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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Papo de câncer: Ser ou não ser, eis a questão




A propósito do câncer que não era câncer na tiróide da presidente Kirchner, fiquei lembrando do dr. Barcellos.

Raul Barcellos foi um médico carioca que primeiro fez Direito, com bolsa de estudos, para poder sustentar a mãe viúva e os irmãos, e só mais tarde cursou Medicina, quando já estava financeiramente estabilizado. Medicina era sua paixão antiga, por razões pessoais. Asmático, de família asmática, aos 14 anos começou a perceber que tinha mais acessos de asma quando comia certos alimentos. Privado deles, a respiração permanecia normal. Foi testando um e outro, fazendo-se de cobaia, e passou a ter somente as crises inevitáveis.

Já formado, dava plantão num hospital e ao fazer um parto constatou que a parturiente estava cheia de tumores.  Colocou-a na dieta e mandou voltar dali a um mês - para constatar que os tumores haviam regredido. Confirmava, mais uma vez, a suspeita adquirida nos anos de estudo, especialmente de bioquímica: de que o câncer poderia ser uma forma avançada de reação alérgica, em que proteínas mal utilizadas faziam crescer os tumores.

Mas era preciso haver uma causa, uma lesão inicial, uma perda de imunidade nos tecidos para que a organização natural falhasse. Naquele tempo era fácil obter bons exames de fezes. Quando o primeiro dava negativo ele mandava repetir de 10 em 10 dias até dar positivo, para saber o que deveria tratar; pelo exame de sangue já sabia que nas pessoas com tumores havia sempre a presença de vermes, especialmente helmintos, representados pelo aumento da eosinofilia. (Eosinófilo é um tipo de leucócito, célula branca, encarregada da defesa, que corrói a cutícula de parasitas grandes; frequentemente sua presença é explicada apenas como sinal de alergia.)

O que ele pensou: o tecido lesionado pela infecção parasitária passa a escolher mal os aminoácidos de que precisa para se recompor. Todos os dias morrem células, todos os dias surgem células novas. A proteína é necessária para formá-las e se compõe de diferentes combinações entre os aminoácidos que circulam pelo sangue, uns e outros sendo escolhidos conforme as especificações do DNA: não nascem unhas na cabeça ou cabelos nas pontas dos dedos. No local afetado, ruminava ele, o tecido deixa de fazer as escolhas corretas. Por isso a supressão de certos alimentos fazia regredir o tumor. Retirava de circulação os aminoácidos impróprios.

Além da dieta, o que mais era necessário? Acalmar, fortalecer o paciente, ajudar na desintoxicação e acabar com a parasitose. Para isso ele dava um remedinho antidistônico, que depois sumiu do mercado; sulfato ferroso; comprimidos de metionina, um aminoácido desintoxicante que também quase sumiu; e tratava a parasitose, repetindo os exames de fezes e observando a curva da eosinofilia.

- Cadê esses pacientes?, perguntei a ele quando nos conhecemos.

- Sumiram, professora (ele me dava esse título honroso mas indevido). O paciente fica bom e desaparece. Eu sempre aviso que a dieta não é o tratamento, que quando tiver alta a pessoa pode voltar a comer de tudo, mas os sintomas somem e o paciente também...

Ele queria fazer o protocolo científico de seu método. Peregrinou por todos os hospitais do câncer sem ser ouvido. Acabou encontrando uma brechinha na Clínica Campo Belo, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, onde lhe concederam a oportunidade de aplicar a dieta no pavilhão de pacientes terminais. Só a dieta, sem qualquer medicamento. Um dos diretores da clínica, dr. Henrique dos Santos Bartholo, também médico, escreveu para a orelha do livro que publiquei a respeito, A dieta do dr Barcellos contra o câncer (e todas as alergias): "É com grande prazer que vejo o trabalho do dr. Raul Barcellos sendo exposto. Tive o privilégio de acompanhar durante alguns meses sua dedicação absoluta a pacientes oncológicos considerados fora de possibilidade terapêutica, internados no Hospital de Apoio, onde a maior luta travada é certamente contra a desesperança dos pacientes e a angústia do próprio corpo clínico. (...) Não poderia, por uma questão de coerência, deixar de registrar as melhorias objetivas e subjetivas observadas por mim nos pacientes durante a permanência do dr. Raul naquele pavilhão. (...) Mais uma vez, dr. Raul, obrigado por sua obstinação."

enquanto isso...

Longe dali, primeiro nos Estados Unidos, depois no México, uma cientista canadense chamada Hulda Clark afirmava a quem quisesse ouvir que 100% dos pacientes de câncer têm um verme no fígado, a Fasciolopsis buskii, fascíola em português, verme achatado em forma de folha, do qual existem alguns tipos, um deles específico do fígado. A princípio a F. buskii não seria um parasita humano. Os cistos dessa fascíola porventura ingeridos numa salada de agrião cru, por exemplo, contaminado por caramujinhos, têm uma carapaça que nenhuma substância normal da nossa bioquímica conseguiria dissolver. O que a dra. Clark constatou é que passamos a dissolvê-la porque o interior do corpo dispõe de solventes adquiridos com o uso cada vez maior de produtos industrializados. Um deles, álcool isopropil, parece que dá conta da carapaça num piscar de olhos. Lendo os rótulos, é impressionante a frequência com que aparece propil no meio de um nome e benz, de benzeno, no meio de outro.

As outras fascíolas, habituais em mamíferos, também não são boazinhas. Comem os dutos biliares e produzem muitos sintomas desagradáveis, quando não mortais. Sempre que ouço falar de hepatite, cirrose sem causa óbvia ou tumor no fígado fico pensando nelas. Segundo a dra. Clark, a endometriose acontece porque elas carregam pedacinhos do tecido do endométrio para fora quando atravessam as paredes do útero. Sim, os vermes se movimentam à vontade dentro de nós. Dizem os eruditos que não há parte do corpo que não seja visitada por algum parasita pelo menos uma vez na vida.

A dra. Clark descreve o tumor como um antro de parasitas de toda espécie - vermes, protozoários, fungos, bactérias, vírus, todos se reproduzindo sem parar e gerando toxinas e hormônios que alteram o ecossistema local. Frequentemente o câncer se comporta exatamente como um fungo. Alguns cientistas defendem a ideia de que o câncer é uma simbiose da célula humana com os fungos.

enquanto isso...

No hospital da Universidade de Tóquio, uma mulher estava anestesiada na mesa de cirurgia e o bisturi fez o primeiro corte sobre o que se considerava ser o tumor. Para espanto geral, pela abertura saiu uma larva viva de Spirometra europaeierinacei que qualquer um adquire em qualquer lugar do corpo e do mundo. O flagrante foi registrado pelo dr. Nobuaki Akao, diretor da faculdade de parasitologia da Universidade de Tóquio. Troquei emails com ele, pedindo autorização para publicar a foto no Almanaque de Bichos que dão em Gente, e perguntei se era um evento muito raro. A resposta: "Só aqui, neste hospital, e somente no seio, são uns 20 casos por ano. Fora os outros lugares do corpo."

voltando...

O dr. Raul Barcellos morreu há alguns anos, mas sua dieta e a noção de que todos podemos ter parasitoses envolvidas em doenças crônicas e degenerativas vêm ajudando milhares de pessoas. Os alimentos proibidos:

. leite e derivados
. carnes de porco, lagosta e camarão
. feijões de qualquer tipo, ervilha, lentilha, grão-de-bico, vagem, feijão-verde, soja e derivados, bem como seus brotos
. tubérculos: batata-inglesa, batata-doce, batata-baroa (mandioquinha), cará, aipim/mandioca e suas farinhas
. aveia, abacate, castanha portuguesa e vitamina C sintética, ou seja, em suplementos.

Essa dieta também emagrece. Quando fiz, fiquei totalmente livre das alergias e de um espessamento do endométrio que costuma anunciar mioma(s) no útero. Quinze anos depois, continuo observando as reações que tenho diante desses alimentos, às vezes sim, às vezes não. A médica dermatologista Silvia Flaksman me disse, na última pereba que tive, que eu devia erguer as mãos para o céu porque tudo me sai na pele. É melhor o que a gente vê. Porque aí também vê regredir quando toma uma providência - às vezes até bobinha, como não comer queijo.

Leite, seus derivados, carne de porco e camarão são conhecidos por provocar reações alérgicas altamente inflamatórias nas mais diversas pessoas. Gripes e resfriados, por exemplo, podem ser uma forma de descarregar as toxinas e os resíduos que eles deixam. Não são autolimpantes, como os vegetais. Antigamente eram chamados de remosos, isto é: deles fica uma reuma, um catarro, uma gosma que se incorpora à gente. Como a gosma do frango, que se esfrega com limão para tirar. Ela eventualmente produz espinhas e furúnculos que o corpo tenta eliminar através da pele, ou vaga dali praqui, cheia de nutrientes que interessam muito aos bichos, podendo formar com eles uma unidade igual à do supermercado com o ser humano. Instalam-se onde possam se alimentar, tomando cada vez mais o território para si e sua prole. Faz sentido?

quinta-feira, 24 de março de 2011

Presidente Dilma: Nem só de câncer vivem os problemas no seio (e no resto do corpo)

Estava eu pesquisando para meu querido Almanaque de Bichos que dão em Gente, em 1997, quando me deparei, num site japonês de parasitologia, com as fotos acima. Fiquei três dias arrepiada e quando os cabelinhos assentaram escrevi ao autor da foto, cujo email estava no site: Dr. Nobuaki Akao, então diretor da Faculdade de Parasitologia da Universidade de Tóquio, Japão. Pedi licença para publicar as fotos no meu livro e perguntei se aquilo era um caso raro. Ele deu permissão e respondeu que só no seio, só naquele hospital, eram uns 20 casos por ano. Façam as contas e imaginem outros lugares do corpo e outros hospitais. 

A criatura em questão é uma espargana, larva de Spirometra europaeierinacei, muito comum em cachorros, gatos e humanos no mundo inteiro. E a mulher estava sendo operada, supostamente, de um câncer no seio. Como diz o parasitologista americano Dr. Geoffrey Lapage, em seu livro Animals parasitic in man: “Não há parte do corpo humano, bem como de outro hospedeiro qualquer, que não seja visitada por algum tipo de animal parasitário em algum momento de sua história de vida.”

Entendo que a Presidente se preocupe com a saúde do povo. Que com certeza pode ter câncer, e ser ajudado, ou não, pelo que se chama de prevenção e na verdade é detecção de alguma coisa que quase sempre se supõe câncer. E pode morrer, sempre do câncer que volta depois do tratamento, ou salvar-se, como ela, e ficar grato.

Mas não posso deixar de pensar que o país ganharia muito em qualidade de vida e economia de gastos com saúde - e doença - se fosse restabelecido o padrão de eficácia dos exames de fezes, que decaiu junto com a ascensão do câncer, hoje um diagnóstico epidêmico. É como se as pessoas não tivessem mais tênias, amebas, lombrigas, estrongiloides, giardias, triquinas, esparganas, amarelão e tantos outros hóspedes cujos ovos e cistos aparecem nas fezes. Crianças são hiperativas ou têm DDA, nunca vermes. Convulsão? Leva-se ao neurologista, que pode receitar um anticonvulsivante sem pensar duas vezes. No entanto: lombrigas e outros vermes provocam convulsão, bem como falta de concentração.

Parece que a medicina perdeu o hábito de pedir os diagnósticos diferenciais adequados. No seio, então, a primeira e quase única sentença é sempre câncer. Mesmo sabendo-se claramente que vermes, protozoários e fungos geram quadros muito semelhantes na aparência, na dinâmica dentro do corpo ou na gravidade, por exemplo: amebas provocam abcessos necrosantes no fígado; fascíolas comem os dutos biliares e produzem lesões multiloculares também no fígado; fungos provocam massas tumorais; tricomonas atacam o colo do útero e a próstata; amebíase intestinal evolui quase sempre para câncer de intestino e reto; paragonimus habitam os pulmões; esparganas alojam-se nos seios, como se pode ver para crer; e por aí vai.

Enquanto as máquinas de mamografia podem ser mal calibradas, e as imagens mal interpretadas, e a radiação repetida todos os anos afetar os seios das mulheres de todas as idades, os cientistas da parasitologia não brincam em serviço. Usam exames de fezes, serológicos [de sangue] e radiológicos. As doenças infecciosas e parasitárias ainda são as que mais matam e as que mais minam a saúde do povo. Os parasitas estão no planeta há 600 milhões de anos, Presidente Dilma. Nós estamos há 2 milhõezinhos só. Eles são, digamos, mais preparados.

Ouso dizer: Não se iluda, Presidente. Está linda a sua foto com as famosas, mas não é a mamografia que vai fazer diferença na saúde do povo. O problema médico mais generalizado e nunca mencionado é de outra ordem. Olho vivo.