belo Monte. Agora queremos que tudo que lembre esse projeto genocida desapareça das nossas vidas”.

Para ver o acordão na íntegra, clique em http://www.xinguvivo.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Acord%C3%A3o-BM-42.pdf

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Audiência Pública: Saúde da Mulher | Desafios à Maternidade no Estado de São Paulo

Alô alô, Sampa e o resto do mundo, um convite importante que recebi da Ellen e repasso:
dia 29 de agosto, às 14:30, na Assembleia Legislativa do Estado de SP, haverá uma
Audiência Pública sobre saúde da mulher –– Desafios à Maternidade no Estado de São Paulo,
por iniciativa da Associação de egressos e alunos do Curso de Obstetrícia da Universidade de São Paulo – www.aousp.com.br

Auditório Paulo Kobayashi
Avenida Pedro Álvares Cabral, 201, em frente ao Parque do Ibirapuera, SP

Coordenação:
Comissão de Educação e Cultura
Comissão de Saúde
Comissão de Direitos Humanos

Pauta:
- Modelos e locais de assistência ao parto e nascimento
- Qualidade e humanização da assistência ao parto e nascimento
- Formação e inserção de profissionais para assistência ao parto e nascimento

Temas em Debate:
- Violação de direitos elementa res do ser humano e violência institucional no parto;
- Práticas intervencionistas de assistência, sem base em evidências científicas;
- Fechamento da casa de Maria (Zona Leste de SP)
- Alta morbi-mortalidade materna e perinatal;
- Altíssimas taxas de cesárea;
- Serviços publicos, direta ou indiretamente administrados pelo estado de São Paulo, não contratam obstetrizes formados/as pelo próprio Estado, na Universidade de São Paulo (USP)

O que é uma audiência pública? Porque devemos participar?

"A audiência pública é um instrumento do diálogo estabelecido com a sociedade na busca de soluções para as demandas sociais. É um espaço de conversação aberto para a co-construção de soluções para as questões apresentadas pela comunidade. Ela propicia ao particular a troca de informações com o administrador, bem assim o exercício da cidadania e o respeito ao princípio do devido processo legal em sentido substantivo.

As principais características de uma audiência pública são a oralidade e o debate efetivo sobre matéria relevante, comportando sua realização sempre que estiverem em pauta direitos coletivos.

A legislação brasileira prevê a convocação de audiência pública para realização da função administrativa, dentro do processo administrativo, por qualquer um dos Poderes da União, inclusive nos casos específicos que versam sobre meio ambiente, licitações e contratos administrativos, concessão e permissão de serviços públicos, serviços de telecomunicações e agências reguladoras. Constitui, ainda, instrumento de realização da missão institucional do Ministério Público e subsídio para o processo legislativo e para o processo judicial nas ações de controle concentrado da constitucionalidade das normas."

Por isso... Venha!
https://www.facebook.com/events/352959124784535/

Gira da Tabatinga: A língua que outros brasileiros falam

[Do site da cidade de Bom Despacho, centro-oeste de Minas Gerais]

Língua (Gíria) da Tabatinga
A gira (língua, gíria) da Tabatinga é uma língua afro-brasileira, de origem predominantemente banto. Em extinção, é falada em parte do município brasileiro de Bom Despacho. (fonte: Wikipedia)


Dona Fiota: A letra e a palavra

Texto de: José Ribamar Bessa Freire / postado em 2007

Dona Fiota. Ela é dona Fiota e pronto. Ninguém a conhece pelo nome de Maria Joaquina da Silva. Mas também quem é que chama Tiradentes de Joaquim José da Silva? Basta uma única conversa para perceber que dona Fiota é uma mulher poderosa, um personagem da história do nosso país. Tive o privilégio de ouvi-la em março de 2006, em Brasília, durante o seminário sobre as línguas faladas no Brasil, organizado pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e pelo IPHAN. Com seu charme e sua inteligência, ela cativou a todos.

Dona Fiota contou, naquele seminário, que seu pai era um baiano que vivia andando pelo mundo, no tempo do final da escravidão, que ele passou pelo centro-oeste de Minas Gerais, que foi passando e viu sua mãe no cativeiro trabalhando, fiando fio de algodão, que acenou para ela e perguntou se não arrumava uma ocupação para ele, que acabou conseguindo um serviço na roça de mandioca, que foi ficando e namorando, ficando e namorando, até que os dois se casaram, tiveram filhos, netos, bisnetos.


Os descendentes do andarilho baiano com a ex-escrava se organizaram depois de abolida a escravidão: “Quando rebentou a liberdade, minha mãe saiu lá de Engenho do Ribeiro caçando um lugar. Chegou aqui. Tudo era mato. Na subida, havia um barro branquinho. Ai foi minha mãe que deu o nome de Tabatinga. Toda vida foi Tabatinga. Desde o tempo da escravidão. Só agora é que o nome mudou pra Ana Rosa. Quero tirar esse nome de Ana Rosa”.

A história da comunidade 
Tabatinga – hoje uma área quilombola, situada no bairro Ana Rosa, periferia da cidade de Bom Despacho (MG) – foi contada por Dona Fiota aos participantes do seminário do IPHAN, mas teve de ser traduzida, porque ela falou, não em português, mas numa língua afro-brasileira, de origem banto, chamada Gira da Tabatinga, ainda hoje usada por um grupo de moradores. Foi a primeira vez que o plenário da Câmara Federal ouviu o som de uma língua minoritária de base africana, reconhecendo sua riqueza, sua função histórica e sua legitimidade.

A fala da senzala

A Gira da Tabatinga era falada nas antigas senzalas das fazendas do interior de Minas Gerais. Com ela, os escravos podiam se comunicar livremente sem o patrão entender o que diziam. A língua libertava. Dona Fiota conta: “A gente não podia falar o nome do trem. Tem assango? Não, não tem assango. Tem cambelera? Não, cambelera também não. Tem caxô? Nada de caxô. Então, minha mãe falava: ‘Catingueiro caxô. Caxô o quê? No Curimã’. Ela tava avisando que o patrão havia chegado”.



Numa entrevista a Lúcio Emílio, Dona Fiota dá detalhes sobre a formação da Gira da Tabatinga, produto do sincretismo de várias línguas africanas misturadas ao português: “Aprendi essa língua com a minha mãe. Ela falava todo dia para mim até eu aprender. Isso traz toda uma história pra gente, tanto das partes alegres, como das tristes”. Recentemente, os moradores perceberam que aquela língua que os havia libertado, estava ameaçada de extinção, porque não é mais usada por crianças e jovens, diz dona Fiota: – “Aqui no bairro é muito difícil quem fala a língua”.



Foi aí que a comunidade decidiu fortalecer na sala de aula a língua denominada Gira da Tabatinga, aproveitando a lei sancionada em 2003 que torna obrigatório o ensino de História e Culturas afro-brasileiras nas escolas de ensino fundamental e médio. Duas pesquisadoras – Celeuta Batista Alves e Tânia Maria T. Nakamura – acompanharam a luta pela revitalização da língua, que no passado foi um poderoso instrumento de resistência dos escravos e hoje é uma marca da identidade de seus falantes.

A comunidade conseguiu a promessa de que a Secretaria Municipal de Educação remuneraria uma professora da Gíria da Tabatinga. A questão era: quem daria aulas? Os moradores não duvidaram: dona Fiota. Afinal, ela era o Aurélio, o Antônio Houaiss daquela língua quilombola. Acontece que após um mês de trabalho, quando foi receber, o funcionário lhe disse:- “Ah, a professora é a senhora? Então, não vou pagar. Como justifico o pagamento a uma professora que é analfabeta?”. Dona Fiota deu uma resposta de bate-pronto, que só os sábios podem dar:

– Eu não tenho a letra. Eu tenho a palavra.

A dona da palavra

Com isso, derrubou a postura quase racista que discrimina os que vivem no mundo da oralidade. Ensinou que existe saber sem escrita; que na situação em que ela, dona Fiota, se encontra, não precisa da letra, porque usa a palavra para transmitir seus saberes, trocar experiências e desenvolver suas práticas sociais. Foi nessa língua de forte tradição oral que ela criou e educou seus filhos. É nela que hoje pensa, trabalha, narra, canta, reza, ama, sonha, sofre, chora, reclama, ri e se diverte. Dona Fiota deixou claro que não é carente de escrita, como dizem alguns letrados. Ela é independente da escrita.

Cerca de um milhão e meio de brasileiros para quem o português não é a língua materna estão, hoje, na situação de dona Fiota. Falam uma das 210 línguas existentes dentro do território nacional, 190 das quais são línguas indígenas, ágrafas, sem tradição escrita, mas que são depositárias de sofisticados conhecimentos no campo das chamadas etnociências, da técnica e das manifestações artísticas.



– Esses cidadãos não são menos brasileiros que os outros – defende o lingüista Gilvan Muller, que além dos direitos das minorias, chama a atenção para a diversidade cultural e lingüística, tão importante para o país e para a humanidade. Por isso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), atendendo encaminhamento do então presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, Carlos Abicalil, organizou o seminário em 2006 para discutir como proteger essas línguas e o rico patrimônio intangível que elas representam.

Desse seminário participaram técnicos, especialistas e falantes de diversas línguas, entre as quais o Guarani, o Nheengatu, a Língua de Sinais (Libras) e até uma variedade do alemão falada no sul do Brasil chamada Hunsrückisch. Na ocasião foi criado um Grupo de Trabalho Interinstitucional formado por cinco ministérios, uma ONG e uma entidade internacional, que produziu um relatório sobre como registrar essas línguas e proteger a diversidade lingüística do país.

Sabonetes bactericidas: Jackson Morais e a cicatriz que não fechava

Rolou esse papo aqui no blog, antes tarde que mais tarde. Tenho tremores e engulhos cada vez que vejo na tv um anúncio com uma criança correndo pelo jardim e o locutor dizendo que a mãe deve banhá-la com sabonete bactericida para "protegê-la". Quando, na verdade, zilhões de microorganismos nos habitam, por dentro e por fora, na pele e nos intestinos, criando equilíbrio entre nós e o meio ambiente. Aí rolou esse papo aqui no blog...

Jackson Morais disse...
Sônia, não sei se já comentou sobre essa "moda" de sabonetes antibacterianos? Se não, tem alguma fonte confiável para falar a "verdade" sobre eles? Obrigado!

Sonia Hirsch disse...
Oi, Jackson, já falei de passagem, acho que comentando sobre candidíase. Acho um absurdo demonizar as bactérias e criar esse falso conceito de higiene quando na verdade somos parte do meio e o meio inclui tudo. Mas não adianta, né? Num mundo onde se usa "protetor de calcinha", de tão comuns que são os corrimentos, as pessoas acham que as soluções para tudo estão nas farmácias. Não tenho indicação de fonte confiável para a questão dos sabonetes, mas elas devem existir. Um abraço!

Jackson Morais disse...
Oi, Sonia. 

Obrigado pela resposta rápida. 

Bem, meu caso: tenho uma cicatriz na virilha. Ela tava abrindo sem motivo. 

Depois de vários médicos, uma me disse que poderia ser por causa do TRICLOSAN ou TRICLOCARBAN, substâncias presentes nesses sabonetes que prometem matar 99,9% das bactérias. Parei de usar o tal sabonete. 

A cicatriz se fechou. 

Mas o efeito daquelas substâncias pode ser muito mais maléfico (eles são muito concentrados nos sabonetes) podendo gerar até câncer de próstata. E o problema é que elas estão em "protetores" íntimos para mulheres, roupas, amaciantes... Tem que ler antes de comprar.

Para mais informações (em inglês): http://gizmodo.com/5934895/your-antibacterial-soap-could-be-harming-you

A médica disse que sabonetes de glicerina bastam. Não precisa inventar moda.

Sonia Hirsch disse...
Oi, Jackson, muito interessante o seu relato, dá vontade de fazer um post com ele. Posso? Um abraço! 

(Tô meio atrasada com o blog mas já já vou retomar as postagens – com pilhas de assuntos interessantes, além deste.)

Jackson Morais disse...
Oi, Sonia. Claro que pode. 

Eu não queria acreditar que aquele sabonete que prometia "ptoteção com x no final do nome" na televisão pudesse ser o que estivesse causando uma reabertura de cicatriz! 

Mas essa médica me salvou dessa dor de cabeça. Parei de usar o tal sabonete, usei água oxigenada pra limpar e Dersani pra fechar a cicatriz em 5 dias.

E hoje uso só sabonete de glicerina pra banho e lavar as mãos. A médica disse que pra limpar bem as mãos, basta cantarolar duas vezes o "Parabéns Pra Você" enquanto esfrega as mãos com sabonete que limpa bem.

 Grande abraço! 

Grande abraço para você também, Jackson. Mas, com todo o respeito, sabonete de glicerina resseca a pele de muita gente, inclusive a minha. Uso pouco sabonete. Prefiro bucha, que remove as células mortas da pele, e escova, seca e molhada. Escovinha de unhas, por exemplo, é essencial, porque muita coisa invisível fica debaixo delas. E sabonete nas mucosas das partes mimosas deveria ser proibido. Há muita mania de limpeza escondendo as sujeiras que botamos pra dentro e que fazem os buraquinhos cheirarem mal...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Parir é natural: Governo federal apoia


Ações do Ministério da Saúde contemplam atividade de parteiras e doulas

via Lena Peres no facebook

A estratégia Rede Cegonha, lançada em 2011 pelo Ministério da Saúde, garante às mulheres o acesso ao parto humanizado no Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre as ações desenvolvidas para humanização do parto, está a capacitação e qualificação de doulas e parteiras tradicionais. As ações previstas na estratégia visam qualificar, até 2014, toda a rede de assistência, ampliando e melhorando as condições para que as brasileiras possam dar à luz e cuidar de seus bebês com atendimento adequado, seguro e humanizado no SUS.

Para garantir uma gravidez e parto saudáveis, a gestante deve ter acesso ao pré-natal de qualidade, fazendo todas as consultas e exames previstos. Isso permite que a mulher tenha identificado o seu risco gestacional e que ela seja devidamente orientada e encaminhada ao cuidado mais indicado para cada situação. Atualmente, no país, 98% dos partos são hospitalares. Por isso, diversas ações estão sendo desenvolvidas no ambiente hospitalar para que as mulheres possam ter um parto humanizado, que significa ter uma ambiência adequada, equipes qualificadas, tecnologia disponível, direito acompanhante e tratamento digno. “É importante destacar que o parto humanizado consiste na mudança de atenção dada ao parto, com a incorporação de boas práticas”, enfatiza o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães.

O Ministério da Saúde considera que a participação da doula é mais um instrumento humanizador, pois ela acolhe e acompanha as mulheres na hora do parto, dando apoio emocional e incentivo não só às gestantes, mas também a seus familiares. Além disso, toda gestante que tiver o seu parto no SUS tem direito a um acompanhante de livre escolha, pois a lei federal nº 11.108 traz essa garantia e a Rede Cegonha veio reforçar esse direito por meio da qualificação das unidades de saúde. O Ministério da Saúde também reconhece que a assistência prestada pelas parteiras é uma realidade em diversos locais do país. Por isso, vem capacitando as parteiras tradicionais e desenvolvendo ações para valorizar, apoiar, qualificar e integrar o seu trabalho ao SUS, inserindo-as na Rede Cegonha.
A atuação das doulas e parteiras tem sido tema de discussões atuais, por conta de recente decisão do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). Magalhães lembra que as decisões de conselhos médicos locais tem foco relacionado exclusivamente aos profissionais médicos.

Fonte: Tinna Oliveira / Agência Saúde

Mais em http://www.blog.saude.gov.br/acoes-do-ministerio-da-saude-contemplam-atividade-de-parteiras-e-doulas/